Paixão faz “Seu Arizinho” criar Museu do Futebol
Ary Filho, de 85 anos, tem acervo com mais de 5 mil artigos sobre o esporte, em Vargem Alta. Ele também fundou centro de treinamento
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Ary Filho, o “Seu Arizinho”, de 85 anos, é apaixonado por futebol. Há mais de três décadas, ele fundou uma escola de treinamento e guarda tudo o que encontra sobre o esporte.
Assim, seu acervo já atinge mais de cinco mil artigos, que preenchem uma casa rústica no Centro de Vargem Alta, região serrana do Estado, e é nela que está sediado o Museu Histórico do Futebol e Cultura, inaugurado em 2019.
“A razão de eu ter juntado todo esse material é porque eu sou apaixonado por futebol. Gosto de outros esportes, mas meu amor é o futebol”, disse ele.
Na coleção, estão fotos antigas, medalhas, troféus, carteirinhas de antigos atletas, bolas e uniformes.
Nas paredes e nas prateleiras, tudo mostra a biografia de uma vida dedicada a uma das maiores paixões nacionais, e até uma camisa da Seleção Brasileira que foi usada pelo Rei Pelé.
Muitos itens, segundo Ary, foram doados por amigos. “Muita coisa eu ganhei, outras comprei. Todos os objetos têm um valor inestimável”.
Ary revelou que, em 1989, fundou a Liga de Esportes de Vargem Alta, a Leva, e que no museu ela tem um espaço reservado. “Temos neste espaço as carteirinhas de todos que passaram pela escolinha de futebol. Temos fotos dos jogos também”.
Muitos meninos que passaram pela escolinha do Ary tornaram-se jogadores profissionais, como o “Luizão” (Luiz Carlos Júnior).
Esses, inclusive, têm uma seção inteira dedicada a eles com fotos. Relembrar essas histórias o orgulha. “Posso dizer que eu ajudei na parte da disciplina deles. Meu maior orgulho não é ter formado craques de futebol, é ver que essas crianças que estiveram comigo há 20 anos hoje estão brilhando pelo Brasil afora”.
Morador de Vargem Alta e funcionário público, Julimar Paiva, 36, foi um dos vários alunos da Leva, e lembra com alegria da época em que aprendeu a jogar futebol.
“Quando fomos em Domingos Martins, eu era reserva e fui expulso. O pessoal gritava: 'Vai, Julimar, foi expulso em jogar!'”.
O Museu Histórico do Futebol e Cultura, segundo Ary, funciona de segunda a sábado, das 9 às 17 horas. A entrada custa R$ 3 para adultos e R$ 1 para crianças.
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Ex-aluno de escolinha jogou até nos Estados Unidos
O jogador Luiz Carlos Junior, conhecido como Luizão, de 36 anos, nasceu em Vargem Alta e foi um dos alunos da escolinha do seu Ary. Luizão passou por grandes equipes entre elas, Cruzeiro, Vasco da Gama, Bahia, Ceará e por diversas equipes em São Paulo.
Atuou também na Seleção Brasileira Sub-18 e em times da Suíça, do Uzbequistão, na Ásia Central, e dos Estados Unidos e hoje está no Esporte Clube Noroeste, em Bauru.
Luiz disse que iniciou sua carreira nas categorias de base do Cruzeiro, em 2005. Foi lançado na equipe profissional em 2006 e chamou a atenção pela velocidade e vigor físico, segundo o atleta.
Ele foi vendido em 2007 para o Luceme da Suíça. Mas, duas semanas depois, foi emprestado ao Vasco da Gama por seis meses. Porém, no fim daquele ano, pouco antes do fim do contrato de empréstimo, o clube anunciou a renovação, estendendo-a até o fim de 2008.
O zagueiro lembra com carinho da época em que treinou com Ary. “Foi quando aprendi a ter disciplina no campo e na vida. O museu do 'Seu Ary' é uma joia que precisa ser preservada. Vida longa a 'seu Ary'”.
Homenagem para destaques no esporte
Ary Filho e mais dois vargem-altenses, o radialista Tiago Rocha e o técnico Edgard Valle, ganharam o Prêmio Deusdedith Baptista, em 2020. Organizado pela Equipe Tradição, que comanda as transmissões esportivas da Rádio Mania FM de Cachoeiro de Itapemirim, o evento homenageia os destaques do ano no esporte da região Sul do Estado.
Arizinho disse que ficou emocionado com a homenagem e contou do trabalho árduo que tem realizado à frente da “Escolinha do Arizinho”, por todo esse tempo.
Ele agradece a Equipe Tradição, a Rádio Mania FM e ao amigo Alberto Moreira pela homenagem. Em tom descontraído, brincou: “quase que meu coração não aguentou”.
Para Tiago, que recebeu a honraria pela terceira vez, foi um prazer ter sua atuação no esporte amador lembrada e reconhecida.
“A gente faz esporte por paixão e não ganha nada com isso. Pelo contrário, tiramos do bolso, muitas vezes, sem poder”.
Já Edgard disse que formar equipe com jovens talentos foi um trabalho árduo, mas que no final foi uma grande alegria.
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