Tráfico de drogas se espalha para fora da Grande Vitória
Uma das grandes consequências da criminalidade nas cidades do interior do Estado é o aumento nos casos de homicídios
Escute essa reportagem
O assassinato de três adolescentes sem antecedentes criminais em Sooretama, no Norte do Estado, no mês passado, vítimas da guerra do tráfico da região, evidenciou como criminosos têm mirado o interior do Estado.
Objetivando cada vez mais a expansão de seus “territórios” e um maior faturamento com a venda de drogas, traficantes fazem até parcerias com grandes facções criminosas de outros estados, inclusive, enviando armas de munições.
Veja mais notícias sobre Polícia aqui
Em cidades como Aracruz, São Mateus e Linhares, a mudança já é percebida desde 2013, segundo o superintendente de Polícia Regional Norte (SPRN), delegado Fabrício Dutra. “Primeiro, eles (traficantes) se instalam nos grandes centros e depois migram para distritos. Vemos uma expansão mercadológica, eles querem vender seu ‘produto’ e buscam o melhor mercado”.
Dutra lembrou que as consequências trazidas pela venda de drogas vão muito além de problemas com a saúde pública e fiscal de cada cidade onde esses criminosos estão instalados. Um deles é o aumento de crimes patrimoniais.
“Um exemplo disso são os furtos e roubos, já que muitos usuários, acabam cometendo estes delitos para sustentar o seu vício. A gente vê casos em cidades que nunca tiveram registros de assaltos, tendo”, explicou o delegado.
Outra grande consequência do tráfico são os casos de homicídios. No Norte, Sul, Noroeste e Serrana do Estado, o número já chega a 307 registros. “O tráfico de drogas é o famoso lucro de sangue. As pessoas querem lucrar sem pensar no próximo, não importa o impacto que as famílias sofram. Nos confrontos de gangues, por exemplo, inocentes perdem suas vidas”, afirmou o delegado.
Para Thiago Andrade, mestre em segurança pública e Delegado de Polícia, o Estado precisa intensificar a investigação policial. “Visando às chamadas prisões qualificadas, que são as prisões de traficantes de armas e drogas e homicidas. Ainda, é preciso atingir a parte financeira, com apreensão de drogas e bens, desarticulando essas organizações criminosas”, disse.
Homicídios motivados por disputas de territórios
De janeiro a julho deste ano, pelo menos 307 pessoas foram mortas em cidades do Norte, Sul, Noroeste e Serrana do Estado. Os dados são do painel de homicídios da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
Superintendente da Polícia Regional Norte (SPRN), delegado Fabrício Dutra, explica que o número de homicídios é uma das consequências deixadas pela disputa de territórios do tráfico. Para ele, uma das soluções para amenizar o problema é o endurecimento de leis.
“Precisamos prender essas pessoas, depois ter uma legislação que não vá facilitar para que ele retorne ao convívio em sociedade. Uma outra questão é a não liberação ou a liberação das drogas. A sociedade precisa definir isso junto aos órgãos responsáveis”, afirmou.
Um outro problema enfrentado pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) é a entrada e saída de armas no Estado. Apreensões recentes da Polícia Civil provam que traficantes têm se armado, cada vez mais, com armamentos pesados.
Casos
Crianças baleadas em tiroteio no Norte
Quatro pessoas foram baleadas, dentre elas duas crianças, de 8 e 9 anos, durante um ataque no bairro Vila Tavares, em Boa Esperança, Norte do Estado. Uma das vítimas, um jovem de 19 anos, morreu no local.
Segundo a Polícia Militar, dois jovens, de 19 e 21 anos, estavam conversando na rua Horizonte, quando ocupantes de um carro passaram atirando contra eles. As crianças estavam próximo ao local e foram atingidas. Um menino de 9 anos foi atingido de raspão na cabeça e levado para o Hospital Roberto Silvares, em São Mateus.
Menino de 10 anos morto por bala perdida
Victor Hugo Moreira Moraes tinha 10 anos quando foi atingido por uma bala perdida em Marataízes, litoral Sul do Estado, durante o Réveillon na Praia Central. O alvo do atirador era um jovem de 18 anos, que também morreu.
O crime foi por volta de 1h50. Pueblo Zaniboni de Souza, 18 anos, sofreu nove perfurações. A poucos metros dele, uma das balas atingiu as costas do menino Victor Hugo, que era morador da cidade mineira de Divinolândia de Minas (MG) e estava no balneário passeando com sua família.
Cidades onde o tráfico já domina
Aracruz
Baixo Guandu
Cachoeiro de Itapemirim
Colatina
Conceição da Barra
Fundão
Ibiraçu
Jaguaré
João Neiva
Linhares
Marataízes
Pancas
Pedro Canário
Rio Bananal
São Matheus
Sooretama
Fonte: Polícia Civil
Comentários