Petrobras pode acelerar investimentos no Estado
Troca no comando da estatal é vista como positiva e com otimismo por parte dos empresários do setor de petróleo e gás no Estado
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A decisão do governo federal de demitir Jean Paul Prates do cargo de presidente da Petrobras e nomear a ex-diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP) Magda Chambriard para a função foi vista pela maioria do setor empresarial como positiva e como indício de possível aceleração de investimentos no Estado.
O consultor empresarial Durval de Freitas explica que Magda conhece bem o cenário do setor no Espírito Santo e não acredita em descontinuidade no trabalho e nos investimentos previstos: “Ela deve manter e também focar bastante na produção naval. No curto prazo não vai mudar muito, e a médio prazo traz benefícios”.
O presidente da Rede Petro ES, Rafaele Cé, classificou a decisão do governo federal como “comum” e não vê grandes alterações no planejamento estratégico da estatal para os próximos quatro anos.
“Algumas coisas podem melhorar e outras piorarem. A bacia exploratória do Espírito Santo, por exemplo, é um ponto positivo porque a Magda é uma pessoa que entende que a pulverização da exploração de petróleo é algo benéfico para a Petrobras, não se concentrando só no pré-sal, o que para nós é positivo”, afirma.
O coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Estado (Sinidipetro-ES), Valmísio Hoffmann, elogiou o trabalho de Prates à frente da Petrobras, mas disse que Magda tem visões que tendem a ser favoráveis para o Espírito Santo.
“Ela já sinalizou sobre a importância do gás para o desenvolvimento do Brasil, que é algo que concordamos plenamente. Trazendo mais gás para o Estado, teríamos condições de investir em fábricas de fertilizantes e outras fábricas que utilizam o gás.”
Mas, para a presidente da Federação das Indústrias do Estado (Findes), Cris Samorini, a mudança neste momento pode trazer insegurança ao setor. “Pode ocorrer uma alteração em decisões que podem impactar o Estado. É cedo para dizer o que vai acontecer, mas nos preocupa”.
Ao mesmo tempo, Samorini não crê em mudanças drásticas em questões que já estão sendo realizadas, como é o caso do navio-plataforma Maria Quitéria, cuja construção deve ser finalizada em menos de oito meses.
“Mas essa mudança cria um receio aos grandes investidores, que podem não sentir muita segurança estratégica para realizar investimentos com a Petrobras”, finalizou.
Saiba mais
- Quem é a sucessora de Jean Paul Prates na Petrobras?
A próxima presidente da Petrobras, Magda Chambriard, foi diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff (PT). Ela também é consultora na área de óleo, gás e biocombustíveis e trabalhou na Petrobras por mais de 20 anos.
Desde 2020, Magda emite opiniões por meio de artigos no Brasil Energia, veículo especializado sobre energia. De lá para cá, a engenheira escreveu sobre diversos temas envolvendo o setor de petróleo e gás - desde o compromisso frustrado da Petrobras com o desenvolvimento sustentável até a defesa de licenciamento para exploração da Foz do Amazonas.
- Ampliação de investimentos nos estados produtores de petróleo
Em artigo intitulado “Petróleo gera riqueza para quem?”, publicado em novembro de 2023, Magda defendeu que a estatal gere retorno social para o país, com ampliação de investimentos no Rio de Janeiro e demais estados produtores de petróleo.
Ela cita a expectativa frustrada da empresa em contribuir com desenvolvimento sustentável, que assumiu compromisso de gerar bem-estar social através da produção do petróleo, mas reduziu investimentos e não conseguiu combater a desigualdade.
- Defesa de “estaleiros lotados”
Magda ressaltou ainda que, apesar da maior parte dos recursos petrolíferos do pré-sal estarem localizados no Rio de Janeiro, o estado "considerado a capital brasileira do petróleo" amargou perda de quase 10% dos seus postos de trabalho com carteira assinada entre 2014 e julho de 2023.
A engenheira argumentou que o estado do Rio tem mais de dez estaleiros ociosos, e cada um deles poderia alocar cerca de 2 mil trabalhadores.
- Exploração na Foz do Amazonas
Após o Ibama negar o pedido da Petrobras para explorar petróleo na Foz do Amazonas em maio do ano passado, Magda destacou em artigo no mês seguinte que o país precisa enfrentar o "desafio do licenciamento tempestivo", "sob pena de condenar o Brasil à estagnação" caso não o faça.
Isso porque elevaria o chamado Custo Brasil, conjunto de entraves no ambiente de negócios do país que onera as empresas.
Fonte: G1
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