14 mil do ES podem levar calote com veto a venda de banco
Veto à compra pelo BRB mantém a crise na instituição, que tem títulos financeiros com ao menos 700 mil investidores no País

O veto à venda do Banco Master ao Banco de Brasília (BRB) pelo Banco Central coloca em risco o dinheiro de pelo menos 14 mil investidores no Espírito Santo.
A estimativa é do economista Marcelo Loyola Fraga e do líder do Comitê de Conteúdo Qualificado de Economia e Finanças do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Estado (Ibef-ES), Sávio Bertochi Caçador, com base em dados do número de clientes do Banco Master que investem em Certificados de Depósito Bancário (CDBs) no País.
O risco existe porque, com o veto, o Banco Master corre o risco – ainda que não iminente – de ser liquidado, ou seja, quebrar. Caso isso ocorra, os maiores prejudicados com uma eventual falência do Banco Master seriam o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e grandes investidores de CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) do banco.
“Nem todos os clientes correm risco imediato, porque grande parte deles seria protegida pelo FGC, em caso de falência”, explica Fraga.
O FGC é uma entidade privada que funciona como um “seguro” para os investidores de títulos bancários. Ele garante a devolução de valores aplicados em bancos e instituições financeiras em caso de falência ou intervenção, até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição. Essa cobertura vale para produtos como poupança, CDB, LCI, LCA, entre outros.
Mesmo assim, o FGC não tem prazo fixo, e, como explica Caçador, os valores, mesmo cobertos pelo Fundo, podem demorar para serem resgatados, já que cada caso é analisado individualmente. “Para quem precisa de liquidez imediata, pode ser um problema. Pode demorar meses”, afirma Caçador.
Para quem investiu mais, a situação, segundo o gerente de análise de instituições financeiras da Austin Rating, Luis Santacreu, é mais complicada. “O BC avaliaria os ativos do Master e eles poderiam ser utilizados para pagar esses grandes investidores, mas esse processo levaria muito mais tempo do que o apoio do FGC”.
Os especialistas divergem quanto à melhor forma de agir neste momento. Enquanto há quem acredite que se desfazer do título, mesmo com prejuízo, pode ser a melhor saída para evitar perdas maiores, há quem aposte em esperar para ver e contar com a ajuda do Fundo Garantidor de Créditos (o famoso FGC).
O Banco Central e o Banco Master foram procurados, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição.
Dez dias para recorrer da decisão
O Banco Master e o Banco de Brasília (BRB) têm 10 dias para apresentar um pedido de reconsideração ao Banco Central (BC) da decisão que indeferiu a venda de parte do Master para o banco distrital. O prazo começa a contar a partir da vista da íntegra da decisão do regulador pelas duas partes.
Caso alguma das partes decida fazer o pedido, ele seria enviado para a diretoria colegiada do Banco Central. Ou seja, o mesmo órgão que indeferiu o pedido inicialmente.
O anúncio da transação foi feito pelos dois bancos no dia 28 de março. O BRB faria a aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Master. Desde então, o “perímetro” da operação, considerando o que seria comprado, foi sendo reduzido. Mesmo assim, o regulador decidiu indeferir o pedido.
Entenda o caso
Buscar novo comprador por ser a saída
Tentativa fracassou
A tentativa do Banco de Brasília (BRB) de comprar o Banco Master se tornou uma das operações mais polêmicas do setor financeiro neste ano. Após quase seis meses de negociações, o processo parece ter chegado ao fim com o veto do Banco Central, anunciado na quinta-feira (04).
Ao longo dos últimos meses, porém, a proposta enfrentou vários entraves técnicos e institucionais, até ser definitivamente rejeitada pelo Banco Central.
Os dois bancos ainda têm um prazo de dez dias para apresentar um pedido de reconsideração da decisão que vetou a compra.
Especialistas avaliam que o BRB, depois que souber as razões que levaram o BC a vetar o negócio, poderia refazer sua oferta, mas de qualquer forma as negociações começariam do zero. Mesmo assim, a avaliação é que após a negativa do BC, fique mais difícil que um banco público compre um banco privado.
Dois caminhos
No mercado financeiro, analistas avaliam que há dois caminhos para o banco Master após a negativa do Banco Central para que a instituição fosse vendida ao BRB.
O primeiro, e mais radical, seria a intervenção ou liquidação do banco, que vem enfrentando problemas de liquidez para honrar seus compromissos, o que na avaliação dos técnicos do BC poderia representar um risco ao sistema financeiro.
O segundo caminho seria buscar no mercado um novo interessado para a venda, ou o próprio BRB refazer sua proposta de compra.
Fundo Garantidor de Crédito
Em caso de liquidação do banco, os principais perdedores seriam o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e grandes investidores de CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) do banco.
O FGC é uma entidade privada que funciona como um “seguro” para os investidores de títulos bancários. Ele garante a devolução de valores aplicados em bancos e instituições financeiras em caso de falência ou intervenção, até o limite de R$ 250 mil por CPF e por instituição. Essa cobertura vale para produtos como poupança, CDB, LCI, LCA, entre outros.
Mesmo assim, o FGC não tem prazo fixo. Os valores, mesmo cobertos pelo Fundo, podem demorar para serem resgatados. Isso porque caso é analisado individualmente e a média histórica do intervalo entre decretação da liquidação e pagamento do FGC é de três meses, o que não impede de, neste caso específico, demorar ainda mais tempo.
Para quem precisa de liquidez imediata, pode ser um problema.
Fontes: Especialistas consultados na reportagem, Jornal O Globo, G1 e Valor Econômico.
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