Faculdades têm 10 mil alunos com mais de 40 anos

Nas faculdades do Espírito Santo, pelo menos 10 mil pessoas acima dos 40 anos de idade estão matriculadas em cursos de nível superior. Elas comprovam que sonhos não envelhecem e que a busca pelo conhecimento não tem prazo de validade. 

Só na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), que possui mais de 24 mil alunos nos quatro campi, são 1.525 matriculados com 40 anos ou mais, o que corresponde a 6% do total de estudantes. 

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A psicóloga Poliane Campos Juvêncio, especialista em Gestão Estratégica de Pessoas, afirma que o ambiente educacional é, erroneamente, interpretado como um espaço exclusivo para pessoas jovens. 

“As universidades sempre foram ambientes que acolheram diversas pessoas em diferentes etapas da vida. E elas têm que manter esse movimento de apoio. Todos nós vamos envelhecer, e isso não nos tira a capacidade de estudar e de nos especializar”, defendeu.

Ela lembra que o preconceito contra as pessoas mais velhas, classificado como etarismo, ainda está muito presente no cotidiano.

“Ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho estimula as pessoas a se especializarem, o preconceito ainda acontece no ambiente educacional, que é justamente o local para a formação”, pontuou.

Para a especialista em Pessoas e Carreiras Gisélia Freitas, o mercado de trabalho se beneficia com as diferentes contribuições que as pessoas mais experientes têm a acrescentar.

“Muitos profissionais têm repensado suas carreiras e voltado para o mercado. A expectativa de vida maior e a aposentadoria tardia também têm feito muitos profissionais migrarem para as instituições de ensino superior, até mesmo em um novo curso”.

Para a psicóloga Rosiane Amaral, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, o amadurecimento é uma das grandes vantagens que a idade proporciona, inclusive na escolha acadêmica ou profissional.

“A capacidade de fazer um curso superior não está ligada aos anos que a pessoa tem. Pelo contrário, nessa idade é provável que esta pessoa esteja com maior maturidade para escolher o curso superior e realizá-lo de forma plena e com desempenho altamente satisfatório”, disse.

“Para mim, o estudo é um hobby”

A aluna de Biomedicina Silvia Gueller, 43 anos |  Foto: Douglas Schneider/AT

A estudante e empresária Sílvia Gueller, de 43 anos, é uma dos mais de 800 alunos acima de 40 anos que estão matriculados na Universidade de Vila Velha (UVV).

No último período do curso de Biomedicina, ela conta os dias para a formatura, prevista para julho. “Fico feliz por estar concluindo essa etapa, mas triste por estar acabando. Para mim, o estudo é um hobby”.

Moradora de Castelo, ela faz o curso semipresencial e encara 180 km de carro, dois dias na semana, para chegar até a sala de aula.

Em sua segunda graduação, Sílvia concilia as aulas com os estudos da pós-graduação em Fisiologia Humana e sua clínica de estética e spa. 

“O que faz um bom aluno é o seu compromisso e a sua vontade de aprender. Ninguém precisa ter medo e o mercado de trabalho está de portas abertas”, afirmou.

Sem medo de desafios

No 3º período do curso de Fisioterapia, a cozinheira e estudante Nilza Souza, de 48 anos, é a aluna mais experiente de sua turma. 

Anos após concluir o ensino médio, ela encara com confiança mais um desafio.

“Eu sempre quis fazer uma graduação. No início das aulas, fiquei muito apreensiva. Depois, vi que a fisioterapia tem áreas com várias oportunidades. As dúvidas não me desanimaram. Com certeza, o melhor investimento que você faz é em você mesmo”, afirmou.

os números

Ufes: 1.525 estudantes, sendo 868 mulheres e 657 homens.

Ifes: 2.509 estudantes, sem informação do gênero.

Multivix: 4.521 estudantes, sendo 60% destes mulheres.

UVV:  853 estudantes, sendo 576 mulheres e 277 homens.

Faesa:  183 alunos, sendo 112 mulheres e 71 homens.

Unisales: 165 estudantes, sendo 111  mulheres e 54  homens.

Unesc: 169 estudantes, sendo 126 mulheres e 43 homens.

Pio XII: 38 estudantes, sendo 25 mulheres e 13 homens.

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