Por que fica mais difícil emagrecer depois dos 50?
Especialistas explicam que nessa faixa de idade, além das mudanças corporais, os hormônios oscilam e o metabolismo desacelera
Depois dos 50, perder peso parece uma batalha mais longa e, de fato, é. Especialistas explicam que nessa faixa de idade, além das mudanças corporais, os hormônios oscilam e o metabolismo desacelera.
A nutróloga e nefrologista Adriana Borel explica que o paciente jovem normalmente responde muito mais rápido aos tratamentos da obesidade, visto que sua taxa metabólica basal tende a ser maior e como fator preponderante no emagrecimento há os níveis hormonais.
“A mulher na menopausa, por exemplo, é um universo completamente diferente da mulher jovem. Existem detalhes minuciosos que precisam ser analisados e compreendidos antes de iniciar o tratamento da obesidade”.
A nutricionista Karla Barros explica que após os 50 anos já é mais difícil perder peso devido à redução de hormônios.
Karla destaca ainda que se o corpo estiver com deficiência de vitaminas, minerais e ainda apresentar doenças metabólicas – como resistência à insulina, hipertensão, gordura abdominal e hepática entrará em inflamação crônica e estresse oxidativo, impedindo o emagrecimento e o ganho de massa muscular.
“A mulher, por exemplo, após os 50 anos, começa a ter um acúmulo de gordura muito parecido com a dos homens, na região abdominal. É um tipo de gordura mais difícil de mobilizar e queimar”.
Mas, ao contrário do que acontece com pacientes mais jovens quando buscam pelo emagrecimento, a expectativa estética tende a ser menor após os 50 anos.
“Esses pacientes não têm tanta expectativa do ponto de vista estético. Esse grupo geralmente quer preservar a qualidade de vida e controlar comorbidades e, principalmente, as doenças graves que os afetam”, afirma o presidente do capítulo estadual da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Espírito Santo (SBCBM -ES), o cirurgião do aparelho digestivo Gustavo Peixoto.
“Alguns pacientes relatam que têm como sonhos ver o neto crescer, ver o filho formar. Eles têm expectativas de aumentar a longevidade. A paciente mais idosa que já operei tinha 82 anos e estava em uma cadeira de rodas. Fizemos a cirurgia bariátrica e ela conseguiu voltar a caminhar, voltou a ter autonomia e a fazer as atividades do lar. Isso é muito bacana”.
Mais de 90 mil idosos estão com sobrepeso no Estado
Relatórios públicos do estado nutricional, fornecidos pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), apontam que apenas neste ano o Espírito Santo acompanhou 92.916 idosos com sobrepeso. Em 2021 esse número era 21.897.
Na avaliação da nutricionista e colunista de A Tribuna Gabriela Rebello, esse avanço reflete não apenas o envelhecimento populacional, mas também a persistência de padrões alimentares inadequados, o sedentarismo e, em alguns casos, efeitos metabólicos associados a medicamentos e doenças crônicas.
A nutricionista Karla Barros alerta que ao longo da vida um hábito que tem se tornado constante entre as famílias é a troca de alimentos como carnes bovinas, aves, porco, ovos, queijo e iogurte natural por biscoitos, torradas, pães e bolos, sem nenhum valor agregado de proteína.
“Além de muitas vezes serem preparações ultraprocessadas, ricas em gorduras, açúcar e pobres em fibras e nutrientes”, alerta a nutricionista.
Em busca de saúde
Mesmo estando acima do peso, a jornalista Joviana Venturini, 52 anos, relata que sempre teve uma autoestima elevada, até que um certo dia sentiu que deveria mudar.
“Foi um desejo interno, porque a obesidade não me impedia, por exemplo, de usar biquíni na praia. Mas quando tive essa motivação, procurei pela nutricionista Karla Barros, que me incentivou a comer melhor e a fazer atividade física”.
Já foram 20 quilos eliminados, sem uso de remédio, como Joviana gosta de destacar. “Eu optei por entrar nesse processo de emagrecimento de forma natural e sem medicação para conseguir transformar esse período em estilo de vida. Mas não julgo quem escolhe outras formas de emagrecer, porque cada um tem seu processo”, destaca.
Agora, Joviana veste, orgulhosa de seu resultado, um short que tinha o desejo de usar. “Não tenho a pretensão de ser uma musa fitness. Sou apenas uma mulher comum em busca de saúde”, afirma.
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