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Polícia

Motorista deve responder por homicídio culposo, diz delegado

Se for condenada pelo acidente, condutora do veículo que provocou a morte do motociclista pode pegar de 2 a 4 anos de prisão


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"O próximo passo será intimá-la para prestar depoimento na delegacia e caminhar para o indiciamento", afirmou o delegado Maurício Gonçalves, sobre a motorista envolvida no acidente que resultou na morte cerebral de Glênio Alves |  Foto: Fábio Nunes / AT

A motorista envolvida no acidente, na Terceira Ponte, que resultou na morte cerebral do motociclista Glênio Alves, de 29 anos, poderá ser indiciada por homicídio culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. A afirmação foi feita pelo delegado Maurício Gonçalves, titular da Delegacia Especializada de Delitos de Trânsito.

A Polícia Civil aguarda apenas um laudo já solicitado junto à Secretaria de Estado da Saúde constatando a morte encefálica de Glênio.

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A dinâmica do acidente relatada à Polícia Civil indica que a motorista do carro de passeio estava seguindo em direção a Vila Velha, na pista do meio.

Para evitar uma colisão traseira com outro veículo, ela optou por desviar seu carro para a faixa lateral, destinada exclusivamente a motocicletas e outros veículos. Nesse momento, Glênio foi atingido e arremessado sobre a ciclovia, caindo na rua São Paulo, sob a ponte.

No dia do acidente, a Polícia Militar foi acionada e registrou o caso. A motorista permaneceu no local e fez o teste do bafômetro, que deu negativo. Um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) foi feito, uma vez que a vítima foi socorrida e o caso tratado como lesão corporal.

Nestes casos, a lei não obriga a condução para uma delegacia; o próprio TCO é um compromisso para que os envolvidos compareçam em juízo. Agora, com o anúncio da morte do motociclista, a PC terá autonomia para instaurar um inquérito.

Como o acidente aconteceu na última quarta-feira (12) e a morte de Glênio foi informada nesta terça (18), o caso não se enquadra mais em flagrante, logo a motorista não será mais autuada, mas poderá ser indiciada e aguardar em liberdade o julgamento. Se condenada por homicídio culposo, a pena prevista é de 2 a 4 anos, além da suspensão da habilitação.

Um inquérito poderia ter sido aberto, anteriormente, caso um familiar ou a própria vítima procurasse a polícia para fazer uma representação legal, mas segundo o delegado Maurício, isso não ocorreu.

“Estou acompanhando de perto o caso desde o início. Mesmo sem a representação legal, solicitamos imagens e analisamos a ocorrência. Na investigação preliminar, já identificamos um homicídio culposo devido à imprudência da motorista, e o próximo passo é intimá-la para prestar depoimento na delegacia”.

“Queremos justiça!”, dizem colegas durante manifestação

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Motociclistas protestaram e pediram justiça no dia em que foi confirmada a morte cerebral de Glênio Alves |  Foto: Kadidja Fernandes / AT

“Queremos justiça e paz no trânsito”, disse o motociclista Carlos Eduardo, um dos organizadores da manifestação que reuniu, nesta terça-feira (18), motociclistas em Vitória para protestar após a morte de Glênio Alves, vítima de acidente na Terceira Ponte, na última quarta-feira (12).

O movimento começou na avenida Juscelino Kubitscheck, em Vila Velha, e ganhou força à medida que motociclistas de várias cidades se uniram em solidariedade.

Ao todo, 400 participantes, segundo a Polícia Militar, bloquearam a Terceira Ponte exigindo justiça e paz no trânsito.

O mecânico Glênio Alves, que trabalhava como motociclista, tornou-se símbolo de uma luta por mudanças. Por esse motivo, segundo Carlos Eduardo, o protesto foi marcado.

“Estamos aqui não apenas por Glênio, mas por todos os motociclistas que perderam suas vidas devido à falta de empatia no trânsito. Queremos que as autoridades entendam a gravidade do problema e tomem medidas eficazes para evitar mais tragédias como essa”.

O grupo pilotou até a Enseada do Suá, em Vitória. Eles pediram por justiça e por uma resposta adequada às consequências do acidente fatal.

A mensagem era clara: “Não podemos mais tolerar mortes evitáveis no trânsito. Queremos justiça, paz e segurança para todos os motociclistas e suas famílias”.

O secretário-geral da Associação dos Motociclistas, Jairo Cézar Pinheiro de Almeida, sinalizou que esse movimento não será o único.

“Já estamos em diálogo para movimentar novas manifestações pacíficas e adiantamos que qualquer ato que saia da ordem dos movimentos dos motociclistas não é de nossa responsabilidade e nem representa nossa categoria”.

Mortes

Os dados de mortes envolvendo motociclistas em rodovias e avenidas do Estado assustam.

De janeiro até a última semana, segundo o Painel de Mortes no Trânsito da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, foram registradas 140 mortes.

A maioria dos acidentes com motos envolve homens com idades entre 12 e 25 anos.

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