Yamaguchi Falcão: A jornada quádrupla do campeão dos ringues

O pugilista capixaba Yamaguchi Falcão vive, atualmente, uma jornada quádrupla diária. Além de atleta, ele também exerce as funções de empresário, estudante de Educação Física e motorista de aplicativo, enquanto não recebe uma nova oportunidade no boxe.

Natural de São Mateus e nascido em 24 de dezembro de 1987, o lutador traz em sua história uma trajetória marcada por determinação, disciplina e uma paixão profunda pelo boxe, herdada diretamente de seu pai, Touro Moreno. Desde a infância, o esporte esteve presente em sua vida, com treinamentos ao lado de seu pai e seu irmão, Esquiva Falcão, também medalhista olímpico.

Carreira

A ascensão de Yamaguchi no cenário do boxe foi notável e rápida. Com seu talento natural e uma ética de trabalho incansável, logo ele se destacou em competições tanto no Brasil quanto internacionalmente. Em 2011, nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, conquistou a medalha de prata na categoria meio-pesado (até 81kg), estabelecendo-se como uma presença significativa no boxe amador.

No ano seguinte, em Londres, ele consolidou ainda mais seu nome ao ganhar a medalha de bronze nas Olimpíadas, tornando-se um dos poucos brasileiros a alcançar esse feito no boxe olímpico.

Após o sucesso nas Olimpíadas, Yamaguchi decidiu seguir os passos de muitos grandes pugilistas e adentrou ao mundo do boxe profissional. Sua estreia ocorreu em janeiro de 2014, e desde então, ele acumula um histórico de 24 vitórias, duas derrotas e um empate, sempre competindo na categoria super-médio (até 76,2kg).

Aos 36 anos, o capixaba está com a carreira paralisada. Em abril do ano passado, ele fez sua última luta, quando perdeu a disputa do cinturão da Associação Mundial de Boxe (WBA) para o cubano David Morrell, atual campeão dos supermédios (até 76,2 kg). Contudo, ainda deseja seguir lutando para conquistar o cinturão novamente.

O lutador conversou com a reportagem de A Tribuna e abordou sobre seus planos como atleta, empresário – uma vez que promoveu recentemente o evento de luta “Falcão Fight” – e universitário, e sobre como a profissão de motorista de aplicativo o ajuda a complementar sua renda familiar.

A Tribuna - Yamaguchi, como é para você conciliar essa jornada quádrupla diária? Há tempo para fazer tudo?

Yamaguchi Falcão - "Não é mole não. Tem que ter pique de atleta. Eu corro atrás para colocar o pão na mesa todos os dias e fazer o que eu gosto é sempre melhor.

Eu amo meu esporte, então algo a mais que motiva é aprender sempre no ringue e na faculdade, que entrei para cursar Educação Física justamente para aprimorar ainda mais meus conhecimentos na área."

- Com relação à vida de atleta, você dá aulas de boxe, mas, para além disso, ainda pretende continuar lutando? Quais são suas metas?

"Claro. Estou na luta ainda e tenho sonhos que ainda estão aqui no peito. A próxima meta é ter parceiros que me ajudem a ter uma rotina menos puxada para me dedicar mais aos treinos. Ser atleta de alto rendimento exige uma rotina e disciplina."

- Recentemente, no dia 22 de junho, você promoveu o Falcão Fight, ao lado da também empresária e dentista Natália Arantes. Outros projetos neste sentido estão em mente?

"O Falcão Fight foi um sucesso e um dos sonhos realizados já. O que eu puder fazer com a minha equipe do Falcão Fight para crescer e valorizar o boxe nós faremos.

Eu sei como é difícil ser atleta no nosso país e sem eventos, sem apoio fica mais complicado ainda. Então busco apoiar, incentivar e fomentar o esporte que amo. Em breve vou trazer novidades da próxima edição do Falcão Fight, mas o projeto é esse."

- Em qual período do dia você realiza o trabalho de motorista de aplicativo, caso você continue exercendo? Ele te ajuda a completar a renda de casa?

"Sim, continuo como motorista de aplicativo. É uma renda extra que ajuda e completa lá em casa. Todo dia eu faço corridas como motorista, sempre que há umas brechas no dia."

- Qual curso e faculdade você está cursando e quais são seus objetivos no ramo acadêmico?

"Na verdade, eu ainda não consegui começar a acessar as aulas da faculdade (como é semipresencial, então a maioria seria on-line). Já estou matriculado em Educação Física na Estácio. Fui lá e fiz até algumas fotos.

Mas, infelizmente, não consegui começar por falta de tempo. Agora, no segundo semestre, quero iniciar o mais rápido possível, pois sei que vai me acrescentar muito no esporte e na minha rotina como atleta. Futuramente, desejo passar essa experiência e aprendizado à frente também, aos mais jovens. É isso que busco."