Golpe do falso advogado: criminosos usam acesso a processo para fazer vítimas
Utilizando o nome do profissional, criminosos enviam a clientes pelo WhatsApp o verdadeiro documento enviado à Justiça no formato PDF

Bandidos que praticam o golpe do falso advogado têm buscado ficar a cada dia mais convincentes. Eles entram em contato com os clientes dos profissionais, por mensagem no celular, informando um suposto ganho de causa, e que há dinheiro a receber, mas pedindo valores iniciais para liberar a quantia.
Agora, eles têm enviado documentos originais aos clientes para tentar convencê-los a fazer o pagamento. Foi o que aconteceu com um jornalista de 44 anos, que recebeu pelo WhatsApp mensagem com o documento original de ação judicial, anexo no formato PDF.
“Eu havia ingressado com a ação a partir do advogado, mas jamais havia visto esse processo, até pela rotina corrida mesmo”, contou o cliente, que, ao perceber a fraude, respondeu pedindo o envio de “dinheiro vivo em caixas” e acabou bloqueado pelo golpista.
Esse tipo de fraude é apurada em todo o Brasil e, segundo a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), Erica Neves, envolve o uso de robôs de Inteligência Artificial (IA), que capturam dados de milhares de processos por hora.
“Os golpistas usam robôs que obtém, em uma hora, 4 mil processos. Com esses dados, eles se passam por advogados e até por promotores, e convencem as pessoas a pagar alguma taxa mediante a apresentação das informações do processo”, afirmou.
Segundo Erica Neves, o Conselho Federal da OAB já peticionou para que a Agência Nacional das Telecomunicações (Anatel) disponibilize as localizações dos números dos golpistas, para que as investigações sejam mais ágeis.
Processos judiciais eletrônicos (PJe), encontrados no site do Tribunal de Justiça de cada estado, são públicos e abertos, com exceção de processos que envolvem casos de sigilo, diz a presidente.
“Qualquer pessoa pode acessá-los completamente. E, ainda que os golpistas não consigam acessar o documento completo, ele baixa uma petição de cada um, onde é possível encontrar os dados da parte envolvida. E, com essas informações, a vítima é convencida”.
A dupla validação para acesso é uma medida possível para combater o golpe, diz Erica. “A Ordem já fez requisição no CNJ para que os PJes concedam acesso por meio de dupla validação. O advogado conseguirá acessar os processos públicos, mas será identificado”.
Entenda
Casos são investigados em todo o País
O que é o golpe?
Os criminosos, se passando por advogados e promotores, solicitam depósitos ou transferências sob pretextos falsos.
Eles têm acesso aos dados dos processos, que são públicos, e ficam no site dos tribunais de justiça.
Segundo a presidente da Seccional do Espírito Santo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), Erica Neves, golpistas utilizam de robôs para reunir os dados de processos nos sistemas dos tribunais. “Em uma hora, um robô consegue reunir informações de 4 mil processos” relatou a presidente.
De posse do telefone das vítimas, enviam uma mensagem com um resumo da tramitação do processo. Em seguida, informam que a vítima ganhou a causa na justiça.
Os golpistas dizem que, no entanto, para receber o valor, é preciso informar dados pessoais e bancários, ou pagar uma quantia. Eles acabam pegando empréstimos em nome da vítima.
Dupla camada de verificação
A Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES) enviou ofício ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que o sistema digital da Justiça capixaba passe a ter duas etapas de verificação para impedir acessos indevidos e garantir mais proteção aos dados de processos.
A Ordem solicita a implementação imediata do Múltiplo Fator de Autenticação (MFA) no sistema do Processo Judicial Eletrônico (PJe). A exigência de duas etapas para permitir um acesso, como senha e código de autenticação, vai reforçar, segundo a OAB-ES, a segurança contra fraudes.
O TJES informou que “já está realizando estudos técnicos de viabilidade da integração do duplo fator de autenticação, inclusive para consultas públicas”.
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