"Oratória deve ser ensinada desde cedo", afirma especialista
Escolas estão investindo para que os estudantes tenham desenvoltura na comunicação
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Saber se comunicar é uma das habilidades que, segundo especialistas, um bom líder precisa ter. Tanto que escolas estão investindo até mesmo em aulas de oratória para que os estudantes tenham desenvoltura na comunicação.
Esse “treinamento” deve começar desde cedo, na visão de Raquel Carlos, diretora Acadêmica do Edify Education – que atua na área de educação e tecnologia, tendo passado por alguns dos maiores e mais respeitados programas bilíngues e centros de idiomas no Brasil.
“Desenvolver a oratória é conteúdo curricular e deve começar cedo. Não vejo necessidade de uma divisão etária para isso. As escolas já começam a inserir o tema em suas dinâmicas e currículos, mas ainda há espaço para ampliar muito esse trabalho. Vivemos uma era em que a palavra oral voltou a ter grande poder”, destaca a especialista.
Raquel, que será uma das palestrantes do 13º Congresso Educacional das Escolas Particulares do Espírito Santo, pontua ainda que a escrita, em seu surgimento, passou a ser vista como a “detentora do conhecimento”. Mas, hoje, por força do mundo digital e tecnológico, a oralidade retomou seu lugar de poder. “Portanto, a oratória é fundamental”, frisa.
- A Tribuna: Quando falamos em liderança, pensamos também em como esses estudantes têm desenvolvido essa capacidade oral de se fazer entender. Acredita que a oratória pode ser ensinada, mesmo que o estudante “não goste” tanto de falar?
Raquel Carlos: Existem traços de personalidade em todos nós. Saber falar mais, ser bom orador, tem alguns “contornos” pessoais. Mas a oratória pode e deve ser ensinada desde cedo, desde a educação infantil, isso não impede o aprendizado. É uma competência transversal que pode percorrer o currículo escolar durante toda a vida, para que a pessoa, de fato, desenvolva não só as técnicas, mas também o entendimento do impacto da sua oratória nos outros e no mundo.
- É um mito pensar que a oratória é apenas para áreas de humanas?
Precisamos desmistificar a ideia de que a oratória é necessária apenas para as ciências humanas. Isso não é verdade! Para métricas de sucesso acadêmicas e profissionais de grandes cientistas, todos eles vão passar pelo domínio da comunicação e oratória.
- Para a liderança, então, é uma ferramenta essencial?
Em qualquer nível. Dominar a possibilidade de fazer com que o outro te escute e transmitir sua ideia, em um, dois ou três minutos, vale para qualquer área.
- Parceria com família para auxiliar na formação
Formar um líder não depende apenas do esforço da escola. Segundo educadores, a família tem de ser parceira nessa formação.
“Essa formação é uma parceria entre famílias e escola. Precisamos disso para superar os desafios que temos, do contrário não vamos conseguir formar um jovem com potencial”, destaca Moacir Lellis, presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino do Espírito Santo (Sinepe-ES).
Para a diretora acadêmica do Edify Education, Raquel Carlos, pais e famílias sempre tiveram processo fundamental na formação dos estudantes.
“Por muito tempo, havia uma visão entre nós, professores: 'olha, quem dá aula sou eu. Pai e mãe não sabem como eu faço. Eu é que mando na minha sala de aula'. E, de fato, isso é verdade até certo ponto. Mas a família também conhece sobre educação e precisa ser agente fundamental nesse processo”, avalia.
“Acho que isso é muito positivo, porque as barreiras entre 'quem é especialista' e 'quem sabe' estão mais tênues e menos estabelecidas”.
Debate
Por outro lado, na observação de Raquel, a escola precisa entender que o lugar é do debate, da escuta e, muitas vezes, da educação coletiva.
“Mas não pode ser um espaço com relação de cliente e prestador de serviço. A escola não deve assumir a posição de atender a demandas apenas porque a comunidade de pais e responsáveis está pressionando para fazer algo em que não acredita ou que não considera o melhor caminho para os alunos”, ressalta.
OUTRAS INICIATIVAS
Todas as escolas da rede estadual, segundo a Secretaria da Educação (Sedu), possuem Conselhos de Líderes, que realizam reuniões mensais com as equipes gestoras. Em âmbito regional, funcionam os Comitês Regionais, compostos por dois representantes de cada unidade escolar, responsáveis por debater as demandas locais.
Já o Comitê Estadual, formado por 45 estudantes representantes das Superintendências Regionais de Educação, promove discussões e encaminhamentos sobre os temas apresentados nos encontros regionais.
Além disso, o Programa de Intercâmbio Estudantil é outra iniciativa que contribui para a formação de jovens líderes, ao possibilitar que alunos da rede vivenciem outras culturas e aprimorem a fluência nas línguas inglesa ou espanhola por meio de imersão fora do País.
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