Vacina contra dengue é segura, apesar de reações alérgicas, dizem especialistas
Nova recomendação é de que as crianças e adolescentes que são o público-alvo sejam observadas por 15 a 30 minutos após a aplicação
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A vacina contra dengue é considerada segura por especialistas, apesar dos casos de reações alérgicas registrados. O Ministério da Saúde identificou 70 casos após a aplicação de 365.610 doses.
Por causa disso, a nova recomendação da pasta é de que as crianças e adolescentes que são o público-alvo sejam observadas por 15 a 30 minutos após a aplicação do imunizante.
Aquelas que não têm histórico de alergias graves, devem esperar 15 minutos, enquanto as que têm, devem passar por observação de 30 minutos. Além disso, as unidades de vacinação devem ter disponibilidade de medicamentos para tratamento de anafilaxia (reação alérgica grave), como adrenalina, anti-histamínicos e corticorteroides.
"A vacina é segura. As reações alérgicas, especialmente as leves, são comuns e podem acontecer a qualquer fármaco. Eventos como esses são considerados extremamente raros", diz o infectologista e professor da Unesp, Alexandre Naime Barbosa.
Do total de 70 reações, apenas 16 foram consideradas graves, caracterizadas pela anafilaxia, segundo nota técnica do Ministério da Saúde. Os sintomas incluem irritação na pele, náuseas, vômitos, dificuldade respiratória e choque hemorrágico. Já os casos leves, a maioria, podem incluir a manifestação de vermelhidão e dor na região da aplicação.
De acordo com a Takeda, farmacêutica responsável pela produção da Qdenga, os estudos clínicos envolveram mais de 28 mil pessoas de 1,5 a 60 anos de idade em 13 países ao longo de 15 anos e demonstraram a eficácia da vacina em reduzir 80,2% de casos de dengue sintomática e 90,4% de hospitalizações.
"Os dados embasaram a rigorosa avaliação dos órgãos regulatórios para a aprovação da vacina no Brasil e culminaram também na recomendação da vacina pela OMS (Organização Mundial da Saúde)", diz nota.
Durante os estudos clínicos, não foram relatadas reações de hipersensibilidades graves ou casos de reações anafiláticas. Mas, segundo os especialistas, quando a vacina é introduzida em larga escala, eventos adversos ou raros podem acontecer.
"Não tenho dúvidas de que a relação de risco e benefício continua inalterada para essa vacina, e ninguém cogitou suspender a vacinação. Nós estamos com um sistema de vigilância de eventos adversos muito atento para notificar os casos, que já existe no país há muito tempo", diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri.
Uma das possibilidades levantadas para a ocorrência dessas reações é a de que pode ter havido manipulação errada da vacina, afirma Alexandre Barbosa, que também coordenador da Sociedade Brasileira de Infectologia, órgão que tem representação na Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização. A análise dos casos foi conduzida pelo Ministério da Saúde em colaboração com a Câmara e o Comitê Interinstitucional de Farmacovigilância de Vacinas e Outros Imunobiológicos na quinta-feira (7).
O imunizante precisa ficar um tempo em repouso na temperatura ambiente após retirado da refrigeração. Os especialistas estudam a chance de que, se o período determinado não for obedecido, a pessoa pode receber um conteúdo maior da vacina e ter alguma reação.
Outra possibilidade é de que as reações tenham sido desencadeadas por algum componente do imunizante. Mas, segundo Kfouri, não há uma característica específica em comum entre os indivíduos que tiveram reações.
Embora ainda não se saiba qual é a causa das reações, todas foram regredidas espontaneamente e não houve nenhum caso de hospitalização. "Vamos observar com uma casuística maior se esse efeito se reproduz em uma escala maior", diz ele.
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