Curso a distância é o sistema preferido por 65% dos alunos
Censo do Ensino Superior de 2022 mostra que 3,1 milhões de pessoas optaram pela modalidade EAD no ano passado
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De cada três estudantes que ingressam no ensino superior no País, dois já optam pelo ensino a distância (EAD). O dado de crescimento da modalidade faz parte do Censo do Ensino Superior de 2022, divulgado pelo Ministério da Educação.
Segundo o censo, dos 4,7 milhões que ingressaram em cursos de graduação no ano passado, 65% optaram pela modalidade a distância.
Em 2022, o ensino a distância registrou mais de 3,1 milhões de ingressantes – 97% deles foram para faculdades particulares.
A primeira vez que a modalidade a distância superou os ingressantes em cursos presenciais foi em 2020, durante a pandemia.
Naquele ano, os ingressantes em cursos EAD representavam 53% do total. Em 2022, essa proporção já passa de 65%.
Depois de ter perdido ingressantes durante a pandemia, os cursos presenciais voltaram a registrar alta no ano passado. Em 2022, esses cursos tiveram a entrada de 1.656.172 novos alunos – no ano anterior, em 2021, esse número havia caído para 1.467.523.
Nos últimos 10 anos, o número de cursos a distância ofertados teve aumento de 700%, saindo de 1.148 em 2012 para 9.186 no ano passado.
O ritmo aumentou a partir de 2018, impulsionado pela edição de um decreto do presidente Michel Temer que flexibilizou a abertura de polos de educação a distância no País.
Ainda de acordo com dados do MEC, o ensino a distância apresenta uma expressiva quantidade de alunos por professor, mais de sete vezes maior do que no presencial.
A média é de 171 alunos para cada professor nos cursos a distância e 22 por docente na modalidade presencial. A análise é feita anualmente pelo Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em instituições de ensino públicas e privadas.
O especialista em Educação Corporativa e a Distância Flávio dos Anjos diz que o crescimento da modalidade está totalmente relacionada a três fatores principais. O primeiro é a questão do acesso, o que, segundo ele, torna o EAD muito atrativo.
“Você tem acesso, de casa, a conteúdos de qualidade de diversos pontos do Brasil, de diversos autores e especialistas”.
O segundo ponto é que o valor com o qual a pessoa vai desprender para poder estudar também é atrativo. Por fim, ele fala do terceiro fator, permitindo que o aluno possa estudar no seu próprio ritmo.
Cursos nas faculdades do ES
UVV
Na última seleção, mais de 50% dos ingressantes foram da modalidade EAD. Hoje, eles correspondem a 35% dos estudantes.
Entre os cursos ofertados na modalidade estão Artes Visuais, Biomedicina, Design de Interiores, Engenharia Civil, Nutrição e outros.
Multivix
Tem hoje mais de 50.000 alunos no País, sendo 50% no EAD.
Entre os cursos a distância ofertados estão Design de Interiores, Gestão de Agronegócio, Teologia, Psicopedagogia, Arquitetura e Urbanismo, Gestão de Eventos e outros. A instituição está preparada para lançar novos cursos, inclusive Direito EAD, assim que liberado.
Estácio
O número de alunos de EAD corresponde a cerca de 70% das matrículas. A modalidade supera o número de presenciais em Vitória e Vila Velha.
Entre os mais de 60 cursos ofertados estão Administração, Artes Visuais, Ciência da Computação, Ciências Contábeis e outros.
Faesa
Atualmente, mais de 2 mil alunos estão matriculados no EAD.
São oferecidos 15 cursos, entre eles: Administração, Ciências Contábeis, Gestão Comercial, Gestão de Produção Industrial, Gestão da Tecnologia da Informação, Gestão Pública, Logística, Marketing, Pedagogia, Redes de Computadores e outros.
UniSales
O Centro Universitário Salesiano têm cursos na modalidade semipresencial e on-line. Este ano foram lançados três novos cursos na modalidade EAD on-line: Engenharia de Software, Sistemas de Informação e Tecnologia e Análise e Desenvolvimento de Sistemas.
Já oferecia Administração e Ciências Contábeis (EAD on-line) e Biomedicina, Farmácia, Fisioterapia e outros no EAD semipresencial.
Unesc
Do total de ingressantes em 2023/2, a modalidade EAD representou 30,5%.
Entre os cursos estão Biomedicina, Ciências Biológicas, Fonoaudiologia, Gestão Financeira e outros.
Segunda experiência com EAD
O agente de encaminhamento Weber Furtado Fontana, 40, está no primeiro período de Jornalismo na Estácio, na modalidade EAD. A escolha tem como principal motivo a flexibilidade, já que trabalha.
A experiência positiva com cursos na modalidade não é recente. Ele se formou em 2012 em Gestão de Recursos Humanos, também EAD. “Na época, eu trabalhava em supermercado, então o tempo que tinha era depois das 21h. Me formei, mudei de área e hoje busco uma formação em Jornalismo. Sempre me identifiquei com a comunicação e, mais uma vez, o ensino a distância me dá essa oportunidade.”
MEC cobra qualidade no ensino
O ministro da Educação, Camilo Santana, demonstrou preocupação com o crescimento expressivo do ensino a distância.
Segundo ele, o MEC vai aprimorar a regulação do setor, implementando novas diretrizes para qualificar os cursos a distância.
“Estou bastante preocupado, primeiro com a qualidade desses cursos. Claro que facilita muito a vida do trabalhador, que tem de trabalhar, se deslocar. Temos de avaliar qual tipo de curso ofertado para boa formação do profissional que possa ser a distância”, disse.
E completou: “Não estamos aqui demonizando o ensino a distancia. Ele é importante para facilitar a vida. Mas quero prezar pela qualidade da oferta desses cursos”.
Segundo o ministro, nas universidades federais, 34% dos cursos EAD são nota 4 ou 5. Na privada, são 19%.
“É muito baixo o número de cursos EAD de nota 4 ou 5. Eu determinei realizar uma supervisão especial nos cursos a distância para rever todo o marco regulatório disso. A nossa preocupação não é o fato de ter um curso a distância, mas garantir qualidade. E é impossível determinados cursos serem feitos a distância neste País”, observou o ministro.
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