ES tem duas mortes e 18.900 casos de dengue
Os números são referentes a apenas 45 dias, de janeiro até ontem, sendo uma média de 420 casos da doença por dia
Escute essa reportagem
O ano está apenas começando, mas os casos de dengue no Estado já têm preocupado especialistas em saúde. Em apenas 45 dias, de janeiro até terça-feira (14), foram registados 18.900 casos da doença, uma média de 420 casos por dia.
A dengue também tem feito vítimas fatais: duas pessoas já morreram no Estado em decorrência da doença. Os dados foram divulgados na terça-feira pelo subsecretário de Vigilância e Saúde do Estado, Luiz Carlos Reblin, durante coletiva de imprensa realizada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Leia mais: Espírito Santo já tem 18 mil casos de dengue neste ano
Motorista do Samu morre após contrair dengue, malária e covid-19 no Acre
“Já todo o ano de 2022 foram 21 mil casos notificados. Já temos quase o mesmo número. Provavelmente ainda hoje (ontem) ultrapassaremos o número do ano passado”, destacou.
Em 2021, o Estado teve 15 mil casos notificados, apontou Reblin. “Foi identificado pelo Lacen (laboratório de referência estadual) que tem circulado o vírus tipo 1 da dengue no Estado. Ele não deveria causar, porém está causando uma gravidade um pouco maior”.
“Nossos especialistas estão analisando essa situação”, ressaltou Reblin, que ainda chamou atenção da população para o cuidados em eliminar os focos do mosquito Aedes aegypti, causador da dengue.
Reblin orientou observar objetos que acumulam água, como garrafas, calhas obstruídas e outros recipientes que podem depositar água e ser um ambiente propício para a reprodução do mosquito que causa a dengue.
O infectologista Lauro Ferreira Pinto alerta que, 2022, foi o ano que mais teve mortes por dengue no Brasil desde que as séries históricas passaram a ser acompanhadas.
“São vários os fatores envolvidos, como o excesso de chuvas e o tempo quente e úmido. Além disso, tem um certo relaxamento do controle do vetor”.
“É importante que o médico, quando vir alguém com febre, além de pensar em virose, também deve pensar em dengue. Para a doença tem protocolo do Ministério da Saúde para tratar corretamente”, salientou.
Fique por dentro
Números no Estado
- Até terça-feira (14) foram confirmados 18.900 casos de dengue no Estado este ano. Duas mortes pela doença já foram registradas. São, em média, 420 casos por dia.
- Em 2022 foram 21 mil casos. De acordo com o 52º boletim epidemiológico da dengue, divulgado no site da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), seis mortes foram confirmadas.
Principais falhas cometidas
- Segundo as prefeituras, entre as principais falhas identificadas nos imóveis visitados estão lixo exposto descartado de forma irregular, quintais sujos, pneus parados, caixa sem tampa, reservatório que fica atrás das geladeiras com água parada.
Como combater
- Limpar o quintal, tirar água dos pratos de plantas, colocar garrafas vazias de cabeça para baixo, tampar tonéis, depósitos de água, caixas d’água e qualquer tipo de recipiente que possa reservar água são maneiras de evitar os focos do mosquito.
Fonte: Sesa e prefeituras consultadas.
“Nunca tinha passado por isso”
Foram quase 10 dias de febre, ânsia de vômito, muito cansaço, tonteira e dor atrás nos olhos que obrigaram o professor de Educação Física Alan Cabral, de 32 anos, a ficar de repouso após ser diagnosticado com dengue.
Morador de Guarapari, Alan chegou a emagrecer seis quilos por não conseguir comer ou ingerir água por conta da ânsia de vômito, e precisou ficar internado para tomar soro.
“Nunca tinha passado por isso. Foram quase 10 dias baqueado. Não conseguia comer porque a ânsia de vômito era grande. Tive febre e precisei ficar o tempo todo de repouso para me recuperar e voltar a trabalhar”. Alan conta ainda que muitos de seus amigos também foram diagnosticados com a doença.
Dificuldade de acesso a imóveis
Além da limpeza e da eliminação de foco nos quintais e nas residências, moradores também podem contar com carro fumacê e agentes de combate às endemias para eliminar o mosquito.
Mas, segundo as prefeituras, ainda há resistência de moradores em receber os profissionais nas casas para controle da doença.
Em Vitória, de acordo com a Secretaria da Saúde, os agentes têm encontrado dificuldade no acesso aos imóveis, principalmente em condomínios residenciais.
Na Serra, segundo informou a prefeitura, na maioria das vezes os agentes de endemias são bem-recebidos pelos moradores.
“No entanto, há casos de recusa em residências, bem como casos de condomínios fechados, que não permitem o acesso dos agentes ao seu interior”, informou.
Já em Vila Velha, a maior dificuldade está em não achar as famílias em casa, de acordo com a prefeitura.
Para resolver o problema, foi adotada pelo município a estratégia da equipe atuar duas vezes no mês, aos sábados, com objetivo de diminuir pendências.
“Me derrubou mesmo”
O funcionário público Gedson Merízio, de 48 anos, percebeu uma febre muito alta após o filho ser diagnosticado com dengue. Enjoos, dores por trás dos olhos e a indisposição acabaram deixando Gedson de repouso também.
“Domingo foi o pior dia. Muito enjoo e febre. Me derrubou mesmo. Mas consegui beber bastante água e não cheguei a tomar soro. Estou me recuperando aos poucos”, relata o funcionário público.
Leia mais: Dez casos de dengue por hora são registrados no Espírito Santo
Comentários