Anvisa aprova novo remédio que beneficia 383 mil no ES
Indicado para o tratamento da diabetes tipo 2, a empagliflozina teve seu uso aprovado para pacientes com doença renal crônica
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Pacientes com doença renal crônica (DRC) terão mais uma opção de tratamento: a empagliflozina, remédio indicado para o tratamento da diabetes tipo 2, que teve seu uso aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para tratar a DRC.
No Estado, a estimativa da Secretaria de Saúde (Sesa) é de que 10% da população, cerca de 383 mil, tenham a doença. Esse é o número de pacientes que podem ser beneficiados com a nova indicação, ocorrida no final de abril e publicada no Diário Oficial da União.
A aprovação foi baseada no estudo EMPA-KIDNEY, com adultos, conduzido pela Universidade de Oxford, em parceria com as farmacêuticas Boehringer Ingelheim e Eli Lilly, e apontou que a molécula reduziu em 28% o risco de progressão da doença renal ou morte por problema cardiovascular em pacientes com doença renal crônica em comparação com aqueles que não receberam o medicamento.
Com preço médio em torno de R$ 200, o medicamento ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), mas já pode ser receitado por especialista, caso o paciente tenha indicação, segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia – Regional Espírito Santo, Alice Pignaton Naseri.
“Todos os medicamentos da classe das gliflozinas se mostraram benéficos em reduzir a perda de função renal nas pessoas com DRC, segundo os ensaios clínicos publicados, e temos visto isso na prática”.
Ela ressalta que a medicação prolonga o tempo de funcionamento dos rins, evitando fibrose e lesão crônica, postergando o processo de necessidade de diálise ou transplante.
Segundo a nefrologista Adriana Borel, até pouco tempo o número de medicamentos era limitado e com pouca ação na redução da progressão da doença renal crônica.
O nefrologista André Potratz alerta que a doença renal crônica é causada por um conjunto de comorbidades prevalentes no País, como diabetes e hipertensão, mas existem outras causas menos comuns como as nefrites crônicas.
“A doença renal crônica é assintomática. Na maioria das vezes, ela só terá sintomas em estágios mais avançados. É importante que a aferição da pressão arterial aconteça de forma regular e que a dosagem de creatinina seja feita como parte dos exames laboratoriais no check-up”.
Os números
- 2,4 milhões de mortes por ano são causadas pela doença renal crônica
- 1,1 milhão é o número de internações por DRC no Estado, no ano passado
Saiba mais
Não existe cura para doença renal crônica
- Medicamento
Empagliflozina é um remédio indicado para o tratamento da diabetes mellitus tipo 2. Seu uso já havia sido aprovado para o tratamento de insuficiência renal crônica e agora foi aprovado para o tratamento de doença renal crônica (DRC).
A nova indicação, feita pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (Anvisa), ocorreu no final de abril e foi publicada no Diário Oficial da União.
A aprovação foi baseada no estudo EMPA-KIDNEY, com adultos, conduzido pela Universidade de Oxford, em parceria com as farmacêuticas Boehringer Ingelheim e Eli Lilly. A pesquisa apontou que a molécula reduziu em 28% o risco de progressão da doença renal ou morte por problema cardiovascular em pacientes com doença renal crônica em comparação com aqueles que não receberam o medicamento.
- Doença renal crônica
termo geral para alterações heterogêneas que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco.
- Fatores de risco
A doença renal crônica está associada a duas doenças de alta incidência na população brasileira: hipertensão arterial e diabetes.
Como o rim é um dos responsáveis pelo controle da pressão arterial, quando ele não funciona adequadamente há alteração nos níveis de pressão. A mudança dos níveis de pressão também sobrecarrega os rins. Portanto, a hipertensão pode ser a causa ou a consequência da disfunção renal, e seu controle é fundamental para a prevenção da doença.
Já a diabetes pode danificar os vasos sanguíneos dos rins, interferindo no funcionamento destes órgãos, que não conseguem filtrar o sangue corretamente. Mais de 25% das pessoas com diabetes tipo I, e 5% a 10% dos portadores de diabetes tipo II desenvolvem insuficiência renal.
Além disso, obesidade, doenças cardiovasculares, tabagismo, nefrite (inflamação dos rins), cistos hereditários, infecções urinárias frequentes que danificam o trato urinário e doenças congênitas também estão entre os fatores de risco.
- Sintomas
Em muitos casos, os pacientes podem ser assintomáticos até o momento de perda total do seu funcionamento. Os sintomas mais comuns são náuseas, vômitos, inchaço nas pernas, falta de ar, fraqueza e redução da diurese.
- Diagnóstico
A disfunção renal pode ser identificada por meio de dois exames: um de análise da urina e outro de sangue. O primeiro identifica a presença de uma proteína (albumina) na urina, e o exame de sangue verifica a presença de outra, a creatinina.
- Tratamento
Não existe cura para a doença renal crônica, embora o tratamento possa retardar ou interromper a progressão da doença e impedir o desenvolvimento de outras condições graves.
No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia relativos a 2022, o número de pacientes com doença renal crônica avançada é crescente e, atualmente, mais de 140 mil pacientes realizam diálise no País.
Fonte: Ministério da Saúde, especialistas consultados e pesquisa AT.
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