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Polícia

Estado vai rastrear quem posta mensagens de ataques

Meta é identificar os dispositivos eletrônicos de onde partiram as ameaças para prender e responsabilizar os responsáveis


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Imagem ilustrativa da imagem Estado vai rastrear quem posta mensagens de ataques
Estudantes no campus de Goiabeiras: aluna do 7º período de Direito foi rendida em banheiro da instituição |  Foto: Fábio Nunes/AT

Por grupos de mensagens e redes sociais, imagens e até vídeos com informações de supostos ataques a escolas se espalharam rapidamente desde o último domingo, levando preocupação a pais e estudantes de escolas do Estado. 

Sem qualquer indício de que as ameaças sejam reais, as polícias agora estão fechando o cerco para rastrear os responsáveis pela veiculação de informações sobre massacres. 

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O secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, afirmou ontem que equipes de inteligência, como das polícias Civil, Militar, Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), estavam reunidas para identificar pessoas responsáveis  pela série de postagens que circulavam pelas redes sociais nos últimos dias. 

“Somos solidários com pais, alunos e professores por sua preocupação. Mas sabemos que  existem pessoas interessadas em divulgar isso para causar pânico. São essas pessoas que estão disseminando esses conteúdos que estamos atuando com investigações”.

Ramalho ressaltou que o foco é identificar o IP (número de identificação) de dispositivos eletrônicos de onde partiram mensagens com ameaças, para então prender e responsabilizar os responsáveis. 

“Não temos nenhum indício de que se tratam de ameaças de fato, pois temos as mesmas fotos circulando em vários estados do Brasil, relatadas  por outros secretários de Educação e Segurança. Temos em uma das postagens até mesmo um colégio no Estado como alvo que já foi demolido”.

O secretário frisou que pessoas que tiverem denúncias para fazer sobre ameaças, acionem o  Disque-Denúncia 181 ou, em caso de emergência, o 190.  

plano

Além das investigações sobre a origem de  supostas informações de ataques, o governador Renato Casagrande anunciou que no próximo dia 27 será apresentado o Plano de Segurança Escolar.

Sobre o plano, Alexandre Ramalho ressaltou que as propostas, com ações preventivas e  repressivas, estão sendo elaboradas em 16 grupos temáticos, dentro do Comitê Integrado de Gestão Escolar. 

Entre as medidas que devem constar no documento, está a criação de um ícone exclusivo do Disque-Denúncia, para casos de suspeita de ataques, além de câmeras com inteligência artificial que vão ajudar a polícia a identificar alertas de ataques.  

Estamos com as equipes de inteligência trabalhando e vamos identificar e prender quem divulga informações falsas Alexandre Ramalho, Secretário de Estado da Segurança Pública
  
Compreendemos a preocupação, mas disseminar informações em grupos que não sabemos ser verdade não ajuda Vitor de Angelo, Secretário de Estado da Educação
 

os números

16 grupos discutem medidas para ampliar a segurança em escolas

34 ameaças de supostos ataques foram registradas no Estado em 2022


Polícia investiga ameaça na Ufes

Além da divulgação de mensagens com supostas ameaças de ataques a escolas, a Polícia Civil também está investigando uma ocorrência de ameaça na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), na manhã de ontem.  

Uma aluna do 7º período do curso de Direito foi rendida dentro do banheiro feminino da instituição. Segundo ela, uma jovem, que vestia blusa e capuz preto e que usava máscara usou uma faca para abordá-la e trancá-la em uma cabine.

Imagem ilustrativa da imagem Estado vai rastrear quem posta mensagens de ataques
Aluna: boletim de ocorrência |  Foto: Fábio Nunes/AT

“Ela colocou a faca no meu pescoço. Ela estava muito nervosa, acho que tinha minha idade e disse assim: 'não grita, não pede socorro, porque meu namorado está chegando armado aqui e, se acontecer alguma coisa, ele vai dar um tiro na sua cabeça”, contou a estudante, de 21 anos,  que pediu para não ter a identidade revelada. 

A universitária contou ainda que, antes de ser rendida pela suspeita, que não conhecia, chegou a enviar uma mensagem para uma amiga, que estava chegando na Ufes. “Como eu enviei a mensagem, ela foi me encontrar no banheiro e bateu na porta. Foi quando eu gritei”. 

Com os gritos da vítima, a acusada acabou soltando a jovem e fugiu. Desesperada, a estudante  seguiu até a sala de aula e avisou os colegas sobre o  acontecido.

A abordagem da universitária dentro do banheiro da instituição causou pânico entre alunos do prédio de Direito que, com medo, chegaram a colocar cadeiras na porta e se deitar no chão. 

Sobre o caso, a Polícia Civil informa que a vítima esteve no 4º Distrito de Polícia de Vitória e registrou um boletim de ocorrência pelo crime de ameaça.  

A polícia frisou que, no momento, só obteve a versão da vítima, mas, como ela estava abalada emocionalmente, achou por bem ouvi-la posteriormente. “A autoridade policial solicitou as imagens da autora para tentar identificá-la e confrontar as supostas versões”.


Imagens foram encaminhadas à Polícia Civil

Sobre o fato ocorrido na manhã de ontem, no campus de Goiabeiras, em que uma estudante da Ufes foi ameaçada, a Administração Central da Ufes informou que mobilizou os seguranças que atuam na Universidade e a Polícia Militar, que imediatamente compareceram ao local.

