Tarifaço dos EUA ameaça setor de cacau e pode paralisar produção no ES
Paralisação de 37% das atividades e prejuízo de R$ 190 milhões são a previsão do setor no Brasil, devido à taxação que passou a vigorar
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O tarifaço de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, deve provocar, este ano, uma perda mínima de US$ 36 milhões (R$ 190 milhões) à indústria de cacau e paralisar 37% do setor. A indústria da pesca é outro setor atingido, e pede ajuda para evitar 2 mil demissões no Espírito Santo.
Os dados sobre a cadeia do cacau são da Câmara Setorial de Cacau e Sistemas Agroflorestais do Ministério da Agricultura (Mapa).
O impacto medido pelo próprio governo mostra que a sobretaxa atinge em cheio as exportações de produtos como amêndoas de cacau in natura, pasta de cacau, manteiga de cacau e pó de cacau, todos usados, de maneira direta ou indireta, para fazer chocolate.
A cadeia do cacau no Brasil mantém 200 mil empregos diretos e indiretos, abrangendo desde produtores rurais até a indústria de transformação e comercialização. A estimativa é de que existam 93 mil produtores, a maior parte pequenos agricultores familiares.
No Estado, o impacto poderá atingir principalmente Linhares, que detém mais de 70% da produção de cacau capixaba. Além disso, o Estado é o terceiro maior produtor de cacau do País. Um dos produtores, Emir de Macedo Filho, disse que os preços do cacau já vinham caindo, com a escassez de oferta, e tendem a piorar.
“As indústrias vão ficar mais ociosas, perder receita, e com certeza vai ter desemprego”.
Pesca
Atendendo a um pedido do governo do Estado, que prepara medidas de apoio aos setores produtivos afetados por meio do Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação, o Sindicato da Indústria da Pesca do Estado (Sindipesca), apresentou uma lista de medidas emergenciais para reduzir os impactos do tarifaço no setor.
Entre os pedidos para a indústria e setores correlacionados à pesca, estão isenção de ICMS nas contas de energia elétrica e água, visando à redução de custos operacionais; entre outros.
Essas medidas, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias e dos Armadores de Pesca do Espírito Santo, Luiz Gonzaga de Almeida Neto, podem evitar demissões de cerca de 2 mil profissionais.
Mercado na Argentina e no Japão
A carne bovina pode ter como destino Japão, China e Argentina. Com os nipônicos, as tratativas estão em negociação. Já a Argentina, conhecida por sua tradição pecuária, está importando cada vez mais carne bovina do Brasil, o que também tem acontecido com a China.
O presidente da Federação da Agricultura do Estado (Faes), Júlio Rocha, destacou que é viável a exportação para o Japão, e aumento para chineses e argentinos. Além disso, a China pode absorver a produção capixaba de café.
O presidente do Sindicato Patronal da Indústria do Café do Espírito Santo (Sincafé), Aildo Mendes Fonseca, explicou que as exportações de café para a China tem crescido exponencialmente. “Sobre liberação de mais 183 empresas brasileiras para o comércio, acredito que só no médio e longo prazo teremos impactos positivos”.
Diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Marcos Matos disse que “a respeito de novos mercados, é crescente o consumo em algumas nações da Europa e, em especial, da Ásia, como Índia e China”, mas que no momento, a “a prioridade ainda é chegar a acordo com os EUA”.
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