O que se sabe sobre a operação contra rifas ilegais realizada no ES
Carros, motos e jet ski eram dados como prêmios em sorteios cujos vencedores já eram pré-definidos. Um dos investigados seria assessor de vereador
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Uma operação realizada pela Polícia Civil, no Sul do Estado, apreendeu carros, motos, jet ski, quadriciclo, entre outros itens, em um inquérito que investiga um suposto esquema de lavagem de dinheiro e realização de rifas ilegais.
A investigação teve início após uma denúncia anônima, que relatava a possível manipulação dos resultados dos sorteios, nos quais os ganhadores já estariam previamente definidos.
De acordo com o delegado adjunto da Delegacia de Itapemirim, Daniel de Araújo, durante as apurações, foram identificadas irregularidades, como a ausência de autorização do Ministério da Fazenda, órgão federal responsável pela regulamentação de loterias, e a falta de recolhimento dos tributos exigidos para esse tipo de atividade.
Foi solicitada à Justiça a quebra do sigilo bancário dos investigados, o Relatório de Inteligência Financeira (RIF) ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e a busca e apreensão.
“Também foi constatado que os valores utilizados para aquisição dos bens sorteados tinham origem suspeita, com transferências realizadas por terceiros não identificados”, afirmou o delegado.
De acordo com uma fonte da investigação, em Marataízes, o alvo da busca e apreensão foi um homem que tem na Receita Federal a profissão declarada como assessor de vereador.
O delegado Daniel de Araújo disse que os três alvos das buscas não se conheciam. “Mas há suspeita de que um não atuaria na mesma cidade que o outro para não haver rivalidade. Parece que havia uma divisão da atividade”.

A investigação, agora, visa a identificar a origem do dinheiro usado para comprar os bens colocados nas rifas, bem como familiares dos investigados que teriam ganhado os prêmios.
“Há indícios de participação de uma facção criminosa paulista do tráfico de drogas, que usava empresas ligadas aos investigados, cadastradas como instituições beneficentes, mas que não conseguiram comprovar a função de assistência social”, disse o delegado.
Essas instituições estariam, em sua maioria, em São Paulo, e seriam uma forma de comprovar para onde iria o valor arrecadado. “Para tentar burlar a lei, lavar dinheiro, eles direcionariam valores para essas instituições”.
Apreensões
Veículos de luxo
- Um camaro azul, um SW4, um Corolla, uma Mercedez-Benz, avaliados, no total, em cerca de R$ 850 mil.
- Três motos zero quilômetro, jet ski, quadriciclo, de valor não informado, celulares e cédulas falsas de real.
- Uma pistola, dois carregadores e 66 munições.
Fonte: Polícia Civil.
Entenda
Denúncia anônima
Uma denúncia anônima feita para a Polícia Civil, no mês passado, deu início à investigação sobre o que seria um esquema de rifas ilegais.
A denúncia falava sobre a manipulação dos resultados das rifas.
Mandados de busca
Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão na região Sul do Estado.
Em marataízes, o alvo foi um homem que tem na Receita Federal a profissão declarada como assessor de vereador, segundo uma fonte da investigação.
Em cachoeiro, foi um homem sem profissão declarada.
Em alegre, contra um homem também sem profissão declarada.
Anúncios
Os “prêmios” eram anunciados em uma rede social com vídeos bem produzidos, mostrando também a vida luxosa de quem fazia os anúncios.
Com tráfego pago, as rifas chegavam a todo o Brasil, tendo sido compradas por moradores do Norte e Nordeste.

Funcionamento
Abaixo do anúncio havia um link, que direcionava para a criação de uma chave Pix – que sempre era em nome de terceiros.
Os valores dos bilhetes eram em centavos – R$ 0,19, R$ 0,40 – e a pessoa recebia números para cada “bilhete” comprado, com os quais concorreria aos prêmios: carro de luxo, jet ski ou motos.
A promessa é de que os vencedores poderiam escolher entre o bem e o valor do bem.
Direcionamento
Segundo o delegado Daniel de Araújo, a denúncia dizia que familiares dos investigados teriam ganhado prêmios.
Agora, a investigação vai se estender a esses familiares e no dinheiro usado para comprar os bens.
Fonte: Polícia Civil.
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