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Colunista

Leitores do Jornal A Tribuna

As potências militares e a ilusão da vitória

Guerras modernas expõem os limites do poder militar e mostram que força bruta já não garante vitórias duradouras

Marcilio R Machado | 20/06/2025, 13:53 h | Atualizado em 20/06/2025, 16:58

Imagem ilustrativa da imagem As potências militares e a ilusão da vitória
Marcilio R Machado é ex-presidente do Sindiex e diretor da Famex Importadora. |  Foto: Divulgação

Diante da prolongada guerra entre Rússia e Ucrânia — um dos conflitos mais emblemáticos da Europa no século XXI — torna-se evidente que, desde a Segunda Guerra Mundial, nenhuma grande potência militar venceu as guerras que travou. Essa observação, à primeira vista provocativa, carrega uma verdade desconcertante: o século XX e o início do XXI estão repletos de exemplos em que a força militar se mostrou insuficiente para garantir vitórias duradouras.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os conflitos passaram a assumir novas formas. A era das guerras totais entre Estados-nações deu lugar a guerras assimétricas, onde potências enfrentaram guerrilhas, insurgências locais e movimentos nacionalistas. O poderio tecnológico e o tamanho dos exércitos deixaram de ser garantia de sucesso.

Um dos primeiros e mais emblemáticos fracassos foi o da França na Indochina, onde tentou manter seu controle colonial sobre o Vietnã, Laos e Camboja. A derrota francesa na Batalha de Dien Bien Phu, em 1954, não foi só militar, mas simbólica: expôs o colapso do colonialismo europeu e a ascensão dos movimentos de libertação nacional no Terceiro Mundo.

Em seguida, os EUA assumiram o papel da França na tentativa de conter o avanço comunista, investindo recursos colossais em armamentos, tropas e tecnologia — apenas para, em 1975, serem forçados a se retirar sem alcançar seus objetivos estratégicos.

Outro exemplo notável é a União Soviética no Afeganistão. De 1979 a 1989, os soviéticos enfrentaram uma guerrilha persistente e descentralizada, fortemente apoiada por potências ocidentais, especialmente os EUA. O conflito se tornou um atoleiro que minou recursos, moral e, segundo analistas, contribuiu ao colapso da URSS.

Curiosamente, os EUA repetiriam o mesmo erro no mesmo país, duas décadas depois. A invasão do Afeganistão, em 2001, inicialmente justificada como resposta ao atentado de 11 de setembro, prolongou-se por 20 anos, custando trilhões de dólares e milhares de vidas. Em 2021, o Talibã voltou ao poder poucos dias após a retirada das tropas americanas — desfecho que lembrava tragicamente o Vietnã.

Os exemplos mostram que, nos conflitos modernos, as potências enfrentam adversários difusos, motivados por ideologias ou identidades nacionais que não se dobram à lógica convencional da guerra. As vitórias militares tornaram-se quase irrelevantes diante das derrotas políticas e morais.

A guerra deixou de ser uma simples equação de força e passou a ser um campo onde cultura, legitimidade e apoio popular são armas tão decisivas quanto mísseis e tanques. Nenhuma potência militar, por mais armada e rica que seja, consegue vencer corações e mentes com força bruta.

Em tempos de reconfiguração geopolítica, lembrar disso é essencial. As lições de Vietnã, Afeganistão e Indochina permanecem vivas — não como advertências do passado, mas do presente. A solução para os conflitos está menos em tanques, drones, e mais em diplomacia.

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