“Sonho em defender a Seleção Brasileira”, revela zagueira capixaba do Fluminense
Após superar a resistência familiar e se recuperar de um grave acidente, capixaba conquista espaço no Flu e projeta o futuro

A meio-campista Paloma Souza, de 30 anos, saiu de Itaguaçu, no interior do Espírito Santo, para viver o sonho de atuar pelo Fluminense. Com uma trajetória marcada por dificuldades e superação, a jogadora se firmou no tricolor carioca e hoje inspira outras meninas a acreditarem no futebol feminino.
Paloma começou a jogar ainda criança, com 10 anos, em interclasses escolares e times amadores da região. Enfrentou resistência da família e da própria escola, mas contou com o apoio da mãe, Ivone Gomes, a Arainha Rosa, do professor Gelson Rosa, conhecido como Aranha, e do primo dele, Altivo Rosa.
Atuou em equipes capixabas como o Projeto Gol de Placa, o SELC, o Vila Nova e o Prosperidade, conciliando treinos com empregos em diferentes áreas.
Em 2017, sofreu um grave acidente de moto em Vitória, fraturando a perna e o braço. Chegou a ouvir dos médicos que não voltaria a jogar, mas se recuperou por conta própria e retornou ao futebol em 2021.
Dois anos depois, abriu mão da estabilidade no trabalho para apostar em uma seletiva em Ipatinga, onde foi aprovada entre mais de 100 atletas. A decisão abriu portas em clubes de Minas Gerais e Mato Grosso até a chegada ao Fluminense, no fim de 2024.
Hoje, Paloma é titular na posição de primeira volante, disputa competições importantes, como o Brasileirão, a Copa do Brasil e o Campeonato Carioca.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, ela conta sobre sua história, o sonho de vestir a camisa da Seleção Brasileira e levar a história que começou em Itaguaçu a novos patamares.
A Tribuna - Como foi o seu primeiro contato com o futebol em Itaguaçu? Você já nasceu com esse dom ou foi algo que despertou depois?
Paloma Souza - Eu creio que já nasci com o dom, porque vem de família: meu pai (Gilmar Gomes) jogava, meus tios jogavam. Foi algo que eu fui aprendendo com o tempo e sempre tive muita vontade de fazer. Nas escolas aconteciam muitos jogos internos e eu participava. Quando não tinha futsal com as meninas, eu queria estar no meio dos meninos.
Tudo aconteceu assim na minha cidade, porque não tinha time de campo, só acontecia na escola. Às vezes eu recebia incentivo, às vezes não, mas segui em frente.
Você se inspira em alguma jogadora?
Sim, na Formiga. Sempre foi referência para mim. Também a Marta, claro, como referência mundial.
Em algum momento pensou em desistir? Como lidou com a pressão e os desafios?
Pensei muitas vezes. Mas eu sabia que o futebol poderia mudar minha vida e a da minha mãe. Desistir dele seria desistir de mim. Sempre tive muita fé em Deus, e nunca desisti. Hoje consigo proporcionar uma vida melhor para minha mãe e para mim.
O que significa para você vestir a camisa do Fluminense?
É emocionante. No time amador da minha cidade, a gente usava uniforme nas cores do Fluminense, mas na época não existia o feminino. Brincávamos que um dia estaríamos no Flu. Hoje, vestir de verdade essa camisa é sensação de vitória, honra e gratidão a Deus.
Me apresentei em 6 de janeiro de 2025. Disputei o Brasileirão, em que ficamos em 10º lugar, e agora temos a Copa do Brasil, contra o Inter, e o Carioca pela frente, e o objetivo é ganhar os títulos.
Você tem alguma partida marcante pelo Fluminense?
Sim, uma assistência contra o Real Brasília. Sofri o pênalti e dei passe para o gol do empate. Foi importante para o time naquele momento.
E o futuro? Vai permanecer no Fluminense?
Meu contrato vai até o fim do ano. Ainda não conversei sobre renovação, mas espero ficar. Estou feliz e motivada aqui.
Você sente que sua trajetória inspira outras meninas?
Sim. Muitas me procuram e eu tento mostrar que é possível, mesmo com dificuldades.
Qual conselho você deixa para as garotas que sonham em ser jogadoras?
Acreditar no que carregam dentro delas. Cada pequeno passo já é uma vitória. É importante não desistir, se dedicar, ter fé e buscar ajuda quando necessário. Se elas não acreditarem nelas mesmas, quem vai?
Quais são seus próximos objetivos na carreira? Sonha com a Seleção?
Meu maior sonho é vestir a camisa da Seleção Brasileira. Sempre esteve nos meus planos e vou trabalhar até que meu nome esteja naquela lista. O futuro pertence a Deus, mas vou continuar lutando por isso.
Quem é ela?
Paloma Souza tem 30 anos e nasceu em Itaguaçu (ES).
Ela começou a jogar futebol com 10 anos de idade, na escola.
Superou resistência familiar e escolar para ingressar no futebol.
Se recuperou de um grave acidente de moto, em 2017.
Joga no Fluminense desde janeiro.
Sonha em atuar pela Seleção Brasileira.
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