MEC quer pagar aluno do Ensino Médio que permanecer na escola
Ideia é evitar a evasão escolar e a ida precoce ao mercado de trabalho. Abandono de estudantes na 1ª série chega a13% no País
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Como medida para incentivar que alunos permaneçam na escola, o ministro da Educação, Camilo Santana, vai enviar até o fim do mês projeto de lei ao Congresso Nacional para criar uma bolsa para estudantes do ensino médio.
O anúncio foi feito pelo ministro durante o 7º Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, organizado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), em São Paulo.
A proposta, no momento, passa por ajustes, especialmente para se adequar ao orçamento disponível para o Ministério da Educação (MEC). “Ou dar uma bolsa menor para mais gente ou uma bolsa maior para menos alunos.
Estamos nessa definição, tanto que não posso dizer qual é o valor ou o público atingido”, explicou.
A ideia é que o aluno receba um valor mensal e outra parte deve ser depositada em uma espécie de poupança, que poderá ser sacada quando ele concluir a etapa.
“O aluno poderá usar esse valor depositado para fazer uma faculdade ou investir na própria empresa, por exemplo. Essa bolsa poupança será um mecanismo de estímulo à permanência dos jovens na escola”.
O ministro destacou que o Brasil tem hoje 13% de abandono escolar na primeira série do ensino médio, e o benefício é uma tentativa de tornar a escola mais atrativa para os jovens, sobretudo devido ao fato de que muitos estudantes acabam deixando a escola para trabalhar.
“Se esse País pagasse para todo aluno ficar na escola, ficaria muito mais barato do que ficar corrigindo distorções sociais no futuro”.
Além da bolsa, outra forma de preparar o aluno e tornar a escola mais atrativa é a ampliação da oferta de ensino profissionalizante. Com as mudanças no novo ensino médio, a ideia é que todas as escolas possam oferecer cursos profissionalizantes para os alunos.
As propostas para a reforulação do novo ensino médio também será apresentada ao Congresso Nacional e a expectativa é que seja aprovada ainda neste ano.
“Outra grande mudança é a alteração nos itinerários (parte do currículo que permite que alunos se aprofundem em áreas de interesse). Nós estamos chamando agora de percursos. Eles vão ser mais restritos, vão ser decididos pelo Conselho Nacional de Educação”, acrescentou.
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Mudanças só a partir de 2025
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não terá mudanças até, pelo menos, 2024. A informação foi confirmada ontem pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e trouxe maior tranquilidade para estudantes e educadores.
Havia uma expectativa de que a prova do próximo ano tivesse formato diferente, alinhada com o Novo Ensino Médio.
“Não vamos mudar o Enem nos próximos anos, nem neste ano e nem em 2024. Vamos deixar a discussão para dentro do novo Plano Nacional de Educação (PNE), que vamos reformular a partir do ano que vem”, disse o ministro.
No Colégio Marista, a confirmação de que o Enem não deve mudar até 2024 foi bem recebida pelos estudantes da 2ª série do ensino médio.
Giulia Moulin, 17, Ana Clara Costa, 17, Vitor Evaristo, 16, e Ana Paula Hetel, 16, devem fazer a prova no próximo ano e estavam na expectativa de uma definição.
“A gente não sabia se o formato iria ser mantido ou se algo mudaria”, contou Ana Clara.
O coordenador do ensino médio do Marista, Helton Sena, explicou que a instituição vem acompanhando de perto a discussão e a confirmação foi recebida com tranquilidade.
“Preparamos por anos os alunos para qualquer cenário, mas claro que a falta de definição trazia uma insegurança para alunos e para as famílias. Uma mudança grande do Enem deve ser feita com tempo para que as instituições e os alunos se preparem”.
O diretor Centro Educacional Leonardo da Vinci, Mário Broetto, defende uma redução no número de questões do Enem.
“O exame se tornou uma prova exaustiva e não há essa necessidade. Será preciso ainda haver a divisão entre Enem básico e o Enem voltado para os itinerários”.
O que o ministro disse sobre...
Estímulo ao ensino integral e ao técnico
Projeto de reformulação do ensino médio
“Ouvimos mais de 130 mil alunos e especialistas foram consultados. A ideia era construir uma proposta que reunisse todos os questionamentos, as melhorias que as entidades e os setores desejam para o novo ensino médio.
As duas grandes mudanças são o retorno das 2.400 horas da base comum curricular e o ensino técnico.
Outra mudança são os itinerários, que chamamos de percurso, que serão mais restritos e serão decididos pelo Conselho Nacional de Educação”.
Ensino técnico
“Queremos estimular o ensino técnico profissionalizante que, para mim, é uma das melhores opções para o ensino médio. É garantir, não só a escola de tempo integral, mas também a capacitação, formação para esse jovem. Vamos estimular o ensino médio integral, mas incentivar que todas as escolas tenham técnico profissionalizante”.
Evasão
“Há alguma coisa errada no ensino médio. No último censo escolar, mais de 13% dos alunos do 1º ano do ensino médio abandonaram a escola. É o período de maior evasão escolar. Muitas vezes o jovem tem de ajudar a família. A ideia é ter um ensino médio para atrair o jovem e garantir a sua permanência”.
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