Caneta que detecta câncer durante cirurgia chega ao País
A ferramenta, que ainda está em fase de testes, permite diagnóstico imediato de tumores durante procedimentos cirúrgicos

O Brasil se tornou o primeiro país fora dos Estados Unidos a receber os testes da MasSpec Pen System, uma caneta revolucionária que promete detectar câncer em tempo real.
O dispositivo fará parte de um estudo que está sendo conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e que vai acompanhar 60 voluntários com tumores de pulmão e tireoide ao longo de 24 meses.
O equipamento, segundo pesquisadores, atua de forma simples e rápida. “Durante procedimento cirúrgico, a caneta toca rapidamente o tecido e realiza uma 'impressão digital química' daquele ponto. Em segundos, o System indica se o tecido é tumoral ou saudável”, explicou Kenneth Gollob, doutor em imunologia e líder em pesquisa imunológica do câncer no Einstein Hospital Israelita de São Paulo.
A caneta, afirmam especialistas, trará melhorias para pacientes, reduzindo a necessidade de múltiplas operações e também os riscos de complicações cirúrgicas.

“Hoje acontece de arrancarmos um órgão inteiro, como um rim, para identificar nódulos de câncer. Mas, após a cirurgia, durante análise, identificamos que os nódulos não eram malignos. Isso não é raro de acontecer, e traz prejuízo ao paciente”, destaca Arianne Velasquez, médica oncologista da Rede Meridional.
“Nos Estados Unidos, a caneta já está sendo testada, e os resultados são bons. É mais uma inovação científica para a oncologia, o que nos deixa felizes”.
A caneta é resultado de uma pesquisa desenvolvida nos Estados Unidos pela química brasileira Livia Eberlin, fundadora da startup MS Pen Techn.
O estudo chegou ao Brasil com uma colaboração entre a empresa de Livia, o Einstein Hospital Israelita e a Thermo Fisher Scientific, empresa norte-americana.
“Se esses estudos mostrarem bons resultados, será uma revolução para a cirurgia oncológica”, pontuou Cintia Givigi, oncologista do Hospital Santa Rita.
“Os pesquisadores brasileiros sempre proporcionam melhoria nos serviços de saúde e nos resultados dos tratamentos. É uma felicidade ver o nosso País despontar em pesquisa, uma felicidade para a classe médica”, acrescentou.
“Sucesso de quase 100%”, diz cientista brasileira
Responsável pela criação de uma espécie de caneta para detectar células tumorais em poucos segundos, a cientista brasileira Livia Eberlin garante que a taxa de sucesso do dispositivo é de quase 100%.
“Na primeira fase da pesquisa analisamos mais de 200 amostras de tecido humano e verificamos uma precisão de identificação do câncer de 97%”, afirmou Livia, que é formada em Química pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e chefia um laboratório de pesquisa na Universidade do Texas, em Austin, nos EUA.
Para Fabiana Baroni Makdissi, cirurgiã oncológica e diretora do Centro de Referência da Mama do A. C. Camargo Cancer Center, a técnica seria importante porque nem todos os hospitais contam com um patologista na equipe cirúrgica para analisar o tecido removido ainda durante a operação.
Fabiana destaca ainda que a rapidez do novo método pode ter outras vantagens para o paciente. “A redução do tempo cirúrgico poderá ajudar principalmente em pacientes mais idosos, com doenças crônicas, que têm maiores riscos durante uma cirurgia”.
Fique por dentro
Novidade utiliza Inteligência Artificial

A caneta que promete detectar células tumorais em poucos segundos chama-se MasSpec Pen System. O dispositivo portátil toca, durante a cirurgia, o tecido afetado, e realiza análise por meio de técnica química denominada espectometria de massas, gerando uma impressão digital química do ponto analisado.
Em segundos, o sistema indica se o tecido apresenta tumores ou se está saudável.
A tecnologia usa Inteligência Artificial (IA) para comparar o perfil molecular do paciente analisado com um banco de dados.
A análise é feita diretamente na sala cirúrgica, sem necessidade de biópsias ou envio de amostras ao laboratório.
O dispositivo chegou ao Brasil por meio de uma colaboração entre a empresa MS Pen Techn, o Einstein Hospital Israelita e a Thermo Fisher Scientific.
Diagnóstico de câncer
Atualmente, a medicina oncológica utiliza três métodos principais para diagnóstico de câncer:
1. Análise patológica
Durante a cirurgia, parte do tecido onde há suspeita de incidência de câncer é retirado e enviado para laboratório para ser analisado em microscópio. É um método extremamente preciso, mas demora para mostrar o resultado.
2. Análise molecular
É um conjunto de técnicas utilizadas para estudar as moléculas que compõem o corpo, principalmente DNA, RNA e proteínas. É um tipo de exame cada vez mais comum na medicina, por detectar alterações genéticas com alta precisão.
3. Exames de imagem
procedimentos médicos que permitem visualizar o interior do corpo para diagnóstico, acompanhamento ou tratamento de doenças. Pode ser feito por tomografia computadorizada, ressonância magnética, radiografia (raio-x), ultrassonografia, dentre outros tipos de exames.
Formas de prevenção
Segundo médicos, outros tipos de exames também ajudam a prevenir câncer, como:
1. Colonoscopia
Previne câncer colorretal ao permitir a identificação e remoção de pólipos pré-malignos antes que se tornem tumores. É um exame fundamental para o rastreamento e prevenção desse tipo de câncer, recomendado para pessoas a partir dos 45 anos ou com histórico familiar da doença.
2. Mamografia
Aumenta a chance de cura em 95% ao identificar tumores em fase inicial, quando são pequenos demais para serem apalpados. A detecção precoce também torna o tratamento mais eficaz e menos invasivo.
3. Endoscopia
Previne câncer de estômago e trato gastrointestinal ao identificar lesões pré-cancerosas e câncer em estágios iniciais.
4. Papanicolau
Previne câncer de colo de útero ao detectar alterações celulares e lesões que podem evoluir para a doença.
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