Palestra de José Antônio Martinuzzo aborda como lidar com a realidade digital
O pós-doutor em Psicanálise acredita que as redes sociais potencializam nossas fragilidades
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Junto com a facilidade de comunicação e possibilidade de falar com pessoas de todo o mundo, assistir a diversos conteúdos de assuntos variados e se informar com mais facilidade, o mundo digital também tem seu lado negativo.
José Antonio Martinuzzo, pós-doutor em Psicanálise, deu uma palestra à Expolife sobre o tema, e ressaltou que é primordial encarar os desafios dessa realidade para manter a saúde mental.
“Temos que entender que, do mesmo jeito que no mundo da presença traz desafios para a nossa saúde psíquica, no mundo digital também ocorre”, ressaltou.
Para ele, a mudança positiva chega com o entendimento do que está fazendo mal para a pessoa, em como seu cotidiano fica afetado com o uso das redes sociais.
“Está ansioso? Sentindo-se melancólico? Tem que entender como isso está te afetando. A maior parte das pessoas não entende que é viciante. Saber que sim é o primeiro passo. E a partir daí, deve vir o uso responsável”, comentou.
Há várias questões que acendem um alerta de preocupação para esse universo citadas pelo profissional. Uma delas é a da interação com os outros e a vontade de se incluir, de chamar a atenção para ser aceito.
“Nas redes sociais, as pessoas imploram para que os outros as vejam, e quando não veem, se sentem abandonadas. Se sentem deixadas de lado”, explicou.
Também há os transtornos dismórficos. “A própria imagem que tem do corpo muda. Quando você fica em uma vitrine de corpos tratados e filtrados, isso te confunde mais ainda. Pessoas podem querer virar a figura midiática que produziram e acabam buscando cirurgias plásticas”, exemplifica.
O que ele diz sobre
Digitalidade
“A digitalidade, ou seja, nossa experiência com o mundo digital, criou uma nova dimensão existencial. Isso equivale dizer que nesse 'bios midiático', exercitamos nossas emoções e afetos, criamos, reforçamos ou mesmo extinguimos laços sociais, econômicos, políticos e culturais, numa conexão cada vez mais forte com a experiência que temos presencialmente. Essa vivência digital traz imensas oportunidades, mas também apresenta inúmeros desafios ao nosso bem-estar psíquico”.
Malefícios
“As redes sociais potencializam nossas fragilidades: déficit de atenção, sensação de desamparo, incerteza do amor do outro (ciúme, atenção, confirmação de existência)”.
Memória
“Você só produz memória daquilo que presta atenção. Se não presta, não produz memória. E é o que falamos da diferença de vivência e experiência. A vivência é aquilo que passa e experiência é aquilo que sobra como memória. No mundo digital, quase nada produz uma experiência. E a temporalidade do instante de lá que governa a nossa vida aqui também na presença (mundo real, da conversa olho no olho) acaba resumindo a nossa vida a uma série muito desafiante de vivências e poucas experiências. Por isso, chega a noite e a pessoa não se lembra do que fez, porque fez multitarefas”.
Aprovação do outro
”O regime da internet é mostrar para ser visto. E a lógica da internet é comercial, de capturar sua atenção e vendê-la para os mercados de marketing. Você pode estar extremamente conectado e se sentir absolutamente abandonado. Você está ali em um regime que é só de visualidade e não de interação. E se você não é visto e não é capaz de chamar a atenção do outro, ao não se enquadrar no modelo e não ter função na vida do outro, o que vem é o sentimento de abandono, de desamparo”.
Transtornos dismórficos
“Um dos malefícios do uso em excesso das redes sociais são os transtornos dismórficos. A própria imagem que a pessoa tem do corpo muda. Quando você fica em uma vitrine de corpos tratados e filtrados, isso te confunde mais ainda. Pessoas podem querer virar a figura midiática que produziram e acabam buscando cirurgias plásticas”.
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