Fraude financeira: mais vítimas denunciam golpe da pirâmide
Um dia após publicação de reportagem em A Tribuna sobre falsos investimentos, mais pessoas revelam terem sido enganadas
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Um dia após a publicação de uma reportagem especial em A Tribuna sobre golpes da pirâmide e falsos investimentos no mercado financeiro, novas vítimas denunciaram prejuízos.
Apesar dos valores serem distintos, todas as vítimas têm algo em comum: acusam um empresário de 41 anos de ser o responsável pelo golpe.
Um contador, de 45 anos, por exemplo, teve um rombo no valor de R$ 100 mil. À reportagem, ele contou ontem que fez um investimento em outubro de 2021 com o empresário, que se apresentava como investidor.
À época, o contador depositou na conta do empresário R$ 50 mil e, em dezembro do mesmo ano, mais R$ 50 mil, com a promessa de que essa quantia teria rendimento mensal de 3%.
Ele afirma que até maio do ano passado recebeu 3% da metade do investimento, ou seja, R$ 1.500 por mês. Depois de junho do ano passado, ele não recebeu mais nada.
“Eu aplicava em renda variável em 2021, e encontrei com ele em uma festa de amigos. Ele morou na Serra, mesmo bairro da minha esposa quando menor. A família dele é de lá até hoje”.
Segundo ele, o empresário se aproximou dele nessa festa e os dois começaram a falar sobre investimentos. “Ele disse que estava montando uma operação com amigos, cunhados, onde ganharíamos na caída da bolsa. Aí coloquei R$ 50 mil na operação. Esse eu só teria rendimentos nesse objetivo”.
Previdência
Ele disse que, inicialmente se sentiu um “idiota” por cair no golpe, mas agora ele entende que a sua condição é de vítima.
“Esse dinheiro era a Previdência de aposentadoria futura. Agora, só me resta esperar que esse golpista seja pego e que devolva o valor roubado de cada vítima e ainda que pague a pena que for prevista em lei”, disse o contador.
Ele se junta a uma médica, de 50 anos, que perdeu R$ 423 mil e um servidor público federal de 71 anos que, com filhos, esposa e sogro, perdeu cerca de R$ 280 mil.
O golpista não fez somente vítimas no Estado. No Rio de Janeiro, o aposentado do ramo da construção civil Wagner Bellei, de 66 anos, perdeu R$ 400 mil.
Ele soube da reportagem publicada na quinta-feira (23) em A Tribuna por meio do seu advogado Nilberto Ramos, que é do Espírito Santo, e acompanha o caso, inclusive as investigações da polícia.
“Antes de investir, eu fiz um contrato em cartório, assinado por ele, e declarei tudo no imposto de renda. Fiz tudo certinho, mas ele não honrou o que prometeu”.
Outros casos sob investigação no ES
Caso da médica
Uma médica de 50 anos afirma ter perdido R$ 423 mil no golpe da pirâmide. Ela contou que conhecia o empresário que é acusado de aplicar o golpe e, acreditando nas promessas de obter rendimento de 3% ao mês, decidiu fazer o investimento em abril do ano passado.
Apesar de conhecê-lo, a médica exigiu que um contrato fosse firmado, documento que teve até reconhecimento de firma em cartório.
Inicialmente, foram nove transferências via Pix, totalizando o valor de R$ 383 mil. Além disso, ela investiu mais R$ 40 mil.
Depois de três meses, ela percebeu que tinha sido vítima de um golpe ao solicitar o dinheiro de volta, mesmo sem os rendimentos contratados.
Em setembro do ano passado, o caso foi denunciado à Polícia Civil.
Em outubro, ela prestou depoimento na Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), em Vitória.
Caso do servidor público federal
Com um prejuízo de mais de R$ 200 mil, um servidor público federal de 71 anos, junto de seus familiares, faz parte das vítimas.
Como conhecia o acusado, que era seu vizinho em um prédio na Praia do Canto, em Vitória, e chegou a frequentar seu apartamento, o servidor não desconfiou que pudesse estar em frente a um golpista.
Assim como no caso da médica, o acusado prometia 3% de rendimento ao mês nos valores investidos.
Inicialmente, há três anos, o servidor investiu R$ 20 mil. Depois, mais R$ 70 mil. Seus filhos, esposa e sogro também investiram ao longo desses anos. Ao todo, o valor que perderam é de cerca de R$ 280 mil.
Inquérito
O inquérito que tem a médica e o servidor público federal como vítimas foi relatado e enviado para a Justiça em abril deste ano.
O Ministério Público do Estado, por meio da Promotoria de Justiça Regional de Investigação, informou que os autos estão em análise.
Crime
O empresário é acusado de estelionato, cujo artigo 171, do Código Penal Brasileiro prevê pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa a quem obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.
Outras vítimas
Há outros casos sob investigação no Estado. Ainda não se sabe o valor exato do suposto golpe, mas vítimas revelaram que o empresário teria fugido para o Japão com R$ 11 milhões.
Fonte: Vítimas, Polícia Civil e Ministério Público Estadual.
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