Vício de funcionários em apostas on-line já reduz lucro de empresas
Funcionários têm pedido adiantamento de salário para jogar, o que afeta rendimento. Supermercadista relata queda em vendas
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O vício de funcionários em apostas on-line já está reduzindo o lucro de empresas. Essa compulsão está levando os empregados a perder dinheiro e pedir ajuda financeira a seus empregadores para cobrir dívidas e pagar contas domésticas.
E não para por aí: o comércio também tem sentido o impacto do desacerto financeiro provocado pelo descontrole na jogatina.
A rede Assaí, por exemplo, apontou que o mercado de apostas tem consumido a renda de seus clientes e diminuído o volume de compras em supermercados. O grupo teve lucro de R$ 156 milhões no segundo trimestre do ano passado, queda de 50% frente ao mesmo período de 2022.
Nacionalmente, empresários relatam pedidos de adiantamento de salário. Um deles, de Alagoas, contou que foi procurado pelo setor de recursos humanos do seu grupo, que avisou sobre um aumento incomum na quantidade de pedidos pela antecipação.
E essa situação também vem ocorrendo no Estado, como conta o presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Fernando Otávio Campos. Ele crê que as soluções e a necessidade de proteção da exposição diminui os relatos.
“A situação financeira precária de muitos trabalhadores, devido ao aumento da inflação, também aos problemas pessoais e o endividamento financeiros, pode ter levado ao aumento desses pedidos. Esse fenômeno tem sido acompanhado e traz a necessidade de apoio financeiro e emocional por parte das empresas”, explicou.
Rogério Alcântara, presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Vitória (CDL Vitória), disse que o número de casos relatados não chega a ser alarmante, mas que, quando são registrados, a situação geralmente é grave.
“São casos em que se afunda, muitas vezes carregando amigos e familiares no problema, pois pegam dinheiro emprestado, usam cartões de parentes para cobrir despesas, pois gastaram tudo com as apostas”, lamentou.
Em um dos casos, um trabalhador ficou endividado devido às apostas, sujou o nome da mulher pegando empréstimos, o que quase resultou na separação do casal, e atualmente ele está fazendo tratamento, segundo o economista presidente do Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon-ES), Claudeci Pereira Neto.
O economista alertou para o riscos de apostas on-line e de como isso pode comprometer o orçamento no final do mês.
Os números- Setor movimentou R$ 100 bilhões
O setor de apostas esportivas on-line movimentou entre R$ 100 bilhões e R$ 120 bilhões no Brasil no ano passado, de acordo com um estudo realizado pela XP Investimentos.
A pesquisa diz que as pessoas de baixa renda gastam, em média, R$ 58 mensais em apostas on-line, o que corresponderia a 20% da renda que sobra após pagarem as contas. As empresas de apostas on-line registraram vendas brutas de R$ 13 bilhões no ano passado.
Games viram um “abacaxi”
Os jogos de celular também são problema nas empresas. Embora possam parecer inofensivos, esses jogos podem levar à distração e à redução da produtividade, segundo Fernando Otávio Campos, presidente do Conselho Temático de Relações do Trabalho (Consurt) da Federação das Indústrias do Estado (Findes).
“O uso excessivo de celulares durante o expediente para jogos e redes sociais é uma questão crescente que as empresas precisam gerenciar para manter a eficiência e o foco dos colaboradores. Muitas empresas já proíbem o uso de celular no horário de expediente”.
A psicóloga clínica e Mestre em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Lívia Rocha Helmer destacou que o uso constante do celular atrapalha a concentração da pessoa.
Isso vale no trabalho, nos estudos, nas relações pessoais, entre outras ações. Segundo ela, caso a pessoa esteja viciada em jogos de, o uso do celular vai aumentar consideravelmente.
“O importante é a empresa ter uma boa comunicação com seus funcionários sobre o uso de aparelhos e definir limites”.
Entenda
A ascensão das apostas
A popularidade das apostas on-line explodiu no Brasil, impulsionada pela ampla cobertura de eventos esportivos e pela facilidade de acesso a sites e aplicativos de apostas.
Este crescimento tem sido acompanhado por um aumento na publicidade de apostas, promovendo-as como uma forma emocionante e potencialmente lucrativa de entretenimento.
No entanto, para muitos, essa prática se transforma em um grande problema, com consequências devastadoras para suas vidas pessoais e profissionais.
Transtorno
O jogo compulsivo, também conhecido como transtorno do jogo ou ludopatia, é caracterizado por um desejo incontrolável de continuar jogando, apesar das consequências negativas. Este comportamento envolve o risco de algo valioso na esperança de obter um ganho ainda maior.
O jogo pode ativar o sistema de recompensa do cérebro de maneira semelhante ao álcool e às drogas, levando à dependência. Pessoas com esse transtorno frequentemente perseguem apostas, acumulam perdas, esgotam suas economias e contraem dívidas.
Impacto para empresas
O impacto do vício em apostas nas empresas é multifacetado. Houve um aumento significativo nos pedidos de adiantamento salarial.
Funcionários que se tornaram dependentes das apostas, frequentemente esgotam seus recursos financeiros em apostas e recorrem ao adiantamento como uma forma de manter suas finanças minimamente sob controle ou para comprometê-las ainda mais.
Jogadores Anônimos
É um grupo que surgiu nos EUA, está presente em diversas parte do mundo e do Brasil com objetivo de ajudar viciados em sair dessa dependência.
Em Vitória, os encontros foram retomados no mês passado e acontecem toda segunda-feira, às 19 horas, em Maruípe, na sede da Associação de Moradores (Praça. São José Operário, 221).
Fonte: Pesquisa AT e Jogadores Anônimos.
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