Ação de tráfico de drogas em bagagem assusta passageiros
Preocupação é que malas sejam trocadas por outras com entorpecentes, como ocorreu com brasileiras presas na Alemanha
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A prisão de duas goianas inocentes na Alemanha acusadas de tráfico de drogas assustou capixabas que usam o serviço aéreo nacional e internacional. As companheiras Kátyna Baía e Jeanne Paolini tiveram a identificação das malas trocadas no Aeroporto Internacional de Cumbica, em São Paulo, ficaram detidas por tráfico internacional por mais de um mês e foram soltas ontem.
No Estado, a empresária Marcela Calmon Rosa, de 55 anos, sempre viaja com a irmã Renata Calmon Rosa. Em entrevista, destacou que se sentia segura até saber do caso das brasileiras presas.
“Minha mala já foi extraviada diversas vezes, mas ela sempre retornava. Agora, com essa questão das brasileiras, eu me sinto mais insegura. Quando eu for despachar minha mala, vou filmar a bagagem comigo e fazer uma foto da minha mala, além de filmar o processo dela sendo despachada na esteira”, completou a empresária.
Ainda segundo Marcela Calmon, a estratégia tem o objetivo de tentar provar qual é a bagagem verdadeira dela, caso algo aconteça. “No caso das brasileiras presas, eu achei um absurdo, porque elas nem estavam de posse da mala. Eles viram a etiqueta e já saíram e prenderam as meninas. Eles não deram espaço para elas se defenderem”, completou.
Já o empresário Flávio Freitas, de 57 anos, tem uma grande preocupação com as bagagens porque já aconteceu extravio das malas dele durante uma conexão.
Na ocasião, ele chegou em São Paulo e as malas foram parar em Portugal.
“Sempre passo o cadeado nas malas. O meu medo é abrirem a mala e colocarem outra coisa dentro dela. Eu sempre carrego o lacre da bagagem comigo e tudo porque já tive algumas experiências não muito positivas em viagens”, explicou.
Ainda de acordo com o empresário, a parte administrativa do aeroporto precisa melhorar.
“Deveria ter uma fiscalização muito maior, inclusive da contratação dessas pessoas que trabalham com um processo de recrutamento que avalie se essas pessoas possuem histórico criminal ou algo do tipo”, completou o empresário.
A Delegacia de Atendimento e Proteção ao Turista da Polícia Civil foi procurada, mas por nota, a assessoria orientou que a Polícia Federal fosse acionada para falar sobre o caso. Já a Polícia Federal, a Alfândega da Receita Federal e a administradora do aeroporto Zurich Airport Brasil não deram retorno até o fechamento desta edição.
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Brasileiras deixam prisão na Alemanha
As duas goianas presas em Frankfurt depois de terem a identificação das malas trocadas no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (São Paulo), foram libertadas ontem, na Alemanha.
A personal trainer Kátyna Baía, de 44 anos, e a veterinária Jeanne Paolini, 40, foram presas no dia 5 de março, na Alemanha, acusadas de tráfico de drogas – as etiquetas com os nomes das duas foram colocadas em malas com cocaína.
Na última quinta-feira, o Ministério da Justiça do Brasil encaminhou à Justiça alemã o inquérito policial e os vídeos que, segundo a Polícia Civil de Goiás, inocentavam as duas goianas.
A Operação Iraúna da Polícia Federal que investiga o caso prendeu uma quadrilha suspeita de envolvimento na troca de etiquetas das malas das goianas.
Seis funcionários foram detidos no último dia 4 e uma mulher que presta serviço no aeroporto foi detida no último sábado.
Kátyna e Jeanne chegaram a Frankfurt no dia 5 de março para iniciar 20 dias de férias pela Alemanha, Bélgica e República Tcheca. Vídeos mostram como foi feita a troca de etiquetas das malas das duas goianas no aeroporto em Guarulhos, no dia 4 de março.
As imagens mostram Kátyna e Jeanne saindo de casa, em Goiânia, com uma mala rosa e outra preta. Vários vídeos mostram como dois funcionários do aeroporto identificam as duas malas, a rosa e preta, separam e, discretamente, retiram a etiqueta delas em uma área de segurança e de acesso restrito, que é monitorada por várias câmeras.
Em outro vídeo, duas mulheres chegam ao aeroporto com duas malas de cores diferentes, por volta das 20h30. Seriam as malas que continham os 40 quilos de cocaína, segundo a polícia.
As duas vão até um guichê da companhia aérea após um sinal da única funcionária que está no local, deixam as malas e saem em seguida do aeroporto, sem embarcar para qualquer destino. As duas malas são levadas para o mesmo veículo onde estão as bagagens de Kátyna e Jeanne.
As duas tiveram as mãos raspadas para coleta de DNA, sem que tivessem dado autorização para isso. A bagagem de mão foi retida e elas ficaram sem os medicamentos e agasalhos. As duas foram levadas para celas separadas. Nesse local, que era frio e tinha as paredes escritas com fezes, elas ficaram três dias, nos quais lhes foram oferecidos apenas pão e água.
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