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Polícia

Jovem amputada critica falta de respostas e nega acordo proposto por hospital

"Antes tivesse ido para um hospital público", disse Gleice Kelly


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Imagem ilustrativa da imagem Jovem amputada critica falta de respostas e nega acordo proposto por hospital
Gleice Kelly Gomes Silva, 24, teve uma reunião de duas horas com médicos, mediadoras e o jurídico do Hospital da Mulher NotreDame Intermédica, de Jacarepaguá, zona oeste da cidade, e ficou desapontada |  Foto: Danielle Dutra/UOL/Reprodução

Há mais de três meses, a mulher que foi internada para dar à luz em um hospital particular no Rio e acabou com mão e punho amputados após o nascimento do filho, precisou reaprender atividades que antes eram simples. Enquanto aguarda por respostas, ela luta para vencer as limitações diárias na maternidade, aguarda pelo início da reabilitação, a chegada de uma prótese e a descoberta de uma nova função em seu trabalho.

Gleice Kelly Gomes Silva, 24, teve uma reunião de duas horas com médicos, mediadoras e o jurídico do Hospital da Mulher NotreDame Intermédica, de Jacarepaguá, zona oeste da cidade, e ficou desapontada.

Eu esperava mais dessa reunião, sinceramente. Me ofereceram um acordo, mas não aceitei. Disseram que vão me dar a prótese e a reabilitação, mas isso é o mínimo depois de tudo, né? Eles disseram que eu precisava de uma ambulância equipada para ser transferida, mas não tinha nada lá. Falaram que priorizaram a minha vida, invés da minha mão. Mas quem me garante que foi isso mesmo?"

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Agora, ela aguarda o resultado da perícia, feita pelo IML (Instituto Médico Legal) e pelas investigações conduzidas pelo Conselho Regional de Medicina e Ministério Público do Rio de Janeiro para ter resposta. O hospital diz que não houve erro médico e que a perda do braço não foi motivada pelo acesso venoso, colocado para passar medicamentos.

"Tenho pesquisado vários conteúdos no YouTube e no TikTok de pessoas comentando o meu caso. Esses profissionais da saúde explicam e dão várias hipóteses sobre o que levou a amputação, de forma muito mais clara que o hospital, inclusive".

Desafios na maternidade

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Gleice Kelly Gomes, de 24 anos, se internou em um hospital particular no Rio de Janeiro para dar à luz, mas teve o braço esquerdo amputado |  Foto: Acervo Pessoal

Mãe de três filhos, Gleice está precisando reaprender funções que antes ela tirava de letra, como dar banho, dar mamadeira e trocar uma fralda.

Tentei dar banho no meu filho, mas não consegui. Preciso de um suporte que é tipo uma boia que segura o bebê, isso vai me facilitar muito. Fiz amizade com uma moça na internet que é mãe e também não tem braço. Ela me manda vídeos de como trocar fralda, dar banho, como prender meu cabelo. Tem me ajudado bastante".

A rede de apoio de Gleice tem sido fundamental para não passar por isso sozinha. Além do marido, ela conta com a ajuda da mãe, da tia, da irmã e da sogra, que diariamente, dão suporte para as atividades do dia a dia.

"Assim que eu amputei meu braço, minha mãe e meu marido foram para a internet pesquisar vídeos e formas de como me ajudar a passar por isso. A ajuda deles tem sido muito importante para mim".

Gleice ainda não fez as adaptações em sua casa para a nova rotina, mas conta que tem se empenhado para tocar a vida da forma mais normal possível.

"Eu quero muito a prótese, mas fico com medo do corpo rejeitar, aí vai ser mais uma frustração. Meu foco mesmo é me adaptar da forma que eu estou, porque se der certo, ótimo, se não, eu já vou saber me virar bem".

Desde quando ficou internada, seu leite secou e, por isso, não consegue amamentar o bebê. Levi se alimenta pela mamadeira. Assim que teve alta, recebeu várias fraldas e latas dos amigos e colegas de trabalho que foram visitá-la, mas o estoque de leite já está acabando.

A fiscal de caixa de supermercado ainda não sabe qual função irá exercer em maio, quando retornar ao seu ambiente de trabalho.

"Eles ainda não sabem qual cargo vou exercer e falaram que posso até voltar para a mesma função, mas confesso que não quero, porque mexo com dinheiro. Se tiver qualquer erro de contagem nas notas, a responsabilidade vai ser minha. Eles já estão conversando sobre qual função eu vou ficar, mas confesso que quero conhecer outra área. Poderia ficar no televendas, no RH ou até mesmo na mercearia. Pegar alguma coisa é mais fácil do que mexer com dinheiro".

O supermercado iniciou um processo de reabilitação para ajudar nesse retorno de Gleice, após a licença maternidade e as férias. Semanalmente, eles ligam para ela e marcam reuniões para saber como está o processo de recuperação.

"Meu trabalho tem muitas oportunidades para crescer. Pensei em fazer RH (faculdade) futuramente, mas tenho medo até de sobrecarregar, prejudicar essa outra mão, caso entre em uma faculdade. Tenho que pensar nisso tudo agora. Estou descobrindo ainda como vai ser, se terei que fazer exercícios, essas coisas".

Entre tantas mensagens de solidariedade, ela não recebeu nenhuma ajuda de médicos querendo contribuir de alguma forma. Para a reunião, ela e a advogada tentaram levar algum profissional para ajudar no esclarecimento de informações, mas sem sucesso.

"Antes tivesse ido para um hospital público. Tive meus outros filhos no SUS, sem problema algum. O que me deu alegria para passar por tudo isso foi o Levi. Só de saber que ele está bem, fico aliviada".

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