Encontro do ES em Ação: desafio com “apagão” de mão de obra
Empresários veem ainda a invasão de aço importado no Brasil entre as barreiras para a economia do Espírito Santo no ano que vem
A invasão de aço chinês no Brasil e a escassez de mão de obra na indústria e no comércio são desafios que precisam ser enfrentados em 2026 para estimular os negócios. Foi o que afirmou o presidente do ES em Ação, Fernando Saliba, durante encontro com lideranças empresariais ontem, no hotel Comfort Suites Vitória, na Praia do Canto.
O problema da importação de aço foi abordado pelo presidente da ArcelorMittal Brasil, Jorge Oliveira, durante painel que discutiu o cenário político nacional e internacional. Segundo Oliveira, a multinacional tem o Brasil como foco dos investimentos, mas aguarda uma solução para a competitividade do aço.
“Acabamos de completar um ciclo grande de investimentos e pretendemos continuar investindo no Brasil. Mas precisamos corrigir essa situação, que é predatória para a crescer a indústria com o aço produzido no País”, disse Oliveira.
Saliba afirmou que o crescimento do mercado nacional deve ser um dos motores para estimular o mercado do aço nacional. “Com o avanço da economia, a gente diminui a interferência de assuntos externos no Espírito Santo e também no Brasil”, ressalta.
Para que os negócios avancem, no entanto, é necessário solucionar um problema recorrente nas empresas, que é a falta de pessoas disponíveis para trabalhar.
O Espírito Santo em Ação, segundo Saliba, está trabalhando para identificar as pessoas que estão disponíveis no mercado de trabalho e que não estão qualificadas, e as demandas das empresas.
“(Queremos) fazer uma conexão com as instituições de ensino, de forma que a gente possa associar pessoas às empresas, melhorando a qualidade de vida da sociedade e do trabalhador”, conta.
Entre os setores mais impactados, está o turismo, que possui uma cadeia ampla que envolve bares, restaurantes, hotéis, padarias e outros tipos de negócios que estão no centro da dificuldade de contratação de mão de obra.
“Ele (inclusive) está ligado à questão da tributação, pois a reforma tributária acontece no local de consumo. Isso tudo fecha um leque importante para que a gente possa ter a locação da mão de obra, crescimento econômico e desenvolvimento do Estado”, disse.
EUA e Brasil estão em diálogo
Embora a equipe do presidente dos EUA, Donald Trump, seja “dura”, segundo o próprio presidente da ArcelorMittal Brasil, Jorge Oliveira, o diálogo entre o governo americano e o Brasil está acontecendo.
Oliveira se encontrou com o presidente Lula para discutir a situação do aço brasileiro e cobrar uma solução para a invasão de aço chinês no mercado nacional, situação que vem prejudicando a penetração da multinacional nas indústrias locais.
O presidente da empresa chegou a citar a fábrica da chinesa BYD, em Camaçari, na Bahia, relatando a importação de profissionais e de aço para a produção dos carros. Segundo Oliveira, o investimento está trazendo benefícios mínimos para a região. “Não somos contra a BYD no Brasil, mas que compre aço brasileiro”, afirma.
Professor de Relações Internacionais da ESPM, Gunther Rudzit apontou, durante o evento, uma política agressiva do governo chinês e defendeu ações do governo americano para frear a expansão da influência do país asiático.
“O Espírito Santo tem grande parte do PIB voltado à economia internacional. É preciso que fiquem atentos a essa questão”, alertou à plateia de empresários.
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