Idosos querem estudar e pedem ajuda para conseguir emprego
Maioria da população maior de 60 no Estado faz curso ou quer voltar à sala de aula. E pede auxílio de empresas e governo por chances
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A maioria dos idosos do Espírito Santo querem voltar a estudar e cobram ajuda, das empresas e do governo, para se recolocar no mercado de trabalho. É o que aponta pesquisa feita pela Universidade Vila Velha (UVV) a pedido de A Tribuna.
O estudo foi respondido por aposentados a partir dos 60 anos de idade, e a maioria dos participantes estuda ou gostaria de voltar a estudar, assim como acredita que as empresas deveriam criar mais formas de contratar profissionais da terceira idade. Também creem que o governo deve ajudar na recolocação profissional.
A pesquisa, coordenada pelo professor da UVV Fabrício Azevedo, foi realizada entre os dias 28 de março e o último 2 de abril de forma on-line, sendo respondida por 253 pessoas, em sua maioria da Grande Vitória.
Os idosos têm um diferencial muito importante, segundo Jânio Araújo, coordenador geral do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos no Estado (Sindnapi-ES).
“Nunca se escondem diante de novas oportunidades de aprender. Muitos por necessidade em adquirir mais experiência e reconquistar um lugar no mercado de trabalho para aumentar sua renda mensal, e outros, simplesmente pela oportunidade de adquirir novos conhecimentos”.
O acesso desses profissionais nas empresas deve ser viabilizado de forma mais fácil como mostra a pesquisa, em que buscam ajuda para se manter no mercado de trabalho. “A capacidade deles de transferir o capital intelectual para aqueles que estão aprendendo e são novos na organização”, disse Azevedo.
A diretora da Center RH Eliana Machado, explicou que o acesso à educação vem sendo facilitado cada vez mais e criando atrativos para os mais experientes, que se mantém ativos a partir da maior longevidade e qualidade de vida, e que o resultado da pesquisa é uma sinalização importante para que o mercado de trabalho volte atenção para esses profissionais.
O fato de mais de 80% das pessoas entrevistadas expressarem o desejo de que as empresas criem mais oportunidades para contratar profissionais mais idosos sugere uma demanda real por inclusão e valorização dessa faixa etária, segundo o mentor de carreiras Elias Gomes.
“Isso pode ser interpretado como um sinal claro para que o mercado de trabalho repense suas práticas de contratação e reconheça o potencial e a experiência que os profissionais mais experientes podem trazer”.
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Francisco Carlos Ribeiro, de 67 anos, voltou para sala de aula e está atualmente fazendo um curso de operador de computador, na área de Tecnologia de Informação (TI).
O objetivo, segundo ele, é buscar novas oportunidades de trabalho. Ele disse que fará outros cursos depois de finalizar esse.
“Morava no Rio de Janeiro, e desde lá, há muito tempo, não fazia nenhum tipo de qualificação. Surgiu essa oportunidade e é muito importante aprender coisas novas”, contou.
Mudança de carreira
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Lourdes Ferolla, de 66 anos, voltou a estudar, se qualificando após mudança de carreira.
Ela era empreendedora em Vitória e contou que no meio da pandemia foi para Santa Teresa, na região Serrana do Estado, onde começou a trabalhar com a área de hospedagem e está buscando se preparar cada vez mais.
“Tenho feito vários cursos e atualmente o de Atrativos e Negócios Turísticos, no Senac. É uma troca de experiência, pois as turmas mesclam bastante com jovens, e para nós é uma forma de nos manter ativos também”, contou.
Está no mestrado
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José Francisco de Moura, de 69 anos, voltou a mergulhar nos estudos. Ele chegou a ficar 17 anos sem concluir o ensino médio. Mais recentemente, se tornou Mestre em Ciências Teológicas e está no Mestrado em Oratória.
Além disso, ele também está fazendo outros cursos on-line, inclusive de línguas estrangeiras. “Depois de tanto tempo, voltei com força, me empolguei. É sempre importante estarmos atualizados e estudando, e vou até me tornar poliglota”, disse, aos risos.
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