Complicações da tuberculose levam cantora gospel à morte
Após o parto da filha, em outubro de 2023, Deborah Borges passou a ter sintomas da doença, que um mês depois foi confirmada
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Os louvores que amava cantar ainda estão na página das redes sociais de Deborah Borges, de 20 anos. Mas, no último domingo (10), a menina guerreira e cheia de brilho, como era descrita por quem conhecia, morreu após complicações causadas por uma tuberculose e problemas cardíacos.
A cantora gospel deixou uma filha de apenas cinco meses e sua morte causou grande comoção na internet e em igrejas, já que ela atuava como ministra de louvor em várias igrejas evangélicas.
O marido da jovem, Gustavo Carneiro, de 20 anos, contou que Deborah começou a ter sintomas, como tosse, após o parto da filha do casal, em outubro de 2023.
“O quadro dela foi se agravando. Ela perdeu muito peso, começou a ter falta de ar, suor noturno, e se cansava com atividades simples, como ir até a cozinha pegar um copo de água. Então, em novembro, após exames, teve a confirmação da tuberculose”.
Gustavo revelou que Deborah já estava no quarto mês de tratamento, mas não apresentava melhora. “Os últimos meses foram praticamente em consultórios médicos e hospitais. Deborah quase não conseguia segurar a Jade (filha de cinco meses) no colo, pois já não tinha força. Ela me ensinava o que tinha que fazer. Foi guerreira até o fim”.
Segundo Gustavo, no dia 29 de fevereiro, um dia depois de completar 20 anos, ela teve de ser internada em um hospital da Grande Vitória, onde foi identificado um outro problema: miocardiopatia periparto. A condição pode ocorrer durante a gravidez ou em mulheres após o parto.
“A causa da morte dela não foi só pela tuberculose. Os médicos explicaram que essa cardiopatia causou crescimento do coração, provavelmente após o parto e, por isso, ela teve insuficiência cardíaca”, disse Gustavo.
Os problemas – a tuberculose, a cardiopatia e insuficiência cardíaca – constam na certidão de óbito.
Para Gustavo, agora fica o legado de Deborah, que ele deseja passar para a filha.
“Deborah sempre será lembrada pelo brilho, pelo amor que tinha por cantar, por louvar a Deus, estar na igreja”.
Gustavo Carneiro, marido de Deborah: “Ela me ensinou a ser pai”
A Tribuna - Há quanto tempo conhecia Deborah Borges?
Gustavo Carneiro - "A gente se conheceu em 2021 em eventos da igreja, pois nós dois somos ministros de louvor. Ficamos amigos e, depois, começamos a namorar. Em outubro de 2022, nos casamos. Nossa igreja é o Ministério Fonte de Vida, em Campo Verde, Viana."
- E como era Deborah nesse tempo todo juntos?
"Uma pessoa cheia de brilho, de vida. Ela sempre foi guerreira para tudo e hoje só quero que esse legado seja deixado para a nossa filha, pois ela lutou até o fim."
- Teve problema na gravidez?
"Não. Nós curtimos muito a gravidez, mas, infelizmente, após o nascimento ela não conseguiu curtir a nossa filha. Ela logo adoeceu, tinha muita fraqueza, não conseguia pegar a filha no colo. Isso foi muito duro para ela.
Ela me ensinava trocar fralda, dar de mamar e até chamava a minha atenção quando achava que não estava certo. Ela me ensinou a ser pai, assim como me ensinou a ser marido. Tivemos ajuda dos avós nesse período, pois a gente acabava indo muito ao médico."
- Quando se agravou?
"Ela internou no dia 29 de fevereiro, mas na terça-feira passada (5 de março), ela foi para a UTI. No último sábado, foi a última vez que eu falei com ela. Ela falou “amor, ontem eu fiz uma oração e eu briguei um pouquinho com Deus, porque eu pedia a Ele para eu poder cuidar de você e da Jade, para eu poder sair”. E eu falei com ela: “Não, amor, você vai voltar pra casa”. Realmente voltou pra casa, mas não foi para a casa daqui. Foi para a casa celestial."
ES teve, em um ano, mais de 1.800 casos da doença
Conhecida pela tosse persistente, a tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis. No ano passado, foram registrados 1.860 casos, com 122 mortes, no Estado.
Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, este ano 357 pessoas foram diagnosticadas, sendo registrados 18 óbitos até ontem.
A orientação é que pessoas que sentirem tosse seca ou produtiva por mais de três semanas, febre (baixa no final do dia), suor noturno, emagrecimento, falta de apetite, cansaço e dor no peito, procurem uma unidade de saúde.
A pneumologista Monique da Silva Pessi reforçou que a doença é incidente e prevalente. “Tem tratamento, que é feito de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”. Segundo ela, a transmissão é por via respiratória. “A vacina BCG, que tomamos no início da vida, previne contra formas graves”.
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