eVtols: Veículo voador deve chegar em 2027 às cidades brasileiras
Modelo desenvolvido por empresa brasileira entra em testes já em 2026, e a previsão é que no ano seguinte ele já esteja nos ares no Brasil
Revolução da mobilidade urbana, os veículos voadores urbanos devem começar a ganhar os ares das principais cidades do mundo a partir de 2027 — inclusive no Brasil.
São os chamados Veículos Elétricos de Decolagem e Pouso Vertical (eVTOL, na sigla para Electric Vertical Takeoff and Landing, em Inglês), que tem o conceito de carro, e não de aeronaves, justamente por ter o transporte urbano por pequenos percursos como meta.
A Eve Air Mobility, subsidiária da brasileira Embraer, está em estágio avançado de desenvolvimento de um veículo do tipo e promete iniciar testes em 2026. O modelo, que ainda não tem nome oficial, terá espaço para quatro passageiros e um piloto.
Mas, no futuro, esse “condutor” pode não ser mais necessário, segundo o professor da Ufes Alberto Ferreira de Souza, diretamente envolvido no projeto.
Ele desenvolve o mecanismo de automação do eVTOL por meio da empresa capixaba Motora.AI e conta que o veículo urbano será capaz de percorrer distâncias de cerca de 40 a 400 quilômetros de forma autônoma, com rota pré-definida, mas tem um piloto no protótipo inicial, por segurança.
O objetivo é que o eVTOL seja utilizado para deslocamentos dentro de uma mesma cidade ou entre regiões próximas. “Acho que ele deve estar rodando em São Paulo em 2027. Ainda vai ser caro, mas em 5 anos vai ser viável ter em lugares como Vitória, com rotas estabelecidas, como de Vitória para Guarapari e Linhares, por exemplo.”
O veículo urbano se diferencia de um helicóptero ou avião por ter a mobilidade facilitada.
Além de ser totalmente elétrico, ele consegue subir e descer em posição totalmente vertical, com estabilidade, parecido com os drones utilizados para filmagens ou recreação.
A Govy, subsidiária da chinesa GAC, também está desenvolvendo um eVTOL, que pode começar a circular em grandes centros da China já em 2026, como contou um representante da marca durante o Salão do Automóvel 2025.
Com dois lugares, o veículo será 100% elétrico e autônomo e está sendo projetado para ser utilizado por empresas de mobilidade por aplicativo — como 99 e DiDi.
O veículo urbano, chamado de drone pela marca, já possui unidades vendidas e custa 1,7 milhão de yuans, o equivalente a R$ 13 milhões.
Antes de ser entregue aos compradores, a marca aguarda a homologação do produto por autoridades chinesas.
Alguns modelos
- EVE
Empresa: Embraer/Eve Air Mobility
Descrição: desenvolvido pela Eve, subsidiária da Embraer, o eVTOL é um veículo para um piloto e quatro passageiros. Possui alcance de 100 km e oito motores elétricos elevadores (lifters) nas asas. Deve ser produzido em Taubaté (SP). Tem forte foco em integração com tecnologias de mobilidade para tráfego urbano. Já tem 3 mil unidades vendidas.
- Ave Technology
Descrição: a empresa brasileira desenvolve um eVTOL tripulado, ainda sem nome, com proposta de propulsão a hidrogênio verde e aplicações múltiplas (agro, logística, resgate). Realizou primeiros voos demonstrativos no Brasil em 2025.
- Alef
Empresa: Alef Aeronautics, dos Estados Unidos
Descrição: é um híbrido, que combina automóvel e eVTOL. O veículo é elétrico, projetado para operar em ruas e verticalmente. A empresa afirma ter certificado especial e pré-vendas, com produção prevista para 2026.
- Joby Aviation
Descrição: eVTOL tipo “air taxi”, ou seja, para mobilidade urbana de serviço. Possui cinco lugares. Passou por intenso programa de testes em 2025, avançando para certificação FAA e demonstrando operações internacionais. Já tem parcerias comerciais e demonstrações no Japão e Reino Unido.
- Midnight
Empresa: Archer Aviation, dos Estados Unidos
Descrição: o eVTOL tem parcerias e processos de certificação em andamento. Notícias recentes falam sobre financiamentos, parcerias e aquisições de patentes no setor.
- VoloCity
Empresa: Volocopter, da Alemanha
Descrição: pioneira em eVTOL multicóptero — ou seja, com várias hélices — para táxi aéreo urbano, a empresa possui foco atual na certificação internacional do VoloCity e programas-piloto na Europa, além de parcerias para infraestrutura — os chamados vertiports.
- Valo
Empresa: Vertical Aerospace, do Reino Unido
Descrição: novo eVTOL apresentado em 2025, o projeto possui como proposta uma velocidade ambiciosa, de até 150 milhas por hora e meta de certificação por volta de 2028. Em desenvolvimento, há parceria com operadores para rede de rotas urbanas e regionais.
- EH216
Empresa: EHang, da China
Descrição: fabricante de eVTOL não tripulados, a chinesa tem como foco soluções urbanas/autônomas e demonstrações em vários mercados, como o Oriente Médio. Opera com forte ênfase em autonomia, ou seja, sem a necessidade de piloto.
- Projeto “Cora”
Empresa: Wisk Aero, dos Estados Unidos
Descrição: eVTOL autônomo com foco em aeronave autônoma de quatro lugares. Tem parceria e sinergias com a Boeing, empresa que produz aviões comerciais.
- Jaunt Journey
Empresa: Jaunt Air Mobility, dos Estados Unidos
Descrição: foco em cargas e passageiros, com versões tripuladas e não tripuladas para aplicações regionais e urbanas.
Fontes: MundoGEO, evtol.news, CNN e empresas citadas
Projeto recebe R$ 200 milhões
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou no início do mês financiamento no valor de R$ 200 milhões para apoiar a Eve Air Mobility, subsidiária da Embraer, para o desenvolvimento do projeto de veículo urbano para o mercado de Mobilidade Aérea Urbana (UAM).
O recurso será utilizado na fase de integração e funcionamento dos motores elétricos da primeira aeronave de certificação da empresa, segundo o banco público.
O dinheiro vem de dois fundos, um deles focados em financiar projetos envolvidos na solução de problemas gerados pelas mudanças climáticas.
A Eve deverá também preparar o veículo para a campanha de testes para obtenção do certificado de tipo dado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
"Quando olhamos o filme do eVTOL voando sobre São Paulo, é impossível como brasileiro não parar e pensar: nós no Brasil estamos construindo uma coisa revolucionária. O país consegue competir de igual para igual em alta tecnologia nesse campo”, disse o diretor Financeiro e de Mercado de Capitais do BNDES, Alexandre Abreu.
Esse, no entanto, não é o primeiro aporte do banco para a subsidiária da Embraer. Desde 2022, o BNDES já aprovou
R$ 1,2 bilhão em crédito para apoiar a Eve em diferentes fases do desenvolvimento do eVTOL, incluindo a construção da fábrica em Taubaté, em São Paulo.
Em agosto deste ano, o banco também anunciou R$ 405,3 milhões em investimento direto na Eve, na estratégia de retomada da atuação do braço de investimentos do BNDES — o BNDESPAR — em renda variável.
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