Câncer de pênis tem 20 mil casos e médicos fazem alerta
Entre 2013 e 2022, cerca de 19.900 homens receberam o diagnóstico e 5.600 deles precisaram ter o órgão amputado
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É raro, mas não pode ser esquecido! Um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com base em estatísticas do Ministério da Saúde, apontou o número de casos de câncer de pênis no País e o resultado serve de alerta.
Entre 2013 e 2022, cerca de 19.900 homens receberam o diagnóstico e 5.600 deles precisaram ter o órgão amputado.
Outras informações compartilhadas pela pasta são sobre as cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para a retirada de lesões. Em 2020, foram feitas 865; em 2021, 861; em 2022, 915; e no ano passado, 977.
“O câncer de pênis é raro, representando 2% dos cânceres em homens, e o número vem progressivamente aumentando. Infelizmente, em muitos casos é preciso fazer a retirada completa do órgão porque os pacientes chegam ao consultório em estágios avançados. A doença é bastante negligenciada”, explicou a oncologista Juliana Alvarenga.
Tendo em vista a raridade da enfermidade, o que poderia contribuir para seu desenvolvimento?
A oncologista Caroline Secatto Tres primeiramente destacou que o câncer peniano está relacionado a fatores ambientais e comportamentais, não sendo hereditário.
Entre as ações que contribuem para o desenvolvimento dessa neoplasia maligna, a profissional citou a má higiene íntima, o tabagismo, e disse que há estudos científicos os quais sugerem a associação entre a infecção pelo vírus HPV à doença.
“O estreitamento do prepúcio (pele que reveste a glande) é outra questão. Homens que não se submeteram à circuncisão (remoção do prepúcio) têm maior predisposição à doença”, completou.
O cuidado com a higiene e a prevenção, portanto, são fundamentais. Assim como a procura pelo médico, caso seja notado algum sintoma. A presença de uma ferida ou úlcera persistente na região do pênis são sinais para atenção, disse o urologista Felipe Magioni.
Por fim, o oncologista Fernando Zamprogno afirmou que quanto mais precoce o diagnóstico e o tratamento cirúrgico, menor o risco de ocorrer uma fatalidade.
“O que torna qualquer câncer fatal é o fato de se espalhar pelo corpo. Ele pode dar metástase para a região linfática e sanguínea, chegando ao fígado e ao pulmão. Já tive um paciente que morreu por hemorragia porque o câncer dele chegou aos vasos sanguíneos da pelve. O diagnóstico precoce é fundamental”, concluiu.
Fique por dentro
Câncer de pênis
Representa 2% dos tipos de câncer em homens no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde.
Tem maior incidência em homens que têm 50 anos ou mais, mas pode atingir os mais jovens.
Se não for tratado, assim como todo o tipo de câncer, pode ser fatal, espalhando-se para outros órgãos.
Entre 2013 e 2022, 19.900 homens tiveram o diagnóstico, e desse total, 5.600 tiveram o órgão amputado devido a complicações da enfermidade.
O número de casos tem aumentado. A quantidade de cirurgias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para retiradas de lesões aponta um crescimento. Em 2020 foram feitas 865 retiradas; em 2021, 861; em 2022, 915; e no ano passado, 977.
Sintomas
De acordo com a oncologista Caroline Secatto Tres, estão entre os sintomas:
Mudanças na pele, com área que fica mais grossa; alteração da cor; nódulo; ferida que sangra ou não cicatriza; erupção cutânea vermelha sob o prepúcio; pequenas feridas escamosas; crescimento de manchas marrom-azuladas planas; fluido malcheiroso ou sangramento sob o prepúcio.
Inchaço na cabeça do pênis também é um sinal de alerta, assim como nódulos na virilha, os quais aparecem quando o tumor alcança os gânglios linfáticos.
Causas
O câncer peniano está relacionado a fatores ambientais e comportamentais, ou seja, não é hereditário.
Há ações que contribuem com o desenvolvimento da doença. Elas são: má higiene íntima; estreitamento do prepúcio; infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano); e também o tabagismo.
Prevenção
O urologista Felipe Merlo Magioni citou as seguintes ações de prevenção: higiene correta; uso de preservativos para evitar contato com infecções sexualmente transmissíveis, principalmente o HPV; e cirurgia de fimose, por facilitar a higienização do pênis.
Diagnóstico
Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico é feito por meio da biópsia incisional (retirada de um fragmento do tecido) de qualquer lesão peniana suspeita para se diferenciar as lesões malignas, assim como seus subtipos, das lesões pré-cancerosas e das benignas. A biópsia é realizada após avaliação clínica do médico.
Tratamento
Felipe Magioni diz que o tratamento curativo é por meio de cirurgia. Se a doença for detectada precocemente, é possível preservar o pênis.
O diagnóstico precoce, portanto, é muito importante. Afinal, a amputação total do órgão traz consequências psicológicas, físicas e sexuais ao homem.
Fonte: Médicos consultados na reportagem.
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