Especialistas apontam: Nova geração corre risco de morrer mais cedo que os pais
Avaliação é de Karla Talhate, nutricionista e terapeuta integrativa, que alerta para os riscos da obesidade entre crianças e jovens
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Estudos apontam que o número de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade tem aumentado no País.
Levantamento feito pelo Observatório de Saúde na Infância da Fiocruz, no fim do ano passado, revela que, entre 2019 e 2021, o número de crianças com excesso de peso no País cresceu 6,08%, e entre os adolescentes subiu 17,2%.
A questão vai além da estética, segundo especialistas, já que há diversos riscos à saúde associados à obesidade. “Se não houver mudança de hábitos, a nova geração corre o risco de morrer mais cedo que os pais”, afirma a nutricionista e terapeuta integrativa Karla Talhate.
“Um estudo da Universidade de Oxford mostra que essa será a primeira geração que vai morrer antes dos pais. E quem são os grandes culpados? Os pais que compram biscoito recheado, sorvete, que deixam o filho escolher o que quer comer. Demos muitas opções de escolhas para os filhos, e eles que irão pagar o preço. Os culpados somos nós”, analisa a nutricionista.
Karla Talhate abordou o assunto durante a 1ª edição da Expolife, evento integrado de saúde e bem-estar que aconteceu na quarta-feira e ontem, no Ilha Álvares Cabral, em Vitória.
A nutricionista chamou atenção para a “volta” dos valores antigos, que envolvem desde a compra do alimento até a sua preparação.
“Isso é um grande desafio na era de hoje. Mas meu convite é que as famílias voltem a se sentar à mesa, sem telas. Estamos em uma epidemia de obesidade no mundo inteiro e o prognóstico não é bom. Temos de reverter o quanto antes”.
A má alimentação também está associada à má qualidade do sono “Quando dormimos menos, interrompemos o ciclo circadiano que é uma “orquestra”, que rege todos os hormônios do nosso corpo. Ao dormir menos, esses hormônios entram em desordem e buscamos alimentos com mais gordura e mais doces. O tripé da saúde e do emagrecimento é alimentação, atividade física e sono”, destaca Karla.
Entre as causas mais comuns de privação de sono, segundo o neurologista e médico do sono, Alexandre Marreco, está o uso em excesso de telas, assunto também abordado no evento.
“O celular tem sido um dos grandes vilões. As pessoas deixam de dormir por causa das redes sociais. Além disso, a própria exposição à luz impede a produção de melatonina e a qualidade do sono acaba prejudicada, alerta.
O que eles dizem
Tempo acelerado
“As pessoas estão mais doentes por estarem mais “dentro” da tecnologia, com o tempo acelerado. Nós, seres humanos, nos vemos obrigados a sermos rápidos como as máquinas, isso provoca estresse e aumenta o cortisol.
O cortisol em excesso pela corrente sanguínea produz uma sobrecarga no sistema endócrino, gerando um nível de inflamação muito grande, podendo provocar enxaqueca, insônia, coceira, gastrite, dores lombar e cervical. Todas essas doenças estão relacionadas ao nosso cérebro. Para somatizar menos, a primeira coisa a se fazer é atividade física, já que a endorfina combate o cortisol; a segunda, é dormir, já que a melatonina regula o sistema endócrino”.
Dayse Costa, psicanalista
Relógio biológico
“Infelizmente, o celular afeta cada vez mais o sono. Estamos mais expostos às telas e à luminosidade, principalmente no período da noite, e isso acaba atrapalhando o relógio biológico de reconhecer o que é dia e noite, prejudicando a qualidade do sono.
Entre os diversos problemas que o sono de má qualidade pode acarretar podemos citar: aumento da pressão arterial, diabetes, arritmia cardíaca, infarto, AVC, queda da imunidade, risco maior de câncer e Alzheimer.
Para termos um sono de qualidade precisamos ter horário de dormir e acordar e fazer a higiene do sono, desligando as telas pelo menos uma hora antes de dormir. Isso já ajuda muito”.
Alexandre Marreco, médico do sono
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