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Polícia

No ES, 60 mulheres pedem socorro à polícia todo dia

Nos cinco primeiros meses do ano, 9.009 procuraram as polícias Civil e Militar para denunciar ameaças e agressão no Estado


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Imagem ilustrativa da imagem No ES, 60 mulheres pedem socorro à polícia todo dia
Diarista foi agredida pelo ex por não querer mais manter a relação: “Ele me deu chutes e puxou o meu cabelo” |  Foto: Fábio Nunes/AT

Medo, humilhação e tristeza são palavras presentes na vida de mulheres vítimas de violência doméstica. A pessoa que mais deveria protegê-las e ser companheira de toda uma vida acaba se tornando o pior inimigo delas.

Mesmo com todos esses sentimentos, vítimas têm encarado o problema de frente e denunciado seus namorados, ex-namorados, maridos e ex-maridos às polícias. Somente nos cinco primeiros meses do ano, 9.009 mulheres procuraram as polícias civil e militar para denunciar ameaças e agressão. 

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Os dados, da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), revelam ainda que 60 mulheres são vítimas desses crimes por dia, o equivalente a três casos por hora, em todo o Espírito Santo.

A maioria das mulheres procurou as delegacias de Polícia Civil, para comunicar o crime (58%), enquanto  42% delas acionaram a Polícia Militar.

Grande parte das vítimas de violência doméstica é agredida dentro de suas próprias casas, por ciúme, ou até  mesmo pelo fato de o companheiro não aceitar o fim do relacionamento, como aconteceu com uma diarista, de 25 anos, que pediu para não ser identificada. 

Ela é moradora de Itapuã, em Vila Velha, e era casada com um ambulante, de 29 anos, com quem tem uma filha, de 1 ano. Na noite da última quarta-feira, a mulher foi agredida pelo homem simplesmente por não querer mais manter o relacionamento do casal.

“Estávamos separados há três dias, mas ele voltou ontem (quinta-feira), chegou alterado, exigindo que eu abrisse a porta de casa para ele, mas, se eu abrisse, ele ia quebrar tudo, como já fez. Eu corri para a casa da minha vizinha”, contou.

Invasão

O homem ainda invadiu a casa da vizinha, onde a vítima se escondeu, e quebrou a grade da casa dela. Ele também invadiu a casa onde morava com a ex e quebrou todos os móveis. Depois, a agrediu: “ele apertou meu pescoço e puxou meu cabelo”.

“É triste ver tudo que eu lutei sozinha para comprar destruído por ele, que nunca me ajudou em nada. Fica um sentimento de tristeza, humilhação e medo”, disse a mulher aos prantos, na manhã desta quinta-feira, em entrevista à reportagem de A Tribuna. 

O ex-marido da diarista foi preso e autuado por lesão corporal na forma da Lei Maria da Penha e dano ao patrimônio. Ele foi levado ao presídio. 

“Ele disse que ia me matar”, diz diarista

O olhar atento e preocupado de uma diarista, de 25 anos, vítima de agressão cometida pelo próprio ex, um ambulante de 29 anos, revela o medo que ela sente de o criminoso sair da cadeia.

A preocupação da mulher é de ser morta pelo homem, uma vez que ele a ameaçou na frente da polícia. 

“Nem estou conseguindo dormir direito, com medo de a polícia soltá-lo”, disse em entrevista à reportagem de  A Tribuna, na manhã desta quinta. 

A Tribuna – Como aconteceu tudo?

Diarista – Eu estava em casa com meus filhos, quando ele (ex) chegou e entrou na garagem de casa. Eu estava dentro de casa, com o portão trancado. Ele começou a me xingar de muitas coisas e chegou a me ameaçar de morte. Ele falava: “Hoje eu te mato”.

O que aconteceu depois?

Eu fui para a casa da minha amiga, porque fiquei com medo dele e ele invadiu a casa dela. Ele quebrou uma grade da casa dela, usou uma chave de fenda e exigia que eu entregasse as chaves de casa para ele, mas eu não queria entregar porque sabia que ele iria quebrar minhas coisas.

Você entregou?

Com medo, eu entreguei e ele foi lá em casa e quebrou tudo, a TV, o fogão. Depois, voltou na minha amiga e começou a gritar para eu sair. Na hora que eu saí, ele me bateu. 

Ele puxou meu cabelo e me deu chutes. Depois, ele saiu me puxando pelo pescoço. Ele pegou uma faca e ficou me ameaçando.

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Em que momento ele foi preso?

Quando eu chamei a PM. Inclusive, na hora em que a polícia chegou, ele pegou a faca e ficou me ameaçando. Ele disse que ia me matar na frente da polícia.

Alguém te ajudou na hora em que você estava apanhando no meio da rua?

Não, só minha amiga, a que eu fiquei na casa dela escondida. Na hora que ele me bateu, eu pensei que ia morrer ali mesmo. 

O que pretende fazer a partir de agora?

Mudar daqui e nunca mais saber dele. 

O que você sentiu quando viu tudo quebrado na sua casa?

Senti que ele não me deu nada e me tirou o pouco que tinha. Nem consegui dormir direito. Na verdade, não durmo à noite, com medo de ele sair da cadeia e querer me matar.

Número de casos aumenta 12%

Os casos de violência contra mulher aumentaram, segundo a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). 

De acordo com o órgão, de janeiro a maio deste ano, foram registrados 9.009 casos em todo o Espírito Santo. São 122 casos a mais do que o mesmo período do ano passado, quando  8.887 mulheres denunciaram os crimes à polícia. 

Os dados da Sesp revelaram também um aumento de 12,1% em relação ao mesmo período do ano passado, nos casos registrados na Grande Vitória. Neste ano, as cidades de Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Viana, Guarapari e Fundão registraram 3.434 casos. São 372 registros a mais do que no ano passado, quando 3.062 mulheres procuraram a polícia. 

A maioria dos crimes, segundo o painel de crimes contra à mulher, aconteceu às segundas (20,5%) e domingos (16,7%). Entre as delegacias que mais receberam denúncias estão as Deans de Vila Velha (548), Plantão Especializado da Mulher (PEM), que fica em Vitória (531), e Dean da Serra (456). 

Um outro dado importante que o painel de crimes contra a mulher revela é o local onde as violências acontecem: dentro das casas das vítimas (70,1%).


Fique por dentro

Física, psicológica, moral e sexual

Tipos de violência 

Física: É a agressão ao corpo, que pode ser feita por meio de socos, empurrões, beliscões, mordidas, chutes ou pelo uso de armas. 

Psicológica: É a agressão verbal, em forma de ameaças e também humilhação.

Moral: É a utilização de palavras que ofendem, mentem e desqualificam a vítima. 

Sexual: É a prática do sexo sem consentimento, por meio do uso da força e/ou sob ameaça, mesmo quando ocorre com o seu próprio parceiro(a).

Patrimonial: É a que provoca danos, perda ou retenção de bens. 

Violência doméstica

É qualquer ação ou omissão baseada no gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, moral, sexual e patrimonial. 

Pode ocorrer em casa, onde pessoas dividem o mesmo espaço físico ou não. 

Pode envolver, por exemplo, pais, mães, irmãos, irmãs, padrastos, madrastas, marido, mulher, companheiros e companheiras, mesmo que eles não dividam a mesma casa com a vítima.

Fonte: Polícia Civil e pesquisa AT.

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