“Dilexi te”
Papa Leão XIV defende amor e prioridade aos pobres em nova exortação
                            
    
    
        
    
    
	
A primeira “Exortação Apostólica”, intitulada “Eu te amo”, é o primeiro grande documento do pontificado de Leão XIV. Com profundidade espiritual e clareza pastoral, o texto retoma os ensinamentos do Papa Francisco e aprofunda a Doutrina Social da Igreja sobre “o amor preferencial pelos pobres”, próprio da espiritualidade latino-americana.
A Igreja é convidada a descobrir, com coragem e ternura, a presença de Cristo nos mais necessitados, a partir do testemunho de Cristo, dos Apóstolos e de seus Santos.
O Papa toma emprestadas as palavras, tiradas do Apocalipse: “Eu te amo”, para dirigir-se àqueles que não têm vez, nem voz, por um sistema econômico, que cria um povo de excluídos e oprimidos, dizendo-lhes, em alto e bom som: vocês podem contar comigo, em sua nobre luta por melhores condições de vida. A reflexão do Papa Leão une mística e ação, contemplação e compromisso, “finalizado a descobrir o rosto de Cristo – como Leão escreve – nas feições dos pobres e atribulados”.
A “Dilexi te” é como um sopro de esperança em nosso mundo confuso e dividido. No Brasil, onde a desigualdade social reina desde os seus descobrimentos, a pobreza tem um rosto, uma cor e um território, – o rosto das mulheres negras exploradas; o corpo exausto dos índios, expulsos de suas terras; o desânimo dos trabalhadores informais sem direitos e dos jovens nas favelas, emarginados e assassinados por uma violência cega e absurda –, vem confirmar a caminhada histórica da Teologia da Libertação, que levou a optar para tomar o lado dos excluídos, comungando com seus sofrimentos e angústias, suas alegrias e esperanças.
“O clamor dos pobres é tão forte – afirma o documento – que nos leva a considerar que a fé cristã não pode ser reduzida mais a simples assistencialismo, mas, ela nos interpela para trabalhar a fim de defender e promover os direitos humanos, assumindo o compromisso em transformar as estruturas iníquas, que regem a nossa sociedade, em humanas e solidárias. Deus é amor misericordioso, que se preocupa com a condição humana e, naturalmente, com as carências existenciais de seus filhos”.
Papa Leão desmascara todo discurso, que considera a existência dos pobres como uma fatalidade, manipulando as palavras de Cristo; “Os pobres estarão sempre convosco”. “Os pobres” – escreve o Papa – “não existem por acaso ou por um destino cego e desumano. Muito menos a pobreza é uma escolha deles: quem afirma isso demonstra crueldade e dureza de coração. Também, a pobreza não deve ser atribuída a ‘falhas pessoais’, ou a ‘preguiça’, mas ao ‘pecado social’, vindo de estruturas sociais opressoras”.
Papa Leão lembra Santo Agostinho – teve como mestre espiritual Santo Ambrósio –; ele insistia na exigência da partilha dos bens: “Não é de tua propriedade – afirmava o santo Doutor – o que dás aos pobres, pois é deles! Tu, com efeito, te apropriastes do que foi dado pelo bem comum”. Na mesma linha, estão todos os Santos: no dia 19 de outubro passado, Papa Leão canonizou 7 novos santos: mais uma “amostra grátis” do lugar central, que os pobres devem ocupar em nossa vida pessoal, eclesial e social.
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