Policiais vão usar câmeras em uniformes em 2024
Medida do governo tem como objetivo principal aprimorar a eficiência das operações e a transparência das corporações no ES
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O governo do Espírito Santo revelou um novo avanço na área de segurança pública a partir de 2024: a implementação de câmeras corporais nos uniformes da polícia capixaba. A medida tem como objetivo principal aprimorar a transparência e a eficiência das operações das corporações no Estado.
O modelo das câmeras já foi definido e difere do utilizado pela Polícia Penal. Atualmente, encontra-se em fase de aquisição por parte do governo estadual, marcando um passo significativo em direção à modernização do aparato de segurança pública.
Segundo informações do governo, a introdução dessas câmeras permitirá a aplicação de inteligência artificial para agilizar a análise do material registrado.
A implementação será gradual, com início entre os policiais que atuam nas ruas. A decisão é resultado de um processo detalhado de estudo e observação, inclusive com equipes da Polícia Militar capixaba visitando São Paulo para acompanhar o projeto já em vigor desde 2020 no estado paulista.
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou resultados promissores sobre a adoção desses dispositivos em São Paulo, revelando a prevenção de mais de 100 mortes nos primeiros 14 meses de implementação apenas na região metropolitana da capital paulista.
A expectativa do governo estadual é que a presença das câmeras corporais não apenas assegure a proteção dos agentes, mas também contribua para fortalecer a confiança da população nas instituições de segurança pública.
Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e a Secretaria de Estado de Governo do Espírito Santo confirmaram a informação.
“Demos início aos processos de aquisição das câmeras corporais. O projeto está na fase de elaboração do termo de referência para o início da licitação. A previsão é que o projeto seja iniciado no Estado em 2024”, disse um trecho da nota do governo.
Programa
A instalação de câmeras nos uniformes dos policiais militares faz parte do programa “Olho Vivo”, do estado de São Paulo.
Ele foi criado em 2020 e, até o final de 2022, cerca de 62 agrupamentos haviam adotado as chamadas câmeras operacionais portáteis (COP) durante a rotina policial.
"Prejuízo em ações estratégicas"
A notícia de que os policiais militares serão monitorados por câmeras a partir de 2024 não foi bem recebida por parte da corporação.
A equipe de reportagem de A Tribuna conversou com alguns militares com mais de 10 anos de atuação na corporação, revelando uma maioria expressiva contrária à instalação das câmeras nos uniformes, exceto em situações específicas.
Os policiais expressaram sua preocupação com a medida, ressaltando que a câmera poderia “prejudicar suas atividades cotidianas e estratégicas”.
Eles mencionaram que as câmeras poderiam impactar negativamente a atuação da polícia em diversas situações, destacando, por exemplo, abordagens em festas clandestinas, estratégicas e cumprimento de mandados de prisão.
Um soldado atuante na região de Vila Velha compartilhou uma experiência de São Paulo para ilustrar a preocupação.
“Lá em São Paulo, por exemplo, com receio de ser prejudicado, alguns policiais pararam de fazer as abordagens. Com isso, o criminoso ficou tranquilo e começou a praticar mais crimes. O latrocínio (roubo seguido de morte) subiu e o roubo a comércio também. Diminuiu a abordagem, a força policial e o controle e aumentou o crime”, enfatizou.
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