Veja quais são as especialidades médicas com pouca participação feminina
Urologia, Ortopedia e Cirurgia Plástica são algumas das áreas com predomínio masculino, segundo dados do CRM do ES
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Pesquisas apontam que mais mulheres brasileiras estão trabalhando na área da Medicina. O estudo Demografia Médica no Brasil 2023, por exemplo, revela que o número de médicas praticamente dobrou em uma década.
Ainda de acordo com a publicação, em 2011, a categoria contava com 141 mil profissionais do sexo feminino; já em 2022, o número passou para 260 mil. No entanto, mesmo com o aumento, há especialidades que ainda têm pouca participação feminina.
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Segundo dados recentes do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES), na Urologia, dos 157 profissionais registrados, só há duas mulheres. Na cirurgia plástica, dos 178 profissionais, somente 25 são médicas; e dos 554 registros na Ortopedia e Traumatologia, o total é 24.
Haveria motivos para essa diferença entre homens e mulheres em algumas especialidades?
José Armando Faria Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional Espírito Santo (SBCP-ES), afirmou que não há nada específico no caso da cirurgia plástica.
O médico, no entanto, disse que no passado a área da cirurgia era “tradicionalmente masculina”, mais visada por homens, assim como acontece com outros campos da Medicina e profissões.
Outra questão citada é que essa é uma especialidade que demanda muito tempo de estudo. Assim, há pessoas que acabam não optando por ela. No caso das mulheres, a maternidade poderia ser um fator que influencia na decisão.
Nathália Villarins Pedrosa, de 37 anos, é um exemplo de profissional que desejou seguir um campo em que o sexo feminino é minoria. “Quando estava na época da faculdade, estar no centro cirúrgico e realizar atividades práticas era o que me deixava feliz”, contou.
“Aos poucos vamos conhecendo a especialidade e nos apaixonando pela área. Foi assim que optei pela cirurgia plástica, quando percebi que ela não era apenas uma área estética, mas também uma especialidade que poderia melhorar a vida de muitas pessoas que necessitavam de cirurgias reparadoras”, completou a cirurgiã plástica.
A profissional acredita que o número de médicas nesse campo tem crescido. “Podemos observar esse aumento nos últimos anos”.
Dados no Estado
Especialidades com baixa participação feminina, segundo o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo.
Urologia
Mulheres: 2
Homens: 155
Total: 157
Cirurgia plástica
Mulheres: 25
Homens: 153
Total: 178
Ortopedia e traumatologia
Mulheres: 24
Homens: 530
Total: 554
Dados nacionais
A Urologia é a especialidade médica com menos profissionais do gênero feminino, segundo levantamento feito pela AMB (Associação Médica Brasileira) junto ao Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Mulheres: 171
Homens: 5.649
Total: 5.820
A proporção é de 33 homens na Urologia para cada mulher.
Fonte: Pesquisa AT e especialistas consultadas na reportagem.
O que elas dizem
Inspiração
“Decidi pela Urologia ainda na faculdade, estava no quarto ano de Medicina na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Tive aula com um grande urologista aqui do Estado, doutor Márcio Lamy, que me inspirou e incentivou. Depois se tornou meu chefe na residência médica, por coincidência.
Quando fiz residência de Urologia, eu era a única mulher da equipe, mas já haviam se formado no Hucam (Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes) outras duas antes de mim. As especialidades cirúrgicas, em geral, são predominantemente masculinas. No entanto, o número de mulheres na área tem aumentado ao longo dos anos.
Hoje, eu tenho um canal de Urologia no YouTube, salvo engano foi o primeiro canal feminino de Urologia. É recente, mas a repercussão com o público foi bem surpreendente”.
- Samira Pereira das Posses, 37 anos, urologista
Motivação
“Sou incrivelmente grata por ter crescido em uma família cercada por excelentes influências, como meu pai e meu irmão. A oportunidade de testemunhar em primeira mão o impacto positivo e gratificante da Ortopedia na vida dos pacientes foi o que me motivou a seguir esse caminho.
Desde então, tenho me dedicado a fornecer cuidados ortopédicos de excelência, ajudando a levar uma melhor qualidade de vida para aqueles que confiam em minha assistência.
A presença de mulheres na profissão não apenas enriquece a diversidade de perspectivas e experiências, mas também serve como poderoso exemplo para outras mulheres. É crucial que a gente saiba que é possível seguir nossos sonhos e alcançar sucesso em qualquer campo que escolhermos”.
- Bárbara Garcia Barroso, 32 anos cirurgiã do trauma ortopédico, reconstrução e alongamento ósseo
Escolha natural
“Cirurgia plástica foi uma escolha bem natural durante a minha faculdade. Poder reparar, reconstruir e trazer mais qualidade de vida ao paciente sempre foram objetivos claros e que me despertavam interesse. Sou muito feliz com essa escolha.
Na época da residência de Cirurgia Geral, há cerca de 10 anos, eu era a única mulher de uma turma de 12 residentes. É uma área em que há mais médicos, no entanto, acredito que o número de mulheres cirurgiãs cresce a cada dia.
Em relação ao machismo, já passei por várias situações assim, e acredito que são bem comuns, principalmente no período de formação. Mas encaro de uma forma diferente, e conseguimos inverter muitas vezes essa imagem de mulher frágil com conhecimento, cuidado e competência”.
- Maria Alice Rezende, 36 anos, cirurgiã plástica
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