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Saúde

Esperança para pacientes com mal de Parkinson

Novos estudos avaliam tratamentos que podem mudar a vida das mais de 200 mil pessoas vítimas da doença no País


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Imagem ilustrativa da imagem Esperança para pacientes com mal de Parkinson
Idoso com sintomas: cerca de 1% da população acima dos 65 anos conviverá com algum grau de efeitos ligados ao Parkinson |  Foto: Freepik

O médico inglês James Parkinson foi o pioneiro ao pesquisar a “paralisia agitante”, como era conhecida a doença de Parkinson, no século XIX. Nesta quinta-feira (11) é Dia Mundial de Conscientização da Doença, que no Brasil estima-se atingir mais de 200 mil pessoas.

Lentidão dos movimentos para falar, andar ou fazer outras atividades e tremor estão entre os sintomas da doença que não tem cura, apenas sintomas atenuados. Mas estudos recentes têm trazido esperança para pacientes, com possíveis tratamentos que, no futuro, se aprovados, podem mudar a vida de quem tem Parkinson.

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Entre as pesquisas para tratamento da doença neurodegenerativa, o neurocirurgião e diretor-tesoureiro da Cooperativa dos Neurocirurgiões do Estado do Espírito Santo (Coopneuro-ES), Paulo Mariano, destaca o uso de células-tronco no cérebro, que poderiam atuar na causa do Parkinson, que ocorre pela morte dos neurônios.

“É uma pesquisa experimental ainda. Mas, se der certo, será bem promissora. As células-tronco seriam retiradas do próprio paciente e injetadas nas regiões mais profundas do tálamo (no cérebro), onde ocorre a morte dos neurônios”.

Outro tratamento em estudo, de acordo com o neurocirurgião, é a modulação genética. “O gene do Parkinson é modulado para não se desenvolver. Substâncias são injetadas no paciente para diminuir a expressão do gene doente. Consequentemente, conseguiríamos estabilizar a doença”.

Um estudo que também tem se mostrado animador, segundo o neurologista e neurofisiologista pela USP, Diego de Castro, foi publicado recentemente e aponta que o remédio lixisenatida – usado no tratamento do diabetes e pertencente à classe do Ozempic – pode ajudar a reduzir a progressão de Parkinson.

“Ao longo de um ano, nos pacientes que usaram a medicação, ela foi capaz de proteger a progressão da doença, mostrando que ela tem um potencial efeito neuroprotetor. Isso é animador, porque seria o primeiro estudo em pessoas que mostra o efeito neuroprotetor de uma maneira pragmática, protegendo da evolução da doença. Também temos pesquisas em andamento com o uso, por exemplo, de vacinas para proteger a progressão de doença”.

Tratamento

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João foi diagnosticado com Parkinson em 2020 e faz tratamento |  Foto: Fábio Nunes / AT

Em outubro de 2020, o aposentado e professor de informática João Batista Ferreira, de 62 anos, recebeu o diagnóstico de Parkinson após sintomas como um ronco diferente, dor na coluna, rigidez do lado direito do corpo e tremor. O tratamento envolve medicação, fonoaudiologia, caminhadas, fisioterapia e pilates, supervisionado pela educadora física Suzane Sant'Ana. “Nossa esperança é que surja um tratamento que cure, pare ou retarda a doença”.

Opiniões

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|  Foto: Divulgação
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|  Foto: Divulgação

Saiba mais

Doença de Parkinson

Doença neurológica que afeta os movimentos da pessoa. Causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio, além de alterações na fala e na escrita.

Ocorre por causa da degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem a substância dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos provocando os sintomas acima descritos.

Dados

Cerca de 1% da população acima dos 65 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), conviverá com algum grau de enfermidades ligadas ao Parkinson – mas o número pode chegar a 3% até 2030, dado o aumento da expectativa de vida da população. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram com o problema.

Idade

Os casos abaixo dos 60 anos vêm aumentando. Segundo a OMS, é possível que 10% a 15% dos pacientes diagnosticados tenham menos de 50; cerca de 2%, podem estar abaixo dos 40.

Tratamento

Não existe cura para a doença, porém, ela pode e deve ser tratada. A grande barreira para a cura, segundo o Ministério da Saúde, está na própria genética humana, pois, no cérebro, ao contrário do restante do organismo, as células não se renovam.

A grande arma da medicina para combater o Parkinson são os medicamentos (capazes de reduzir em até 70% os sintomas), além de atividades física, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

Há também, para alguns casos, o tratamento cirúrgico por meio da estimulação cerebral profunda, onde um eletrodo é posto no cérebro fazendo com que os movimentos fiquem mais fluidos e o tremor reduza.

Atualmente surgiu ainda a possibilidade de realizar nesses pacientes um procedimento chamado estimulação magnética transcraniana, onde uma bobina eletromagnética é colocada na cabeça, liberando um estímulo eletromagnético que ativa essa região cerebral, melhorando a lentidão, rigidez e também sintomas associados, como depressão e ansiedade.

Novos estudos

Células-troncos: as células-tronco seriam retiradas do próprio paciente e injetada nas regiões mais profundas do tálamo (no cérebro), onde ocorre a morte dos neurônios.

Modulação genética: o gene do Parkinson é modulado, por meio de substâncias injetadas no paciente, para não se desenvolver.

Lixisenatida: a medicação usada no tratamento do diabetes e pertencente à classe do Ozempic, mostrou em estudo que, ao longo de um ano, foi capaz de proteger da progressão da doença nos pacientes.

Microbiota intestinal: a transferência de bactérias do intestino de indivíduos saudáveis para pessoas com Parkinson mostrou em estudo que pode haver redução dos sintomas da doença.

Fonte: Ministério da Saúde, Academia Brasileira de Neurologia e médicos consultados.

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