Alto teor de açúcar, gordura e sal assusta consumidores
Pesquisa revela que 24% dos consumidores deixaram de comprar produtos com selo que alerta sobre altos teores de ingredientes
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É provável que você já tenha se deparado, dentro do supermercado, com aquele biscoito que você gosta e na sua embalagem, em destaque, um rótulo preto com a seguinte frase: “Alto em teor de açúcar e gordura saturada”. Agora responda: desistiu de comprar, sim ou não?
Desde outubro do ano passado, a nova rotulagem para alimentos processados e ultraprocessados, alertando para altos teores de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio, passou a ser obrigatória em todo o País.
Os novos rótulos têm causado impacto nos consumidores: 24% já deixaram de comprar algum produto por causa da nova etiqueta.
O dado, que faz parte da pesquisa da consultoria Bain & Company, feita no fim do ano passado e divulgada no início deste ano, apontou ainda que 56% dos consumidores entrevistados perceberam a nova rotulagem.
Destes, 22% chegaram a comprar o produto, porém planejam reduzir o consumo no futuro. Outros 34% reconsideraram o consumo, mas ainda assim compraram. Já 20% dos que perceberam os selos continuam comprando e consumindo.
Para a nutricionista e colunista de A Tribuna, Gabriela Rebello, a nova rotulagem vai provocar mudanças de hábitos. “Acredito que a tendência é cada vez mais as pessoas se atentarem, principalmente porque a população está envelhecendo e adoecendo junto, fazendo com que o indivíduo tenha mais cautela nas escolhas”.
Gabriela acredita, porém, que a informação ainda precisa ser mais disseminada. “Ainda tem uma grande parcela da população que é leiga, sabe que essa substância está presente no produto e faz mal, mas não consegue dimensionar o tamanho desse malefício para o organismo”.
Para a nutricionista Karla Talhate, o maior intuito da legislação é fazer as empresas repensarem a formulação de todos os alimentos e tirarem aquilo que é nocivo para a saúde humana.
Segundo a médica nutróloga Mariana Comério, se as empresas verem realmente uma redução no consumo, elas terão de se adequar.
“Acredito que as empresas só vão mudar se isso afetá-las financeiramente. O caminho é a conscientização da população do que é saudável e dos riscos que traz para a saúde. Isso é que vai afetar na redução do consumo, levando as empresas a mudarem a composição do produto industrializado”.
Especialistas fazem alerta
Especialistas são categóricos em afirmar que os ultraprocessados não deveriam estar presentes na rotina de nenhum indivíduo. Mas será que isso é possível?
A nutricionista Gabriela Rebello afirma que, hoje, é difícil dar uma orientação pedindo ao indivíduo para excluir totalmente esse tipo de alimento.
“Sabemos que a oferta é muito grande. Por exemplo, às vezes essa pessoa vai numa festa, não tem um suco, não tem água, e tem apenas refrigerante ou bebida alcoólica. Para não ficar com sede, ela acaba cedendo”, analisa.
Para a nutróloga Mariana Comério, o caminho é a conscientização da população sobre os riscos associados à saúde que esses alimentos podem causar.
“O produto sempre vai acabar tendo, porque a indústria vai trabalhar para isso. Mas o que determina se isso vai se manter no mercado ou não é o consumo. O caminho é informação e conscientização para que esses produtos sejam menos consumidos”.
O grande problema dos ultraprocessados, que possuem alta densidade calórica, segundo a nutricionista Karla Talhate, é que eles causam sobrepeso e obesidade, além de todas as comorbidades associadas ao seu consumo, como hipertensão arterial, problemas cardiovasculares, apneia do sono e até problema de articulação.
Saiba mais
Pesquisa ouviu duas mil pessoas
- Rotulagem
As novas regras para rotulagem de alimentos entraram em vigor no dia 9 de outubro de 2022. Além de mudanças na tabela de informação e nas alegações nutricionais, foi adotado também a rotulagem nutricional frontal.
Na parte frontal alimentos processados e ultraprocessados, há alerta para altos teores de açúcar adicionado, gordura saturada e sódio.
A etiqueta padrão traz uma lupa preta, com a indicação “alto em”, na parte frontal dos produtos, que também passam a contar com uma tabela de nutrientes por 100ml ou 100g.
- Pesquisa
Elaborada pela consultoria Bain & Company, a pesquisa, feita no fim do ano passado e divulgada no início deste ano, aponta que 56% dos consumidores entrevistados (de um total de 2 mil) perceberam a nova rotulagem. Destes, 24% desistiram de comprar um produto pela nova rotulagem.
Outros 22% chegaram a comprar o produto, porém planejam reduzir o consumo no futuro. Outros 34% reconsideraram o consumo, mas ainda assim compraram. Já 20% dos que perceberam os selos, continuam comprando e consumindo.
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