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Leitores do Jornal A Tribuna

Quando Shakespeare encontra o mundo dos negócios

Confiança, contratos e acordos: lições de Shakespeare para evitar tragédias no mundo empresarial

Daniel Fernandes Alves Filho | 23/09/2025, 11:41 h | Atualizado em 23/09/2025, 11:41

Imagem ilustrativa da imagem Quando Shakespeare encontra o mundo dos negócios
Daniel Fernandes Alves Filho é advogado especializado em Direito Empresarial. |  Foto: Divulgação

Se Hamlet tivesse sido sócio de uma empresa, talvez sua famosa dúvida fosse menos “ser ou não ser” e mais “confiar ou não confiar”. Afinal, no universo empresarial, a confiança é preciosa, mas, sozinha, raramente é suficiente para sustentar um empreendimento. É aí que entram o contrato social e o acordo de sócios — não como meros papéis burocráticos, mas como verdadeiros roteiros capazes de evitar que a peça se transforme em tragédia.

Shakespeare nos oferece lições atemporais. Em Rei Lear, o reino é dividido sem critérios claros, e o resultado é o caos. Quantas empresas não repetem esse enredo quando iniciam suas atividades com contratos sociais genéricos, copiados da internet, sem pensar em regras personalizadas para sucessão, entrada de novos sócios ou resolução de conflitos? É como começar uma peça sem saber o final do terceiro ato.

Já em Otelo, a ausência de clareza e o poder da intriga destroem relacionamentos. No cenário empresarial, não é muito diferente: a falta de disposições claras sobre retirada de sócios, distribuição de lucros ou tomada de decisões abre espaço para ciúmes, ressentimentos e disputas que poderiam ser evitados com cláusulas bem redigidas.

O contrato social é o alicerce da companhia — define sua forma, objetivos e funcionamento. Mas, assim como uma peça não se sustenta apenas no palco, a vida societária não se mantém apenas no contrato. O acordo de sócios funciona como os bastidores: onde se combinam as saídas de cena, os improvisos permitidos e os limites do drama. Ele regula aquilo que a lei não detalha e que a prática exige: sucessão, avaliação de quotas, políticas de dividendos, mediação de conflitos, e até mecanismos de expulsão do sócio que se torna um verdadeiro Macbeth corporativo — aquele que, tomado pela ambição desmedida, rompe pactos, trai a confiança e, ao tentar controlar tudo a qualquer custo, põe a empresa em risco, como na peça em que o personagem assassina o rei Duncan para chegar ao trono e termina destruído por sua própria obsessão pelo poder.

Empresas que não cuidam desses instrumentos vivem sob o risco da improvisação. E, como bem sabem os amantes do teatro, improvisar pode ser brilhante, mas também pode ser fatal. No palco dos negócios, a diferença entre a comédia e a tragédia está em se ter ou não um enredo claro, previsível e justo para todos os atores.

No fim, o que Shakespeare e o Direito Empresarial nos ensinam é simples: todo empreendimento é uma obra coletiva. Se a história é bem escrita desde o início, com contrato social sólido e acordo de sócios afinado, os protagonistas podem até enfrentar crises — mas não serão engolidos por elas. O palco segue iluminado, e a peça pode ter muitos atos de sucesso.

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