O bom negócio
Comentários sobre o futebol, os clubes e os craques do esporte mais popular do planeta
É curioso ouvir dirigentes, conselheiros e investidores enfatizarem que os clubes são associações sem fins lucrativos num mesmo momento em que analisam planilhas com aportes financeiros que anabolizam a economia da instituição. Mais ainda quando, para justificar o modelo capitalista, sustentam a tese dos “dividendos afetivos”, lucro auferido do negócio definido pelos mais tradicionais como a “venda de uma paixão”.
Fica aqui então o alerta para os torcedores do Fluminense, ainda inseguros quanto aos benefícios da criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), com a imediata venda de 65% das suas ações para torcedores do clube, denominados investidores ilustres - ou nem tanto: em princípio, não muda nada.
O time, talvez até mais forte, seguirá em busca dos títulos. E a ideia central segue no incremento das receitas para mais capacidade competitiva.
O erro da narrativa tricolor está em tentar valorizar o seu projeto desvalorizando os modelos de SAFs já implantadas em clubes como Vasco, Botafogo e Cruzeiro.
Primeiro, porque o que houve no Vasco foi um golpe político para a retirada de um grupo investidor mal-sucedido. E a SAF já teria sido vendida a outro não fosse o imbróglio jurídico utilizado pela atual direção administrativa do clube.
A SAF do Botafogo foi bem implantada e desde o retorno da Série B só colhe alegrias.
A SAF mineira, que já está num segundo modelo de gestão desde sua implantação em 2021, segue seu curso, criando um círculo virtuoso - único caminho para a recuperação de um clube enorme que passou três anos na Série B, esfacelado administrativamente.
E está tudo bem: é o passo a passo da história. Estejam certos de que Botafogo e Cruzeiro não estariam melhores sem a SAF. E o Vasco estaria da mesma forma se seus “amadores” não tivessem optado pela velha prática.
Independentemente do dinheiro aportado no clube, a criação da SAF do Fluminense pode ser bom negócio.
Desde que protegida por contratos claros e abrangentes. Gerida por profissionais capazes de torná-la competitiva e, como consequência, superavitária.
E desde que seja respeitada por sócios e conselheiros. Quem pode me dizer hoje que a SAF do Fortaleza foi um bom negócio? Ou que a do Bahia não deu certo?
O que determina a eficácia de um modelo de negócio no futebol é a eficiência dos gestores. O resto é balela política barata e irritante.
MATÉRIAS RELACIONADAS:



