Castelo em estilo medieval vira atração no Caparaó do ES
Erguida há mais de 20 anos, construção de quatro andares, 12 torres e 26 cômodos desperta curiosidade em Ibitirama
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Um “castelo” em estilo medieval com 12 torres, quatro andares e 26 cômodos tem despertado curiosidade em moradores e visitantes de Ibitirama, na região do Caparaó capixaba.
Erguido há mais de duas décadas pelo professor de História aposentado Eraldo Amorim, 68 anos, e sua esposa, a professora Maria Joana, 70, o cenário simboliza superação após a família perder a casa em uma enchente.
Após a tragédia, Maria Joana, que diz ser apaixonada pelo mundo medieval, e Eraldo, que sempre foi bom em elaborar plantas de construções, deram início a um novo sonho.
Eraldo contou que a ideia de construir o Castelinho Santa Bárbara, nome dado em homenagem à santa protetora contra raios e tempestades, que vivia em uma torre, surgiu após a tragédia enfrentada pela família e como forma de superação.
“Tínhamos um chalé que foi destruído na enchente. Imaginamos que deveríamos sonhar, acreditar na vida e recomeçar. Eu fiz a planta de como queria a construção e um pedreiro, ou melhor, um artista, fez o castelo. Usou até cipó para fazer as torres arredondadas”, disse.
O imóvel, que possui nove quartos, duas salas, sete banheiros, três cozinhas, várias varandas e torres, tem quatro pavimentos e fica às margens da ES-185.
O local conta ainda com um jardim, uma fonte e pomares. A alguns metros do castelo, e compondo a paisagem medieval, existe uma cachoeira e um rio.
O tamanho do imóvel atualmente, brinca Amorim, é desconhecido até por ele. A construção começou em 1994 e ainda não acabou, pois, segundo o aposentado, “um castelo nunca tem fim, já que sempre existem melhorias e novas estruturas sendo planejadas”.
O Castelinho Santa Bárbara é uma atração de Ibitirama, famosa pelo Pico da Bandeira. “Morar aqui é um paraíso. Acreditamos que este sonho deve continuar com nossas filhas”, disse Eraldo.
Médica e filha do casal, Andressa Amorim, de 35 anos, escolheu o local para celebração de seu casamento com Caio Rena, 37, no Sítio Castelinho, em 2020.
Fique por dentro
Estrutura
O Castelinho Santa Bárbara foi construído em Ibitirama pelo professor de História aposentando Eraldo Amorim e sua mulher, a professora Maria Joana Gonçalves Amorim.
O castelo tem 4 andares – incluindo o térreo –, além de 12 torres, sendo oito com o contorno arredondado e quatro no formato quadrado.
A estrutura é dividida em 26 cômodos, sendo oito quartos. Possui ainda nove janelas, três varandas e três sacadas.
Como em muitos castelos medievais, possui passagem secreta. É uma porta na cozinha, que quando está fechada parece uma parede.
No quintal, a família construiu uma casa na árvore. Não bastasse isso, o local possui pomares, fonte natural de água, um rio e uma cachoeira.
Decoração
Paredes e mesas são enfeitadas por peças produzidas pelas mãos da professora Maria Joana Amorim, com a ajuda do marido.
São cortinas, relógios de parede, mosaicos e enfeites.
Em um dos quartos, chama atenção a réplica de um esqueleto deitado na cama.
Fonte: Eraldo Amorim.
Um casamento de conto de fadas
Andressa Amorim, 35 anos, médica e filha de Eraldo Amorim e Maria Joana, casou com Caio Rena, 37, no Sítio Castelinho em 2020. Ela conta que sempre quis casar no local, mas achava que o sonho não seria realizado por causa da localização.
“Sempre quis casar no castelo, mas achava que seria impossível, porque eu teria dificuldade com fornecedores e hospedagem para os convidados, porque, inicialmente, o casamento seria para 200 pessoas”.
Porém, a cerimônia, que estava planejada para 2021, foi antecipada para 2020. Com a redução de convidados por conta da pandemia de covid-19, todos puderam ficar com os noivos, acomodados no castelo construído por sua família.
“No início da pandemia, quando a gente nem sabia que a situação iria se agravar no Brasil, resolvemos antecipar somente para os pais e os amigos mais próximos e, por mais que pareça contraditório, a pandemia foi boa para a gente, porque como meus pais são do grupo de risco, acima de 60 anos, eles ficaram na roça e foram cuidando dos preparativos para a cerimônia”, disse.
E o sonho foi realizado, superando as expectativas dos noivos. “O casamento foi melhor do que a gente imaginava. Foi um conto de fadas. Os fornecedores eram praticamente todos da região”, avaliou a médica, que atualmente mora em São Paulo.
Vida nova após família perder casa em enchente
Médica e filha dos proprietários do castelo, Andressa Amorim, 35 anos, casou com Caio Rena, 37, no Sítio Castelinho em 2020.
Em 1994, quando aconteceu uma enchente no local, ela tinha 6 anos, mas contou que lembra de todo o susto que viveu com seus pais e sua irmã durante as férias daquele ano.
A propriedade, que havia sido deixada de herança para a sua mãe, era ponto de encontro garantido nos fins de semana dos familiares.
“Meus pais resolveram construir um chalé no local e, em janeiro de 1994, a obra ficou pronta e nós fomos, como era costume, passar as férias lá. Foi quando ocorreu uma forte enxurrada que destruiu o chalé da família com tudo que estava dentro”, explicou.
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