Novo sistema vai monitorar pó preto em tempo real na Grande Vitória
Batizado de Ecops, o equipamento será instalado em 8 pontos da Grande Vitória entre o final do ano e o 1º trimestre de 2026
O controle da poluição atmosférica na Grande Vitória vai ganhar um aliado tecnológico. O novo sistema, batizado de Ecops, vai monitorar em tempo real partículas sedimentáveis, como o pó preto.
Os equipamentos serão instalados em oito pontos, sendo quatro até o final do ano: Ilha do Boi, cuja instalação foi realizada no último dia 17; Ibes, em Vila Velha; Jardim Camburi, em Vitória; e Vila Capixaba, em Cariacica.
O restante será instalado no primeiro trimestre do ano que vem em Laranjeiras, Cidade Continental e Carapina, na Serra, além da Enseada do Suá, em Vitória, segundo Mário Louzada, diretor-presidente do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
O anúncio foi feito ontem durante evento no Palácio Anchieta. Na ocasião, o governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama) e Iema, firmaram Acordos de Cooperação Técnica com as empresas ArcelorMittal Brasil e Vale para aprimorar o monitoramento da qualidade do ar na Grande Vitória.
O engenheiro Luiz Cláudio Santolim, integrante da equipe da EcoSoft, que desenvolveu o monitor automático, explicou que o equipamento foi criado a partir da necessidade de medições mais rápidas e precisas.
“Atualmente, o pó preto é medido por meio de jarros de sedimentação, pequenos recipientes expostos durante 30 dias para coletar poeira. Após esse período, o material é levado para o laboratório, onde a quantidade de partículas é pesada”.
São 30 dias para se ter um resultado. “O nosso equipamento faz medições continuamente, registrando a deposição da poeira a cada hora, 24 horas por dia”.
Assim, segundo ele, é possível identificar variações ao longo do mês, com dias de menor deposição e outros com acúmulo mais intenso de poeira.
“A tecnologia permitirá uma reação imediata de órgãos ambientais e empresas em caso de aumento dos níveis de poluição. O órgão de controle vai receber as informações em tempo real e poderá agir rapidamente, sem precisar esperar 30 dias para saber o que aconteceu naquele mês”, completa Santolim.
Os dados serão analisados pelo Iema e também serão disponibilizados para a população no site iema.es.gov.br. A expectativa, como destacou o governador Renato Casagrande, é ampliar a medição da qualidade do ar para outras regiões do Estado nos próximos anos.
“Somos a única Região Metropolitana com esse trabalho. Estamos aprendendo cada vez mais e, quando tivermos maior maturidade nesse acompanhamento, podemos ampliar para o interior”.
Saiba mais
Acordos
O Governo do Estado firmou ontem Acordos de Cooperação Técnica com as empresas ArcelorMittal Brasil e Vale para aprimorar o monitoramento da qualidade do ar na Grande Vitória.
Metas
Os Termos de Compromisso Ambiental (TCAs), firmados em setembro de 2018 entre o Ministério Público do Estado, Ministério Público Federal, o governo do Estado e as empresas Vale e ArcelorMittal, estabeleceram um conjunto de metas e diretrizes para reduzir as taxas de emissões difusas no Complexo de Tubarão, visando a melhoria da qualidade do ar na Grande Vitória.
O acordo estabeleceu 179 metas, todas cumpridas ou em cumprimento, com base em vistorias e estudos técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Estações
Serão instaladas estações automáticas de monitoramento de poeira sedimentável, o chamado “pó preto”, em pontos estratégicos definidos pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema).
Os novos equipamentos vão complementar a rede manual já existente, permitindo a coleta contínua e automatizada de dados, prometendo maior precisão na análise.
Fiscalização
Embora os termos tenham sido formalmente encerrados, o Ministério Público seguirá acompanhando o cumprimento do que foi firmado e metas ambientais por meio de procedimento administrativo.
Essa atuação ocorrerá de forma articulada com o Iema e a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama).
Em estudo
Identificação DNA do pó preto
Está sendo feito um estudo de identificação e caracterização de fontes de material particulado da Grande Vitória. O estudo, iniciado em setembro, tem duração de 2 anos.
A Vale contratou o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com participação da Ufes e da UFMG, que farão a caracterização do material.
Identificação de Fontes de Emissões Atmosféricas
Foi iniciado o processo de contratação do novo inventário de fontes da Grande Vitória, que vai identificar e quantificar emissões atmosféricas.
A licitação está prevista para o primeiro semestre de 2026. O levantamento deve durar cerca de um ano e meio.
Fonte: Iema e Ministério Público.
Opiniões
"As empresas assumiram compromissos junto ao governo do Estado, que serão fiscalizados pelo Ministério Público. Hoje, temos uma rede estruturada de monitoramento da qualidade do ar que foi uma grande conquista”, Renato Casagrande, governador do Estado.
"Estamos concluindo, com resultados positivos, o TCA assinado em 2018. Temos controles ainda mais eficientes, e considero que toda essa evolução foi impulsionada pelo diálogo técnico e respeitoso que acompanhou o processo”, Jorge Oliveira, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO do Segmento de Aços Planos.
"Buscamos as melhores tecnologias disponíveis no mercado e, em alguns casos, desenvolvemos soluções específicas para atender às nossas necessidades”, Rodrigo Ruggiero, diretor de Pelotização e Briquetes da Vale.
"Os TCAs foram um avanço importante, mas ainda há muito a fazer. Com o novo sistema, teremos dados em tempo real e o cidadão poderá acompanhar a qualidade do ar que respira”, Fabrício Gandini, presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa
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