Também formalizou denúncia à Policia Civil e está contribuindo para a elucidação do caso. Todas as imagens captadas pelo sistema de videomonitoramento foram encaminhadas à Polícia Civil, que é o órgão responsável pela investigação. 

“A Administração Central da Ufes expressa sua preocupação com o ocorrido e reforça que está atenta para manter a segurança da comunidade acadêmica por meio do monitoramento dos espaços e da integração da segurança da universidade com a PM. As atividades no campus de Goiabeiras estão mantidas”.

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Especialistas pedem mais rigor

A maior facilidade de  disseminação de conteúdos extremistas nas redes sociais é uma das preocupações de especialistas diante do aumento de ataques e ameaças a escolas no País. Eles defendem maior rigor e restrições a esse tipo de conteúdo.  

Segundo levantamento feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em oito meses foram mais de nove ataques de alunos ou ex-alunos a escolas em todo o Brasil. Só no Espírito Santo, foram dois ataques.

De acordo com a pedagoga e pesquisadora da Unicamp, Telma Vinha, é por meio das redes sociais, principalmente pelo Twitter e Discord, que radicais se articulam em comunidades chamadas de True Crime Community (TCC), ou, comunidade de crimes reais, em português.

“É preciso uma política de  responsabilização e punição dessas plataformas que abrigam  conteúdos que incitam a violência, que ensinam massacre. Hoje, a gente denuncia no Twitter, por exemplo, e o conteúdo fica na rede por semanas  e nada acontece”, destaca.

A Defensoria Pública do Espírito Santo, por meio dos Núcleos de Direitos Humanos e da Infância e Juventude, ingressou com uma Ação Civil Pública para coibir a disseminação dessas comunidades no Twitter.

“Além da identificação dos usuários, a Defensoria pede que o Twitter apresente as medidas adotadas para banir, excluir ou denunciar essas pessoas às autoridades competentes”, explica a nota. 

Para a Defensoria, a rede social precisa aperfeiçoar seu sistema de banimento de contas que empregam o discurso de ódio, desativando perfis e criando mecanismos efetivos de denúncias desse tipo de conteúdo, para que o poder público possa atuar de forma preventiva.

Notificação

O Ministério da Justiça e Segurança Pública também anunciou ontem que vai notificar as plataformas de redes sociais pedindo mais rapidez, eficácia e colaboração em relação ao atendimento de solicitações relacionadas a casos suspeitos de ataques a instituições de ensino, além de apologia ao ódio e à violência.

O órgão federal exige que as plataformas combatam de maneira mais eficiente os perfis que propaguem esses tipos de crimes nas redes sociais. A decisão ocorreu durante encontro, ontem, no Palácio da Justiça, em Brasília.


Opiniões

Imagem ilustrativa da imagem Estado vai rastrear quem posta mensagens de ataques
Ana Maria Bernardes, advogada criminalista |  Foto: Thais Cardoso

Regulação

“Um problema recorrente  é a facilidade com que se encontram conteúdos extremistas na internet, então não há dúvidas de que é necessário que as autoridades reavaliem os meios de fiscalização e regulação das redes, com urgência. A internet é um território novo para todos, seja para as autoridades ou para os pais, que não podem se esquecer de seu dever de cuidado, orientação e vigilância.”

Imagem ilustrativa da imagem Estado vai rastrear quem posta mensagens de ataques
Eduardo Sarlo, advogado |  Foto: A Tribuna

Notícias falsas

“Publicações que falam sobre possíveis 'invasões a escolas' geram caos, insegurança e afetam organismos públicos e privados. Nessa linha, a construção da lei por parte do Poder Legislativo deve visar também as ditas 'fake news', pois também podem se comparar a práticas terroristas, dada a gravidade das ameaças e, ainda, a excitação que as notícias falsas geram. Elas são potencializadas hoje pela internet.”


Colégios anunciam reforço na segurança

Atentos ao aumento do número de ataques e de ameaças a escolas nos últimos meses no País, colégios da rede pública e privada do Estado têm reforçado a segurança nas unidades de ensino. 

Na rede pública, a prefeitura de Vila Velha, por exemplo, ressaltou, por meio da Secretaria de Educação e Guarda Municipal, que acompanha a rotina das escolas, com visitas tranquilizadoras. 

Em Vitória, a prefeitura enfatizou que vem ampliando as ações. Por meio da Guarda,  aumentou os mecanismos de monitoramento e o treinamento de equipes. Além disso, todas as escolas foram equipadas com botão do pânico; e o número de câmeras de videomonitoramento vem sendo ampliado. 

Na rede particular, escolas também têm realizado reforços. Nas duas unidades do Colégio Salesiano Vitória, por exemplo, foram reforçadas as equipes de segurança.  

O Centro de Ensino Charles Darwin informou que, em novembro, formou um comitê de segurança para estudo e criação de estratégias visando a otimizar o nível de segurança. Entre as ações está  o aumento do contingente de seguranças; e a instalação de mais câmeras.

No Marista, no ano passado, houve aprimoramento dos procedimentos para garantir a segurança, que abrange com maior rigor a abertura e fechamento dos portões de estacionamento, além dos portões de acesso de pedestres e identificação de visitantes.

A rede Sesi/Senai diz reforçar ações e protocolos com objetivo de mitigar riscos. Está em curso um Plano de Segurança Escolar. Também estão sendo realizados investimentos em equipamentos de segurança, obras em unidades, novas medidas de controle de acesso, treinamento, entre outras ações.

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