Coqueluche dispara e preocupa especialistas
No Brasil, segundo a Fiocruz, de 2023 para 2024 houve aumento de 1.253% no número de casos. Crescimento também no Estado
Infecção respiratória aguda causada pela bactéria Bordetella pertussis, a coqueluche teve um disparo de ocorrências nos últimos anos tanto no País quanto no Espírito Santo.
No Brasil, segundo dados da Fiocruz, de 2023 para 2024 houve um crescimento de 1.253% no número de casos.
No Estado, foram 33 casos suspeitos e cinco confirmados em 2023, contra 344 suspeitos e 48 confirmados em 2024. Este ano, o número subiu para 387 casos suspeitos e 36 confirmados, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
Segundo Danielle Grillo, referência técnica do Programa Estadual de Imunizações (PEI) da Sesa, a coqueluche é cíclica e pode ter surtos a cada 3 a 5 anos.
“No segundo semestre de 2024 tivemos um aumento de casos e também vários deles no primeiro semestre de 2025. Aconteceram muitos surtos de coqueluche e tomamos todas as medidas de controle que estão preconizadas no protocolo: fazer a quimioprofilaxia dos contatos desses casos e a vacinação seletiva”.
Ela ressaltou a importância da vacinação. “É fundamental que a gente tenha uma alta e homogênea cobertura vacinal para que não tenhamos casos graves e nem óbitos de crianças”.
Danielle destacou que, quando se trata de coqueluche, a maior preocupação é com crianças abaixo de 1 ano, particularmente menores de 6 meses, que têm risco de complicações.
Pedro Massaroni Peçanha, infectologista pediátrico, também destacou a importância da vacinação para a prevenção.
“Crianças recebem a vacina DTP (tríplice bacteriana) ou dTpa e reforços. Adolescentes, adultos e, principalmente, gestantes (a partir da 20ª semana) devem tomar a vacina dTpa para proteger a si mesmos e os bebês recém-nascidos”.
“Medidas de higiene, como lavagem das mãos, também são importantes”, completou.
Leonardo Lence, infectopediatra e professor do Unesc, afirmou que a bactéria Bordetella pertussis é transmitida por meio de gotículas respiratórias, de pessoa para pessoa. O principal sintoma é a tosse, de forte intensidade, que dura segundos ou até mais de um minuto.
“Durante crises de tosse, a criança pode ficar roxa, devido a episódios de apneia (parada respiratória). Essas crises vão ocorrendo ao longo de quatro semanas, e às vezes até mais que isso. Em média, a doença pode durar de um a três meses, só que vai melhorando ao longo das semanas”.
Fique por dentro
Coqueluche
O que é?
A coqueluche é uma infecção respiratória, transmissível e causada pela bactéria (Bordetella pertussis).
A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato com a pessoa doente, por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Em alguns casos, acontece por meio de objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes.
Casos graves
O infectologista pediátrico Pedro Peçanha disse que essa infecção respiratória pode ser fatal, especialmente em bebês menores de 6 meses.
As principais causas de morte são complicações graves como pneumonia, apneia (paradas respiratórias que levam à falta de oxigênio) e encefalopatia (dano cerebral).
Bebês são mais vulneráveis por terem o sistema imunológico imaturo e ainda não terem completado o esquema vacinal.
Sintomas
Começa como um resfriado comum, com sintomas leves como febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca.
Depois, a tosse pode se tornar muito forte e incontrolável, com crises súbitas e rápidas que podem causar vômitos.
Por fim, a tosse começa a diminuir em frequência e intensidade, mas pode persistir por duas a seis semanas ou por até três meses
Tratamento
Pedro Peçanha explicou que o tratamento principal é com antibióticos para eliminar a bactéria e reduzir a transmissão.
O tratamento também envolve medidas de suporte, como hidratação, repouso e, em casos graves (especialmente em bebês), internação para monitoramento e oxigênio.
Como evitar?
Vacinação e cuidados com a higiene, como lavar as mãos.
Casos
No Brasil
Segundo dados do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fiocruz, de 2023 para 2024, houve um crescimento de 1.253% (ou 13,5 vezes) nos casos nacionais.
No Estado
2023, até semana epidemiológica (SE) 40: 33 casos suspeitos e 5 confirmados, sem ocorrência de óbitos.
2024 (até SE 40): 344 casos suspeitos e 48 confirmados, sem ocorrência de óbitos.
2025 (até SE 40): 387 casos suspeitos e 36 casos confirmados, sem ocorrência de óbitos.
Fonte: Pesquisa A Tribuna, Pedro Peçanha e Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
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