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Bento Venturim: “Chegada dos italianos mudou a economia do Espírito Santo”

Presidente do Sicoob-ES, destaca a influência dos imigrantes na produção do café


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Imagem ilustrativa da imagem Bento Venturim: “Chegada dos italianos mudou a economia do Espírito Santo”
Bento Venturim é um entusiasta das ações voltadas para a melhoria da qualidade do café do Espírito Santo |  Foto: Fábio Nunes / AT

“Os imigrantes que vieram ao Espírito Santo construíram a pluralidade do povo capixaba. Todos, independentemente da origem, merecem lugar em nossa memória. A menos de um mês de comemorarmos os 150 anos da imigração italiana no Brasil, precisamos reconhecer a contribuição histórica, cultural e econômica das gerações de ítalo-capixabas à nossa terra.

A chegada dos italianos mudou o nosso rumo econômico e, sem dúvida, diversificou a nossa economia. Os italianos trouxeram a cultura da produção do café para o Estado, junto aos alemães e aos poloneses. O sonho de construir a América, contudo, exigia trabalho duro, pioneirismo e coragem.

Primeiros anos

Nasci em Venda Nova do Imigrante e sou neto de italiano, o nonno Francesco Venturin, que veio aos 8 anos com a família para o Espírito Santo. Meu avô veio de Veneto, especificamente de Belluno, no norte da Itália, em 1882, diretamente para a região de Alfredo Chaves, até ir para Venda Nova do Imigrante.

Nonno Chico foi, inclusive, o primeiro imigrante italiano da cidade, ou seja, Francesco Venturin é o italiano que dá nome ao ‘imigrante’ de Venda Nova. À época, todas as grandes famílias italianas fugiam das dificuldades pós-guerra. Apesar do contexto, construímos memórias inesquecíveis em família.

Todos morávamos a menos de 2 km de distância e, por isso, vivíamos nas casas dos primos, brincávamos, íamos à mesma igreja e fazíamos festas. Minha família veio da Itália para trabalhar na cafeicultura, ou seja, o café sempre esteve muito presente em nossa rotina.

Meus pais sempre valorizaram a educação. Por isso, aos 9 anos, eu saí de Venda Nova do Imigrante, que ainda não tinha energia elétrica, para estudar em um colégio interno, em Marilândia.

Desde cedo, aprendemos a lidar com a propriedade rural e a buscar os nossos sonhos. Não sabia, à época, mas a mudança foi o início da construção da minha trajetória.

Cooperativismo

O italiano tem vocação forte para o cooperativismo. Fazíamos tudo por meio do associativismo. Meu pai, em Venda Nova do Imigrante, fazia parte de uma cooperativa agropecuária que, na época, era a maior do Espírito Santo. Ele participava do conselho fiscal e, por isso, eu já estava presente nas reuniões e assembleias.

Em 1970, me mudei para São Gabriel da Palha, onde produzimos café, e comecei a estudar Direito em Colatina. Me associei à cooperativa dos cafeicultores e, em 1988, após passar pelos conselhos fiscal e de administração, constituí uma cooperativa de crédito em que entrei como vice-presidente. Oito anos depois, assumi a presidência.

Essa cooperativa de crédito hoje faz parte do sistema regional Sicoob-ES. Naquela época, ajudei na constituição da Central do Sicoob-ES e, no segundo ano, assumi a presidência, posto que ocupo até hoje, comemorando os 35 anos de atuação do sistema regional no Estado.

Como as associações, o cooperativismo é central para o êxito econômico do Estado, e isso pode ser comprovado ao olhar tudo o que os nossos colonizadores construíram.

O Sicoob-ES faz parte de uma instituição nacional e, apesar de ter se adaptado às tecnologias e oferecer todo o conforto do digital, tem agências em todo o Brasil.

Isso é muito característico do cooperativismo: você está próximo e tem relacionamento próximo com as pessoas. Essa é a essência do que fazemos.

Cafeicultura contemporânea

Hoje, todos os produtores de café do Espírito Santo estão fazendo um trabalho brilhante. Há 20 anos, éramos o produtor dos piores cafés do mundo. Hoje, o cenário é oposto: o Espírito Santo se orgulha em dizer que nós temos os melhores cafés do mundo.

