Olhar sobre o sertão e Luiz Gonzaga nos cinemas
Filme retrata infância de Luiz Gonzaga e o sertão que inspirou sua música

Em “Légua Tirana”, nova cinebiografia de Luiz Gonzaga, praticamente não se ouvem músicas do Rei do Baião. Há duas delas: “Vira e Mexe”, o primeiro sucesso do artista, e a faixa que dá nome ao filme, já nos créditos. Em vez do ronco do fole, ouvem-se os sons que emergem da terra no sertão nordestino.
“A gente carregou esse filme de silêncio para que as pessoas pudessem escutar o silêncio do sertão - que não é silêncio, é o carro de boi que aparece de repente, um passarinho. Quando você para de ouvir o que está em primeiro plano, começa a ouvir todo o resto”, diz Diogo Fontes, codiretor da obra, ao lado de Marcos Carvalho. “A escuta do sertão está presente na obra de Gonzaga, é a matriz de sua criação.”
É justamente dessa matriz - no caso, a infância - que trata “Légua Tirana”. A maior parte do filme acompanha o jovem Luiz Gonzaga, interpretado por Kayro Oliveira, e sua interação com os pais, amigos, desafetos, desconhecidos, a geografia e até figuras míticas do sertão.
É a imaginação do ambiente que forjou o artista, nascido na cidade de Exu, no sertão de Araripe, na divisa de Pernambuco com o Ceará.
O espaço e seus habitantes foram incluídos na pesquisa para o filme, tanto quanto as fontes bibliográficas usuais de uma cinebiografia: pessoas que conviveram com Gonzaga, livros e pesquisadores. É uma visão do sertão de dentro para fora, diz Carvalho, ele próprio nascido na região.
Para os admiradores mais assíduos do cantor, há dicas e referências sutis às suas letras no roteiro e arranjos musicais vez ou outra tocados na sanfona por Kayro de Oliveira. Mas “Légua Tirana”, diz Marcos Carvalho, se passa num momento em que suas canções mais famosas sequer existiam.
O filme mira sua câmera para a relação do menino com o espaço que, nesse caso, não se trata de uma caatinga resumida à seca e ao sofrimento.
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