Falta de asfalto abre espaço para estradas de concreto
Alerta é do governo e novo modelo, que usa cimento, ganha força com anúncio de R$ 1,7 bilhão para obras rodoviárias
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O alerta levantado no Ministério dos Transportes na semana passada, de que pode faltar asfalto, deve favorecer o estímulo à adoção do concreto em pavimentação de rodovias, um modelo que, por enquanto, tem baixa adesão no Brasil.
O governo federal tem estudos para analisar a viabilidade da adoção, e o setor afirma que tem condição de suprir a necessidade.
“A indústria de cimento tem total capacidade para atender às demandas do produto. Além de vantagens ligadas à sustentabilidade ambiental, o pavimento de concreto tem custo e durabilidade significativamente melhores do que o asfalto”, afirma Paulo Camillo Penna, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), que reúne grandes nomes do setor responsável pela fabricação de cimento.
Em reunião com o ministro Renan Filho, foi levada a preocupação com o mercado de distribuição do asfalto depois do anúncio de um investimento de R$ 1,7 bilhão feito pelo governo Lula para obras rodoviárias no plano dos primeiros cem dias da gestão.
Penna afirma que o setor tem diálogo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e com departamentos de estradas (DERs) de diversos estados. Diz também que pretende levar o assunto para ser discutido com o Ministério da Indústria.
Segundo ele, os estudos apontam vantagens na redução de ilhas de calor, no reflexo de iluminação, na segurança da frenagem e no desgaste de pneus.
“O pavimento rígido (concreto) vem sendo adotado de maneira crescente, não só em rodovias mas também em vias urbanas em todo o País”, diz Penna.
No mercado de asfalto, as empresas também manifestam intenção de se preparar para suprir o fornecimento com ajuda de importação, mas ressalvam que é preciso ter uma projeção mais detalhada do volume necessário.
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A Abimpa (associação de importadores do insumo) afirma que a Guerra da Ucrânia encareceu o frete, inviabilizando o fluxo de importação da Rússia, mas há esforços para abrir outros canais.
A pasta afirma que também trabalha junto ao Itamaraty para tentar reativar parcerias com fornecedores, como a Venezuela e outros países produtores de petróleo para expandir a oferta no Brasil.
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