Surto no Hospital Santa Rita: Há riscos de novas infecções?
Especialistas afirmam que o risco de novos surtos é considerado baixo neste momento
Apesar da preocupação gerada pelo surto registrado no Hospital Santa Rita, em Vitória, especialistas afirmam que o risco de novos surtos é considerado baixo neste momento.
A coordenadora de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Rita, infectologista Carolina Salume, frisou que as notificações de novos casos – que tiveram pico registrado entre 13 e 22 de outubro – já apresentam redução significativa.
Ela reforçou que isso é resultado de um trabalho minucioso de controle ambiental feito no local, para garantir a segurança da unidade. “Essa curva de casos nos traz segurança de que nós controlamos o ambiente”.
O subsecretário de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, reforçou que até o momento também não foi identificado entre os casos transmissão de pessoa para pessoa. “Mesmo sem uma conclusão, não tivemos nada que justificasse a adoção de novas medidas sanitárias, além das já existentes”, ressaltou.
A médica infectologista e mestre em doenças infecciosas Rubia Miossi explicou que, caso se confirme a doença causada pelo fungo Histoplasma, os riscos de novos surtos são pequenos.
“A histoplasmose se dá pela inalação de conídios (esporos) de fungos. Ao entrar em contato com o pulmão, o organismo da pessoa começa a responder imunologicamente – o que leva a esses sintomas até de pneumonia”.
Segundo a infectologista, essa doença causada pelo fungo acontece – não raramente – em obras, em que se quebra uma parede ou se mexe em estruturas no solo ricos nesses fungos.
“Não necessariamente o fungo está nos animais, mas as fezes das aves e morcegos, depositadas no solo favorecem a proliferação do fungo. É comum pessoas que viajam para cavernas, que trabalham em obras ou que limpam um sótão, por exemplo, terem a histoplasmose”.
No caso específico de hospitais, segundo ela, medidas de contenção após casos assim são tomadas imediatamente.
“Pelo número de casos notificados, é possível perceber que a cadeia de transmissão foi interrompida. Essa não é uma doença que passa de pessoa para pessoa – mas é relacionada a uma exposição ambiental que pode estar até na nossa casa ou outros lugares”.
Linhas de investigação em andamento
1 Fungo
A possibilidade do surto ter sido causado pelo fungo Histoplasma sp, no momento, é a hipótese mais “forte”, segundo os especialistas.
Um dos motivos é que os sintomas e a evolução clínica dos pacientes são compatíveis com o agente.
A contaminação se dá pela inalação de esporos do fungo, presente em fezes de animais como aves e morcegos.
O fungo não é transmitido de pessoa para pessoa. É avaliado se ele entrou no hospital pelo ar-condicionado ou por fresta em janelas.
Segundo especialistas, é comum que os esporos dos fungos se dispersem no ar quando o solo ou superfícies em que estão depositados sejam mexidos, como em casos de obras.
Ao entrar pelas vias aéreas do indivíduo, o fungo provoca uma resposta inflamatória causando sintomas como febre e mal-estar, dor no corpo e dor de cabeça.
Também pode evoluir para sintomas de doença respiratória, com tosse, dor torácica, se comportando como uma pneumonia.
2 Bactéria
A bactéria Burkholderia cepacia, encontrada na água de um bebedouro do hospital, também é alvo de investigação, no entanto alguns pontos deixam a possibilidade mais remota, segundo especialistas.
Entre eles, o fato de não haver amostras positivas entre 27 hemoculturas de pacientes e nenhum outro ponto de água identificado.
Além disso, a bactéria para chegar ao pulmão, teria que passar pela corrente sanguínea, o que levaria a quadros mais graves.
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