E as promessas que ainda não cumprimos?
Aproveite setembro para desacelerar e valorizar o ócio saudável

Setembro já bateu à nossa porta. O nono mês do ano marca o início da contagem regressiva: faltam apenas três meses para o calendário virar. E é justamente nessa época que começamos a revisitar aquela lista de promessas feitas lá em janeiro. “Vou cuidar mais da saúde.” “Vou guardar dinheiro.” “Vou mudar de emprego.” “Vou viajar.” Mas a verdade é que muitas dessas resoluções ainda estão no papel, esperando a nossa coragem, tempo ou disposição para sair do lugar.
E daí? Será que realmente precisamos viver sob a pressão de cumprir todas as metas no prazo de um ano?
Vivemos em uma sociedade que nos cobra produtividade o tempo inteiro. É o trabalho, a família, os amigos, as redes sociais, todos nos lembrando do que “já deveríamos ter feito”. Essa cobrança constante nos coloca em um ciclo de ansiedade e frustração, como se não fosse permitido simplesmente existir sem realizar. Mas a vida não é uma corrida de resultados.
Pesquisas recentes confirmam o que muitos filósofos já defendiam há séculos: o ócio é saudável. Uma publicação da revista Frontiers in Psychology mostrou que momentos de pausa, em que “não fazemos nada”, ajudam a reduzir os níveis de estresse, melhoram a criatividade e fortalecem a saúde mental. Outro estudo da Universidade de Harvard aponta que permitir-se descansar contribui para tomadas de decisão mais assertivas, além de melhorar a memória e a concentração.
Na Itália, existe até um termo bonito para isso: dolce far niente, ou “o doce fazer nada”. A ideia é justamente resgatar a leveza de momentos sem obrigações, sem metas, sem listas intermináveis. Apenas estar. E, sim, isso é terapêutico.
É claro que metas são importantes e podem nos ajudar a evoluir. Mas precisamos aprender a normalizar que nem sempre vamos dar conta de tudo, e que não há nenhum mal nisso. A vida real não cabe em um cronograma de Excel. Há dias em que vamos conseguir correr uma maratona e outros em que mal teremos forças para levantar da cama. Faz parte.
O que precisamos é de equilíbrio. Reconhecer o valor do descanso, do “não fazer nada”, tanto quanto valorizamos o trabalho e as conquistas. Afinal, ninguém é máquina. Não precisamos corresponder a todas as expectativas impostas. Podemos falhar, desistir de algumas promessas ou simplesmente adiar sonhos para quando for possível ou fizer sentido.
Setembro chegou. Se você olhar para trás e perceber que ainda não cumpriu muitas das promessas que fez para si mesma, respire fundo. Não se culpe. Use esses últimos meses do ano não para se pressionar, mas para se acolher. Permita-se estar no “off”, abraçar o silêncio, sentir o sabor do dolce far niente. Porque, no fim das contas, é nesse espaço de pausa que a vida ganha mais sentido.
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