“Esperamos que ele pegue mais de 100 anos de prisão”, diz avó de Kauã
Desabafo é da avó paterna de Kauã, 6, Marlúcia Butkovsky. O ex-pastor Georgeval Alves vai a júri popular na próxima segunda
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Prestes a completar cinco anos, o caso que envolve a morte dos irmãos Joaquim Salles Alves, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6 anos, que ocorreu em abril de 2018, em Linhares, enfim, terá um desfecho na próxima semana.
Isso porque o pai e padrasto das crianças, acusado pelo crime, o ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves, irá a júri popular no fórum criminal da cidade.
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O julgamento é aguardado não só pela família das vítimas, mas também pelas autoridades que atuaram no caso.
Emocionada, a avó paterna de Kauã, Marlúcia Butkovsky disse que espera, no mínimo, mais de 100 anos de condenação para o ex-pastor.
“A nossa expectativa, como família, é que ele seja julgado em mais de 100 anos. Ele não pode ficar impune desse crime e, se Deus quiser, será condenado”, disse a autônoma.
Ela, que pretende acompanhar todos os dias do júri, na cidade de Linhares, contou como foram os cinco anos sem a presença do neto.
“Não tem sido fácil para a gente. Se abalou a sociedade como um todo, imagina para nós da família? Mas esperamos na lei divina e sabemos que também existe uma aqui na terra”, disse.
O ex-pastor irá a júri popular na próxima segunda-feira (03), no Fórum Criminal de Linhares. Ao todo, serão ouvidas 20 pessoas, sendo cinco delas peritos que irão prestar esclarecimentos. Uma dessas pessoas que será ouvida é o delegado que atuou no caso, André Jaretta.
“Preciso estar às 9h lá. Acreditamos na condenação, conforme a conclusão apresentada pela Polícia Civil ao final das investigações”, disse à reportagem de A Tribuna, na tarde de sexta-feira.
Quem também aguarda pela condenação é o assistente de acusação e que representa a família de Kauã, o advogado Siderson Vitorino. “Vamos colocar foco nas provas técnicas que estão no processo, nossa expectativa é que o acusado seja condenado em mais de 100 anos”, disse o advogado.
Pedido
A defesa do ex-pastor Georgeval Alves, representada pelo advogado Pedro Henrique Sousa Ramos, pediu o adiamento do júri que está marcado para a próxima segunda-feira. O pedido, no entanto, foi negado pelo juiz.
Entre as alegações feitas pelo advogado, para justificar o adiamento, está o pedido de substituição de uma das testemunhas, que seria um ex-advogado do acusado.
entenda o caso
> 20 de abril de 2018
- Entre 22h30 E 22h40, o ex-pastor Georgeval Alves Gonçalves foi para casa com o filho Joaquim, de 3 anos, e o enteado Kauã, de 6, após ter ido a uma sorveteria, em Linhares, e visitado um dos membros da igreja. Sua mulher, e mãe das crianças, a ex-pastora Juliana Pereira Salles Alves, estava em Teófilo Otoni, Minas Gerais, participando de congresso de mulheres com o filho caçula.
> 21 de abril de 2018
- Segundo a Polícia Civil, por volta de 0h30, uma vizinha declarou à polícia que ouviu gritos das crianças.
- Imagens de câmeras de videomonitoramento da rua mostram fumaça saindo da casa da família, às 2h22.
- ÀS 2h24, vizinhos chegaram para ajudar a combater o fogo. Uma equipe do Corpo de Bombeiros de Linhares chegou às 2h30 e relatou que, no início do combate ao incêndio, o quarto estava destruído e as crianças já estavam mortas.
> 22 de abril de 2018
- Um dia após o incêndio, o ex-pastor e sua mulher Juliana ministraram um culto na Igreja Batista Vida e Paz, em Interlagos, Linhares.
> 23 de abril de 2018
- A hipótese inicial era de que uma pane elétrica teria causado o incêndio. Após o primeiro depoimento, a polícia passou a suspeitar do ex-pastor.
- Na mesma semana do crime, o ex-pastor concedeu entrevista à imprensa, na porta do Departamento Médico Legal (DML), de Vitória, onde ele e a ex-mulher, Juliana Sales, foram recolher material genético para testes de DNA. Ele disse que o fogo começou pelo ar-condicionado do quarto das crianças e que ele teria feito de tudo para salvá-las.
> 28 DE ABRIL DE 2018
- Foi decretada a prisão temporária, por 30 dias, de George. Ele foi preso em hotel de Linhares.
> 23 de maio de 2018
A Polícia Civil anunciou que o ex-pastor estuprou, agrediu e colocou fogo nas crianças ainda vivas. A polícia descartou o envolvimento da ex-pastora Juliana no crime.
> 10 de maio de 2018
- Por conta dos exames de DNA, as crianças foram enterradas dia 10.
> 20 de junho de 2018
- A ex-pastora Juliana foi presa em Teófilo Otoni, Minas Gerais, acusada de negligência e os mesmos crimes do ex-marido foram impostos a ela. Ela foi solta e, uma semana depois, foi presa novamente.
> JANEIRO DE 2019
- Juliana foi solta e segue assim até os dias atuais. Ela foi denunciada pelo Ministério Público pelos mesmos crimes impostos a Georgeval.
> MAIO DE 2019
- O juíz André Bijos entendeu que Juliana não deveria responder pelos mesmos crimes que Georgeval e impronunciou a mesma, ou seja, ela não enfrentaria o júri popular.
> OUTUBRO de 2019
Por decisão da desembargadora Elizabeth Lordes, Juliana e Georgeval passaram a responder a processos separados.
> FEVEREIRO de 2023
O Tribunal de Justiça marcou o júri do ex-pastor para 13 de março no Fórum de Linhares, porém, foi adiado para o dia 3 após pedido do advogado por questão de saúde.
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