É um legado construído com o esforço, o pioneirismo e o conhecimento de gerações de capixabas descendentes de italianos, de alemães e de poloneses, por exemplo. O que vimos ser construído há mais de um século, com certeza, nos trouxe ao cenário de hoje.

É uma responsabilidade, um legado e uma conquista que os ítalo-capixabas compartilham com todos os outros imigrantes na formação do Estado: contribuímos para a disseminação da cultura do café, revolucionamos nosso modo de produzir e nos tornamos líderes em qualidade".

Depoimento concedido ao repórter Jonathas Gomes.

Para ler esta reportagem em italiano clique aqui

Quem é?

- Bento Venturim, de 76 anos, é presidente do Sicoob-ES e vice-presidente da instituição financeira cooperativa em nível nacional.

- Neto de italiano, o empresário nasceu em venda nova do imigrante e é um entusiasta das ações voltadas para a melhoria da qualidade do café do Espírito Santo.

- Como dirigente do Sicoob-ES, Venturim lidera atividades voltadas para o desenvolvimento das diversas regiões do Estado, assim como de projetos de responsabilidade socioambiental

Imagem ilustrativa da imagem Bento Venturim: “Chegada dos italianos mudou a economia do Espírito Santo”
“Todas as grandes famílias italianas fugiam das dificuldades pós-guerra. Apesar do contexto, construímos memórias inesquecíveis” |  Foto: Arquivo Pessoal

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Agência antiga do Sicoob-ES: a cooperativa está celebrando 35 anos reunindo mais de 720 mil associados |  Foto: Arquivo Pessoal
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Assinatura da Constituição da cooperativa Sicoob-ES |  Foto: Arquivo Pessoal
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Encontro de centrais de cooperativas de crédito, em Vitória, no ano de 1993 |  Foto: Arquivo Pessoal
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O casal Bento Venturim e Rosa Maria Caser Venturim com os filhos Isaac Bento, Francisco Giovanni e Lucas Henrique Caser Venturim |  Foto: Arquivo Pessoal

História

- O SICOOB-ES está celebrando 35 anos este ano e, em 2023, foi reconhecido como o Maior Grupo Empresarial do Estado, segundo o Anuário IEL 200 Maiores e Melhores Empresas no Espírito Santo.

- Parte de um dos 14 sistemas regionais do País, o Sicoob-ES reúne mais de 720 mil associados e, no terceiro trimestre do ano passado, atingiu um marco histórico de R$ 20 bilhões em ativos.

- O Sistema Regional sediado no Espírito Santo atua também no Rio de Janeiro, na Bahia e em São José dos Campos, em São Paulo, por meio de seis cooperativas singulares: Sul-Litorâneo, Sul, Coopermais, Sul-Serrano, Credirochas e Conexão.

- Ao longo de 2023, o Sicoob-ES ampliou sua presença com a inauguração de 16 novos pontos de atendimento em diversas localidades e fechou o ano com um total de 188 pontos de atendimento, distribuídos pelos quatro estados.

- O SICOOB-ES integra um sistema nacional que conta com mais de 7,7 milhões de associados, estando presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal.

- O sistema ocupa a liderança entre as instituições financeiras com o maior número de agências no Brasil, superando 4,6 mil pontos de atendimento e comemorando ser a única instituição financeira presente em mais de 400 municípios.

Fonte: Sicoob -ES.

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Bento Venturim lidera atividades voltadas para o desenvolvimento das diversas regiões do Estado, assim como de projetos de responsabilidade socioambiental do Sicoob-ES |  Foto: Arquivo Pessoal

Celebração

Nos próximos dias, “O Que Eu Vi e Vivi” abre uma página na história dos 150 anos da imigração italiana no Espírito Santo e apresenta personalidades que viveram ou ouviram relatos de seus antepassados.

São histórias de vidas, culturas, tradições e desenvolvimento. A Rede Tribuna se sente honrada em fazer parte dessa trajetória, auxiliando na preservação e na propagação de nossa memória.

O projeto 150 Anos da Imigração Italiana no Espírito Santo levará ao público um riquíssimo conteúdo, com informações sobre a chegada dos imigrantes italianos em solo capixaba.

Serão exibidos vídeos na TV Tribuna/SBT, matérias no jornal A Tribuna, webséries no portal Tribuna Online e nas rádios Tribuna FM e Legal FM.

Acompanhe esta envolvente jornada pelas raízes italianas no Espírito Santo!

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