Trump para Lula: “EUA sentem falta do café brasileiro”
Foi o que Trump disse a Lula durante conversa por videoconferência. Com tarifaço, produto teve alta de preços no país norte-americano

O presidente Lula conversou por telefone na terça-feira (7) com o presidente dos EUA, Donald Trump, em diálogo marcado pelo impacto das tarifas americanas sobre produtos brasileiros, especialmente o café.
Trump afirmou que os EUA estão “sentindo falta” de produtos brasileiros afetados pela tarifa de 50% e citou o café, que sofreu forte inflação no país norte-americano desde a implementação da medida. Em agosto, o preço do café nos EUA subiu 3,6% em um mês, maior alta mensal em 14 anos, enquanto a variação anual atingiu 20,9%, a maior desde 1997.
A tarifa provocou queda nas exportações brasileiras, com destaque para o café. Em setembro, as vendas totais para os EUA caíram 20,3% frente ao mesmo mês de 2024, somando US$ 2,58 bi.
O volume de café exportado despencou 47% e os valores recuaram 31,5%, totalizando US$ 113,8 milhões. Ao mesmo tempo, as compras do Brasil vindas dos Estados Unidos cresceram 14,3%, alcançando US$ 4,35 bilhões, gerando déficit de US$ 1,77 bilhão na balança comercial brasileira.
Durante a conversa, Lula solicitou a retirada das tarifas e das restrições aplicadas a autoridades brasileiras, incluindo sanções financeiras e cancelamento de vistos. Segundo o Planalto, o diálogo durou 30 minutos, foi em tom amistoso e resultou em acordo para encontros presenciais futuros, ainda sem datas definidas. Foram discutidos encontros durante a Cúpula da Asean, a COP30 em Belém e uma visita aos EUA.
Donald Trump designou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, para dar continuidade às negociações com representantes do governo brasileiro.
O próximo passo será a realização de reuniões entre membros do primeiro escalão dos governos brasileiro e americano para preparar o encontro presencial entre os líderes. Auxiliares de Lula e diplomatas brasileiros dizem que os contatos devem ocorrer logo, dependendo apenas da agenda interna das autoridades dos EUA.
Rubio deve conversar com o chanceler Mauro Vieira. Eles já se encontraram em julho, em Washington, no auge da crise entre os países. O vice-presidente Geraldo Alckmin manterá contato com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e poderá conversar com Rubio e com o representante de Comércio da Casa Branca, Jamieson Greer.
Boa relação com republicano
O presidente Lula afirmou ao presidente dos EUA, Donald Trump, que o líder americano com quem teve a melhor relação foi George W. Bush, também republicano. Lula buscou demonstrar que consegue construir vínculos diplomáticos mesmo com presidentes de partidos diferentes.
O primeiro contato de Lula com Bush ocorreu em dezembro de 2002, antes da posse do brasileiro, no Salão Oval da Casa Branca. Desde então, os dois líderes mantiveram encontros em diversas ocasiões, incluindo a visita de Lula à residência de veraneio de Bush em Camp David, em 2007.
Auxiliares do Presidente brasileiro destacam que Lula sempre buscou negociar com republicanos por estilo de trabalho, mesmo diante de diferenças ideológicas.
Na conversa com Trump, o brasileiro adotou abordagem pessoal para cativar o líder americano, lembrando elogios feitos por Trump na Assembleia Geral da ONU e conduzindo o diálogo em tom amistoso, com elogios mútuos e comentários descontraídos sobre idade e disposição física.
O histórico de Lula também inclui boa relação com o democrata Barack Obama, que em 2009 chegou a chamá-lo de “o cara”, frase que foi explorada pelo governo petista na época.
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